A vereadora Graça Amorim (PMB) é a nova líder do prefeito Firmino Filho (PSDB) na Câmara Municipal de Teresina. Ao O DIA, ela comentou os motivos que levaram ela de oposicionista do prefeito Firmino, a líder do gestor na Câmara. Segundo Graça Amorim, a posição de líder não vai minimizar sua cobranças ao prefeito e ainda negou que o vereador Edson Melo (PSDB) tivesse tentado atrapalhar sua indicação para liderança. Graça Amorim também explica o que fez sua votação cair de 9.400 votos em 2012 para 4.500 votos em 2016. A parlamentar ainda comentou como vai defender o ponto de vista do prefeito em assuntos polêmicos, como reajuste da passagem de ônibus e outras tarifas.
"Nunca tive uma postura de oposição de achincalhar", garante Graça Amorim (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
A senhora já foi oposicionista severa às gestões tucanas em Teresina. Quais motivos levaram a senhora a aceitar ser líder do prefeito Firmino Filho (PSDB) na Câmara?
Eu não fui oposicionista ferrenha. Na verdade, sou cobradora ferrenhas das ações que devem ser feitas para atender a comunidade. E todos os prefeitos conhecem a minha forma de ser vereadora. Em 2004, fui eleita vereadora junto com o prefeito Silvio Mendes que é tucano. Meu segundo mandato, em 2008, também foi com ele que é tucano. Quando ele saiu, ficou o Elmano que era do meu partido PTB, e lógico que eu ia concorrer as eleições de 2012 com meu partido PTB, como concorri. Fui eleita no palanque de oposição e me mantive até mudar de partido, que hoje eu sou do PMB - Partido da Mulher Brasileira. O prefeito Firmino me convidou pra andar nessas eleições de 2016 com ele, conversamos, ponderamos e caminhamos juntos. Na política tem as horas de estarmos com determinados partidos, mas não que eu vá deixar de fazer as cobranças. Como vereadora continuarei cobrando as ações para as comunidades nas áreas de saúde, educação, infraestrutura, etc.
Vereadora, a senhora exerce agora o quarto mandato parlamentar e agora tem uma missão diferente. A liderança do prefeito na Câmara vai atrapalhar sua independência?
Quando o prefeito Firmino Filho me fez esse convite, eu conversei com ele e ponderei essa questão de eu não ser do PSDB, mas como ele me conhece justificou o convite. Fui eleita na coligação dele e não vi nenhuma estranheza ao receber o convite, porque conheço ele politicamente desde o meu primeiro mandato. Fomos secretários juntos no mandato do Silvio Mendes, ele na Saúde e eu na Assistência Social. As divergências políticas ocorrem no momento da eleição, até porque você tem que seguir a sua coligação. Agora, lhe digo que nunca tive uma postura de oposição de achincalhar, sempre foi cobrando ações para o município de Teresina. Agora, é claro que como líder do prefeito acho que vai é ajudar eu levar as demandas que a comunidade trouxer para o prefeito. Tudo dentro do orçamento, das possibilidades da Prefeitura tentar essas soluções junto com o prefeito. E dizer que Teresina elegeu Firmino para o quarto mandato, tenho certeza que isso só acontece quando se tem trabalho reconhecido. Eu vou continuar fazendo, pedindo, mas aqui na Câmara, como o prefeito me depositou essa confiança, vamos trabalhar no sentido de acompanhar as propostas e os projetos que ele apresentar, votar. Aquilo que for necessário fazer um aditamento, uma emenda, vamos conversar também com a população, e levar também ao prefeito as sugestões. Ser líder não significa dizer que é botar a mão na cabeça, é falar também. E o prefeito amadureceu muito como político, ele reconhece isso.
Comenta-se nos bastidores que o vereador Edson Melo não era favorável ao seu nome e que ele estaria inclusive espalhando boatos para desqualificar sua liderança. Esse fato realmente aconteceu?
Esse fato não aconteceu, digo com toda segurança. No período pós eleições, pelo mês de novembro, começamos a conversar sobre quem seria candidato a presidente da Câmara, principalmente entre os vereadores eleitos pela coligação do Firmino. E o Edson Melo foi um dos incentivadores do prefeito e inclusive sugeriu meu nome. Porquê embora eu tenha sido de oposição uma vez, nunca deixei de fazer a defesa de projetos que vinham inclusive da Prefeitura, quando era questionada a constitucionalidade, a legalidade dos projetos, eu conheço bem o regimento da Casa, a lei orgânica, e sempre pedia a aplicação dentro das normas. Não existe disputa, o povo é que gosta de colocar assim. O que aconteceu é que ainda em novembro, quando fui convidada, ponderei ao prefeito porque eu tenho outras atribuições, eu tenho outro emprego, dou expediente numa empresa. Estou lisonjeada por ser escolhida a líder nesta Casa, sei que é uma tarefa que requer muita dedicação, atenção, estar sempre nas sessões, audiências públicas, pra ouvir o que está sendo debatido e se for possível, levar e pedir a Prefeitura para fazer os encaminhamentos.
Apesar de pequena, a oposição ao prefeito é barulhenta. A senhora acha que terá dificuldades para exercer a função de líder do prefeito, como será o diálogo com os vereadores de oposição?
O diálogo sempre continua
na Câmara. Mesmo com um
grupo de oposição pequeno, a
gente procura dialogar, mostrar
que determinados projetos não
podem gerar despesas ao executivo, temos nossas limitações
como parlamentar. Agora essa
questão de debater e criticar é
natural, quando somos gestores
e pessoas públicas, temos que
saber receber as críticas e o que
for bom aproveitar, aquelas crí-
ticas que não são aproveitáveis
a gente faz ouvido de mercador.
Toda unanimidade é burra, porque quando todo mundo acha
que tá tudo bom, com certeza
não está. Com certeza continuará tendo problemas na área
da educação, saúde, transporte,
do lixo, e críticas acontecem.
Como defender o ponto de
vista do executivo em temas
como o aumento da passagem de ônibus, coleta de lixo,
entre outros?
Nenhum prefeito, nem governador, nenhum gestor fica
satisfeito quando tem a necessidade de aumentar qualquer
tarifa, inclusive a passagem de
ônibus no transporte coletivo.
Acrescento que há mais de três
anos que não há reajuste no
preço da passagem. Enquanto
isso, durante todo esse tempo, se teve reajuste do salário
dos motoristas e cobradores,
reajuste em todos os insumos,
pneus, óleo diesel, e mesmo
assim há três anos não tinha
reajuste no preço da passagem.
Todo mundo sabe que a situação econômica do país não é
boa, inclusive eu não estou defendendo que a passagem deveria aumentar no patamar que
aumentou, contudo, o prefeito
fez uma compensação: não
aumentou a passagem do estudante, porque assim também
ajuda os pais. Agora, quando
a Prefeitura conversa com o
Governo do Estado para encontrarem uma medida de retirar os encargos por exemplo
do óleo diesel para esse tipo de
transporte, não encontra apoio.
E quem paga é o trabalhador. O
reajuste não foi pequeno, mas
quem participou da elaboração da planilha para se chegar a
esse valor? Todos os conselheiros, o Conselho de Transporte
é composto por vários membros da sociedade governamental e não-governamental.
Há nele pessoas que representam os usuários de transporte
coletivo, o transporte eficiente,
o sindicato dos cobradores, dos
motoristas, dos próprios empresários, entre outros. Quando é feito essa planilha é colocada receitas e despesas para
se chegar a esse valor. Lá na
Strans foi aprovado por unanimidade, não houve discordância, nem dos representantes do
usuários de transporte coletivo,
no sentido de que a passagem
ficasse em R$ 3,30 e que do
estudante chegasse a R$ 1,40 e
o prefeito Firmino não autorizou o reajuste da passagem dos
estudantes. Temos vereadores
que entendem que a passagem
está cara, e é verdade, propõem
projetos aqui para colocar em
cheque outros vereadores que
votam contra, querendo colocar mais gratuidades para outras categorias. Essas gratuidades são fictícias. Na prática não
tem gratuidade, a conta vai para
o trabalhador. Se querem fazer
um debate para que se possa se
levar a conclusão de que a passagem tá cara, tem que chamar
todas essas categorias. Tem vereador que chia que está defendendo que o aumento da passagem está cara, mas tudo isso
é levado para a planilha. Falam
que a prefeitura poderia subsidiar, se a Prefeitura tiver esse
dinheiro, pode ter certeza que
ele vai sair da educação, saúde
ou outra área. Esse dinheiro vai
sair do bolso do trabalhador,
não é do prefeito e nem de uma
máquina pra fazer dinheiro.
Por: João Magalhães e Ithyara Borges