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Delator diz que Odebrecht deu R$ 500 mil em reforma de sítio usado por Lula

Sítio era frequentado pela família de Lula; ex-presidente é investigado na Justiça Federal do Paraná devido à suspeita de tentativa de ocultar que petista é verdadeiro proprietário do sítio.

19/04/2017 13:46

O responsável pela obra do sítio de Atibaia (SP) frequentado pela família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o engenheiro civil Emyr Costa relatou à Procuradoria Geral da República (PGR) que comprou um cofre para guardar R$ 500 mil repassados, em espécie, pela Odebrecht para executar a reforma da propriedade (veja no vídeo acima a partir do minuto 12).

O Instituto Lula afirmou que "o sítio não é de propriedade do ex-presidente". "Seus donos já provaram tanto a propriedade quanto a origem lícita dos recursos que utilizaram na compra do sítio", diz a nota.

Segundo Costa – que atuava como engenheiro da Odebrecht Ambiental –, ele usou o dinheiro para pagar, semanalmente, a equipe de engenheiros e operários e os materiais de construção da reforma do sítio.

Emyr Costa contou detalhes da obra em depoimento de delação premiada com o Ministério Público. Ele é um dos 78 executivos e ex-dirigentes da empreiteira que fizeram acordo com a PGR para relatar irregularidades cometidas pela construtora em troca de eventual redução de pena.

“Eu peguei toda informação e mostrei para Carlos Paschoal (executivo da Odebrecht que era responsável pelas operações da empreiteira em São Paulo) e expliquei e disse que era necessário 500 mil [reais]. Ele me autorizou a começar o trabalho e disse que ia entregar o dinheiro através dessa equipe de operações estruturadas. Ele pediu para ligar para a senhora Maria Lúcia Soares. Eu nunca tinha feito uma obra dessa natureza e comprei um cofre. Semanalmente, eu entregava R$ 100 mil . Eu recebi esse dinheiro em espécie”, contou o delator aos procuradores da República.

O sítio está registrado em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios do filho do ex-presidente, Fábio Luis Lula da Silva. No entanto, os investigadores da Lava Jato dizem que há indícios de que a propriedade pertenceria ao ex-presidente da República e de que a escritura apenas oculta o nome do verdadeiro dono. A defesa de Lula nega que ele seja dono do imóvel.

Lula é investigado na Justiça Federal do Paraná devido à suspeita de que houve uma tentativa de maquiar que o petista é o verdadeiro proprietário do sítio. Em janeiro, a Polícia Federal pediu ao Ministério Público Federal para prorrogar o prazo de encerramento do inquérito que investiga o caso.

Dono da Odebrecht, o empresário Emilio Odebrecht afirmou em depoimento, no acordo de delação premiada, que a reforma do sítio de Atibaia custou à construtora cerca de R$ 700 mil.

Emílio afirmou, ainda, que a propriedade sempre foi tratada dentro da empresa como se pertencesse ao ex-presidente da República. Segundo o empresário, foi a ex-primeira-dama Marisa Letícia quem pediu ajuda para concluir as obras, que já estavam em andamento no sítio.

O pedido, relata Emílio, foi feito em 2010, no último ano do segundo mandato de Lula na Presidência da República.

No ano passado, o instituto já havia se pronunciado sobre o sítio, afirmando que o ex-presidente frequenta o local desde que encerrou o mandato (em 2011); que o sítio pertence a "amigos da família"; e que "a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente".

Fonte: G1
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