O vereador Edilberto Borges Dudu (PT) está divulgando, via redes sociais e por meio do whatsapp, um vídeo em que acusa a médica Adriana Sousa, líder dos movimentos "Vem pra Rua" e "Aliança Médica", de estar planejando "ofensivas" contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve visitar cidades do Piauí no início de setembro.

Dudu afirma que os movimentos de "extrema direita" no estado, supostamente liderados pela médica Adriana, teriam a intenção de intimidar Lula e os militantes do PT.

Em determinado momento do vídeo o petista chega a insinuar que os protestos que estão sendo organizados por Adriana podem colocar em risco a integridade física de Lula e dos seus apoiadores.

^{A médica Adriana Sousa (Foto: Arquivo pessoal)}

"A doutora Adriana tem que ter cuidado com suas ações, porque ela vai ser responsabilizada. Nós vamos também acionar os aparelhos de segurança do estado, a Polícia Federal e o Ministério Público, para que ele possa também estar de olho", adverte o vereador. 

Em entrevista ao portal O DIA, Adriana disse que o petista foi "muito infeliz" em suas declarações, e avisou que vai registrar um boletim de ocorrência contra o parlamentar de Teresina, pois se sentiu ameaçada com as afirmações feitas por ele.

"Eu já estou com meu advogado e vou registrar um BO contra o vídeo feito pelo vereador Dudu, onde claramente ele me ameaça, mandando eu tomar cuidado. Que eu saiba, o Ministério Público e a Justiça Federal protegem as pessoas de bandidos e não os bandidos das pessoas", rebateu Adriana Sousa, que ganhou notoriedade no Piauí em 2015, quando se destacou como uma das principais líderes do movimento "Vem pra Rua", responsável por organizar os maiores atos realizados no estado em apoio ao impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).

Adriana afirma que Dudu agiu de forma arrogante no vídeo, ao "debochar" da sua derrota nas eleições municipais de 2016. 

A médica chegou a cogitar ser candidata a prefeita de Teresina, mas acabou disputando apenas uma vaga na Câmara Municipal, pelo PPS. Ela recebeu 508 votos e não conseguiu se eleger. 

"Ele mostra o quanto é arrogante já no início do vídeo, quando debocha do meu desempenho nas eleições do ano passado, como se eu precisasse de um cargo eletivo para poder me manifestar politicamente. Eu não preciso", destacou Adriana, acrescentando que sempre organizou protestos pacíficos.

A médica argumenta, ainda, que os militantes petistas é que costumam ser bastante hostis com as pessoas que divergem dos seus posicionamentos.

"A partir de hoje, caso aconteça qualquer coisa comigo, o vereador Dudu deverá ser responsabilizado, porque está claro no vídeo que ele faz ameaças direcionadas à minha pessoa", concluiu a médica.

O vereador petista respondeu afirmando que não é contra a realização de protestos, mas entende que as incitações de ódio devem ser combatidas.

"Você fazer protesto e expor seus pensamentos é normal na democracia. Agora, num momento de intolerância que a gente vê no mundo todo, nós não podemos aceitar provocações rasteiras. Não podemos ficar de braços cruzados diante de pessoas de baixo nível, que apelam para ofensas pessoais e que não têm condições de fazer um debate político", declarou Dudu.

Caravana a um ano das eleições

Em meados de agosto Lula iniciou uma caravana pelo Nordeste, com a previsão de visitar cerca de 25 municípios dos nove estados da região.

Desde então, muitos adversários do ex-presidente estão acusando o petista e seus apoiadores de estarem realizando uma campanha eleitoral antecipada, mais de um ano antes do pleito de 2018, quando os brasileiros vão às urnas escolher o sucessor de Michel Temer (PMDB), bem como senadores, deputados federais, governadores e deputados estaduais.

Reportagem da Folha de São Paulo divulgada neste sábado (26) aponta que Lula está recebendo tratamento de chefe de Estado nas cidades nordestinas por onde tem passado.

Em Aracaju (SE), por exemplo, a comitiva de Lula foi escoltada por seis carros de Polícia. E o hotel onde ele ficou hospedado também contou com um plantão policial à porta, para reforçar a segurança.

O prefeito da capital sergipana é Edvaldo Nogueira, do PCdoB, partido que foi um dos principais aliados do PT desde o primeiro mandato de Lula.

Por: Cícero Portela