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Em discurso, Trump defende sistema migratório baseado no mérito

O presidente dos EUA preferiu ressaltar a experiência de outros países, como o Canadá e a Austrália

01/03/2017 09:35

Em seu aguardado primeiro discurso ao Congresso, o presidente Donald Trump defendeu, nesta terça-feira (28), uma reforma de imigração "verdadeira e positiva", que esteja baseada no "mérito". Horas antes, ele havia anunciado a jornalistas estar disposto a legalizar a situação de milhões de imigrantes irregulares que não cometeram crimes graves - o que seria uma mudança radical na forma como Trump vinha tratando o tema desde o início de seu governo.

O presidente, contudo, não falou no discurso sobre a proposta de conceder aos imigrantes em situação irregular um status que os permita trabalhar e pagar impostos sem o temor de serem deportados -que não incluiria a cidadania americana.

Com a proposta, milhões de imigrantes seriam beneficiados. Dos 11 milhões de estrangeiros irregulares nos EUA, estima-se que apenas 820 mil foram condenados por algum crime. E, dentro dessa fatia, só cerca de 300 mil cometeram algum crime grave, como homicídio ou estupro.

No discurso, porém, o presidente preferiu ressaltar a experiência de outros países, como o Canadá e a Austrália, que se baseiam, segundo ele, num sistema de imigração por mérito. "A mudança deste sistema atual de imigração menos qualificada para um sistema baseado no mérito terá muitos benefícios: economizará muitos dólares, aumentará os salários dos trabalhadores e ajudará as famílias em dificuldade -incluindo as famílias de imigrantes- a entrar para a classe média", disse Trump.

Ele ainda afirmou ser preciso cumprir as leis de imigração para "aumentar os salários, ajudar os desempregados, economizar bilhões de dólares e tornar as comunidades mais seguras". "Queremos que todos os americanos prosperem, mas isso não acontecerá num ambiente de caos sem lei", disse, reafirmando sua proposta de construir um muro na fronteira.

Na última semana, novas regras do Departamento de Segurança Doméstica colocaram como prioridade de deportação imigrantes ilegais que tenham cometido qualquer tipo de crime.

Em entrevista à Fox News na manhã desta terça (leia mais abaixo), Trump disse que seu foco seria pegar "os [imigrantes] maus, as pessoas más, as gangues, os traficantes, em alguns casos assassinos". "Eu sou muito mais duro em relação aos caras maus", disse, afirmando que o ex-presidente Barack Obama "era muito menos preocupado com isso".

No Congresso, Trump já enfrenta resistência à proposta de orçamento apresentada na segunda (27), às vésperas de sua fala no Capitólio, e que precisa de aval parlamentar.

Orçamento

A ideia de Trump de aumentar em US$ 54 bilhões os gastos militares às custas de cortes em órgãos como o Departamento de Estado foi questionada inclusive por parlamentares republicanos.

Segundo a imprensa americana, Trump pretende reduzir 37% do orçamento do Departamento de Estado e da Usaid (agência para o desenvolvimento internacional), hoje em cerca de US$ 50 bilhões. Segundo o site Politico, está previsto ainda um corte de cerca de 25% no orçamento da Agência de Proteção Ambiental.

O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, já disse que a Casa "provavelmente" não aceitará um corte tão dramático no Departamento de Estado. "Para mim, a porção da diplomacia no orçamento é muito importante, e você tem resultados, frequentemente, de uma forma muito mais barata do que pelo lado da defesa", afirmou.

A proposta de aumentar o orçamento do Pentágono em detrimento do Departamento de Estado recebeu críticas de mais de 120 generais reformados, que enviaram uma carta ao Congresso. "Sabemos, a partir da experiência em campo, que muitas das crises que a nação enfrenta não têm solução apenas militar", dizem os signatários, entre eles o ex-diretor da CIA David Petraeus, o ex-enviado para a coalizão anti-Estado Islâmico John Allen e o ex-chefe das Forças Armadas George Casey.

Para o líder da maioria republicana na Câmara, Paul Ryan, o problema do orçamento de Trump é poupar programas como o Medicare (programa público de saúde a maiores de 65 anos) e a Seguridade Social dos cortes.

Fonte: Folhapress
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