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Diplomata que ajudou senador boliviano vira chefe de gabinete de Aloysio Nunes

Em 2013, Eduardo Saboia organizou a operação que trouxe Roger Pinto Molina ao Brasil, sem autorização dos governos Dilma e Morales; diplomata já havia sido promovido por Temer.

21/03/2017 11:38


O diplomata Eduardo Saboia, em imagem de 2013 (Foto: Reprodução/TV Globo)

O diplomata Eduardo Paes Saboia, que ajudou, em 2013, o senador boliviano Roger Pinto Molina a fugir para o Brasil, foi nomeado chefe de gabinete do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes. A nomeação foi publicada na edição desta terça-feira (21) do "Diário Oficial da União".

No final do ano passado, Saboia já havia sido promovido pelo presidente Michel Temer ao posto mais alto da carreira diplomática, chamado de ministro de Primeira Classe. O posto tem status de embaixador dentro da carreira diplomática.

Os ministros de Primeira Classe, em regra, ocupam cargos de chefia dentro da estrutura do Ministério das Relações Exteriores, como secretário-geral ou subsecretários, ou o comando de postos no exterior, como embaixadas e consulados.

Relembre o caso

O incidente diplomático protagonizado por Saboia em 2013 resultou na demissão do então ministro Antonio Patriota. À época, Eduardo Paes Saboia era o encarregado de negócios da embaixada do Brasil em La Paz, mas substituía o embaixador Marcelo Biato, que estava de férias.

Condenado por corrupção e acusado por diversos crimes na Bolívia, o então senador Roger Pinto Molina – opositor do governo Evo Morales – recebeu asilo político do governo brasileiro em 2012, mas permaneceu na embaixada em La Paz durante 15 meses com receio de ser preso se deixasse o local.

Ele alegava estar sendo perseguido politicamente por ter feito denúncias de corrupção contra o governo de Evo Morales.

Molina foi trazido para o Brasil em um carro oficial da embaixada sem autorização dos governos boliviano e brasileiro. Ele viajou 22 horas de La Paz a Corumbá (MS), onde pegou um jatinho junto com o senador brasileiro Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e desembarcou em Brasília.

Na ocasião, o diplomata brasileiro promovido nesta sexta-feira por Temer alegou que organizou a viagem do parlamentar da Bolívia para o Brasil porque "havia o risco iminente à vida e à dignidade do senador".

Ao chegar ao Brasil, o opositor do governo Evo Morales solicitou ao Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, o status de refugiado político.

Punição

Por conta da repercussão do caso, Eduardo Saboia foi removido da embaixada do Brasil em La Paz dias depois do senador boliviano ingressar no território brasileiro. Ele foi transferido para a Secretaria de Estado do Itamaraty, que tem sede em Brasília.

À época, além de demitir Antonio Patriota, a então presidente Dilma Rousseff também decidiu trocar o embaixador brasileiro na Bolívia.

Saboia foi investigado por uma comissão de sindicância do Itamaraty em razão de ter auxiliado na fuga do parlamentar da Bolívia. Em 2015, a comissão disciplinar decidiu puni-lo com 20 dias de suspensão por conta do episódio.

Em contrapartida, Saboia foi nomeado para atuar como assistente parlamentar da Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida à época por Aloysio Nunes.

Fonte: G1
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