No período de campanha
eleitoral é comum candidatos
a vereador prometerem ações
que são da alçada do Poder
executivo e vice e versa, assim
como candidatos a prefeito,
por vezes, acabam apresentando proposta que são competências do Estado e da União.
Nestas eleições em Teresina, o debate sobre o papel da
Guarda Municipal e a competência do Município na segurança pública tomam grandes
proporções. Além disso, candidatos a vereador prometem
a execução de obras, enquanto
outros apostam em propostas
polêmicas.
Cientista político Ricardo Arraes diz que é "comum" o jogo de propostas no período de campanha (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
Ao O DIA, o cientista político e historiador da Universidade Federal do Piauí, professor Ricardo Arraes, avalia
com cautela o fato de candidatos fazerem propostas que
são da competência de cargos
diferentes aos quais concorre. Segundo ele, a leitura não
pode ser levada ao pé da letra
porque há uma flexibilidade e
que um prefeito pode legislar,
assim como em determinados
momentos, um vereador pode
executar.
"Uma das funções do prefeito também é legislativa, ele
pode sugerir leis à Câmara Municipal. É prerrogativa dele encaminhar projetos de lei para
analise dos vereadores. Do
mesmo jeito, os parlamentares
podem assumir função executiva. O presidente da Câmara
governa a Casa, por exemplo",
pontua Arraes, acrescentando
que por algum ou outro momento, os papeis estão próximos e por isso, vemos propostas que podem ser dos dois
poderes.
O cientista político e historiador diz ainda que no caso dos
gestores municipais fazerem
propostas sobre competências
do Estado e da União, é preciso entender que " não se pode
separar esses poderes como se
um não pudesse transbordar
no outro". Ricardo Arraes cita
que um vereador apesar de não
executar uma obra, ele reivindica. Assim como um prefeito
pode reivindicar uma ação do
Estado ou da União.
No entanto, o especialista
reconhece que muitas vezes,
as promessas não passam de
jogo de cena eleitoral. "É comum o candidato joga pra
plateia porque os eleitores
precisam de respostas para as
suas demandas e preocupa-
ções na segurança, habitação,
saúde, saneamento básico. E
os candidatos jogam com a
crença dos eleitores de que vai
resolver e que isso pode angariar apoio politico", conclui
Ricardo Arraes.
Amadeu propõe prestação de serviços municipais,
estaduais e federais em subprefeituras
O candidato à prefeitura
Amadeu Campos (PTB) defende, dentre outras propostas,
a criação de cinco subprefeituras que irão assumir o lugar das
Superintendências de Desenvolvimento Urbano (SDU),
que existe em cada zona de
Teresina. A intenção é que no
local funcionem serviços oferecidos pela prefeitura, governo estadual e governo federal à
população, mas a prestação dos
serviços municipais interligados aos demais órgãos não é de
competência das prefeituras.
De acordo com o jornalista,
o objetivo da proposta é que a
comunidade tenha os serviços
em um local mais próximo de
suas casas, sem ter que se deslocar a grandes distâncias. “A
diferença é que esses serviços
que hoje as SDUs oferecem as
subprefeituras terão um posto
da Secretária de Finanças do
Município e teremos parcerias com os governos do Estado e Federal. Além de terem
representações do Detran,
Eletrobras, da Agespisa para
funcionar como espaço de cidadania”, explicou.
É função do prefeito da cidade organizar e prestar os
serviços públicos mantidos
pela administração municipal
e ao governo do Estado compete a manutenção e prestação
de serviços de órgãos estatais,
como Sefaz e Secretaria de
Segurança, por exemplo, ou
seja, são atribuições especí-
ficas dentro da organização
do Estado. Assim como o governo federal, que tem suas
funções administrativas com
a Eletrobras, por exemplo. A
proposta de interligar todos
estes órgãos em um só local, e
este mantido pela prefeitura,
tem como finalidade, segundo Amadeu Campos, deixar
os serviços mais próximos das
comunidades.
“Já conversei com o Secretário de Segurança e ele já confirmou que terá lá um posto da
Secretaria, já conversei com a
Agespisa que se prontificou
em colocar lá um posto. A Secretaria de finanças que é do
próprio município vai estar lá.
E a Eletrobras é que nós ainda
vamos ter uma conversa com
o Governo Federal porque
ainda está nessa fase de transição”, finalizou o candidato.
Candidato pretende anular título de cidadania
teresinense concedido a Lula e Dilma
Uma proposta de campanha
no mínimo polêmica é apresentada à população pelo candidato Chico Wilson (PSDB),
que exerceu o mandato de
vereador por 16 anos. Ele diz
que se eleito, vai apresentar
resolução pedindo a anulação dos títulos de cidadania
teresinense concedidos aos
ex-presidentes Lula e Dilma
Rousseff, ambos do PT. Para
Chico Wilson, ambos não fazem jus a honraria.
O candidato critica ainda a
distribuição de títulos atualmente. Ele diz que em 16
anos de mandato, concedeu
apenas cinco títulos. “Os títulos da cidadania são muito
importantes, é algo pra emocionar, um tributo a alguém
que de fato fez a diferença
pra cidade”, cita o candidato,
acrescentando que a própria
Aeronáutica já cancelou honrarias concedidas a políticos
que depois tiveram envolvimento comprovado com corrupção.
Para ele, caso eleito, o pedido para anular a concessão
dos títulos de cidadania a
Lula e Dilma é motivado porque ambos governaram o país,
tiveram acesso a um grande
orçamento e não realizaram
grandes obras em Teresina. “A
população precisa entender
que o HUT e a Ponte Estaiada tiveram ajuda dos governos
petistas, mas eles representam
uma piunga do orçamento da
União. Todos sabem que a Suzano não veio pra cá porque
a energia é ruim, sem contar
que eles não fizeram as eclusas
da Boa Esperança, o Porto de
Luís Correia, isso com o orçamento da União em mãos em
um período de franca expansão do Brasil”, protestou Chico Wilson.
O candidato reclamou ainda do fato de Lula, no caso do
título de cidadania piauiense,
ter vindo receber apenas 10
anos depois de ter a honraria
concedida. “Ele só veio porque
estava por baixo. Isso é brincar
com a dignidade, fazer pouco
de uma honraria que significa
muito”, pontuou o parlamentar, afirmando não temer críticas por causa da proposta.
Candidatos querem Guarda Municipal com
papel de segurança ostensiva
Vinculada a Secretaria de
Governo da Prefeitura, a
Guarda Municipal de Teresina foi criada com a função de
resguardar o patrimônio público, como prédios públicos
e instituições, tais como escolas e hospitais municipais.
Mas, dois dos sete candidatos à prefeitura de Teresina
propõem em seus planos de
governo ampliar as atribuições do órgão.
Dr. Pessoa (PSD) defende
que a Guarda Municipal deve
trabalhar com o policiamento ostensivo, com o intuito
de coibir os crimes na Capital. Segundo o médico, o órgão municipal vai trabalhar,
se eleito, em conjunto com
o governo estadual e federal. “Na escola, por exemplo,
têm a criança, o professor,
os pais. Ao mesmo que está
fazendo a segurança do patrimônio, vai fazer a segurança
das pessoas. Do mesmo jeito será nas praças e pontos
de ônibus, que são lugares
vulneráveis, terá a Guarda
Municipal com poder de polícia”, explicou.
Já o candidato do PTB,
Amadeu Campos, pretende
transformar a Guarda Municipal em uma Patrulha Maria
da Penha, acompanhando
as mulheres vítimas de violência. A intenção, segundo
o jornalista, é baseada no
que determina a legislação.
“A lei 13.022, aprovada pelo
Senado, determina todas as
competências, gerais e específicas da Guarda Municipal.
O principal patrimônio que
ela protege é o cidadão, ela
é a segurança preventiva que
a cidade tem que ter”, explicou.
Em Teresina, a Guarda Municipal ainda não foi implantada e, portanto, continua
sendo a única capital do nordeste sem o funcionamento
do órgão. Criada em 2009, na
administração de Silvio Mendes, a Guarda tem, dentre as
funções, o papel de proteger
bens e serviços e instalações
de domínio público do Município de Teresina, inclusive
da Administração Indireta,
sendo mantida pelos recursos oriundos do orçamento
municipal, de acordo com a
lei nº 3.838, publicada em
dezembro de 2008.
Candidato a vereador, James Guerra pretende
levar Strans para a Guarda Municipal
O candidato a vereador delegado James Guerra (PMDB)
pretende acabar com a Superintendência de Transito e
levar sua estrutura de tecnologia e pessoal para a Guarda
Municipal de Teresina. Segundo ele, em vez de ter as duas
instituições, o ideal é que elas
sejam fundidas e a nova Guarda Municipal seja responsável
pela fiscalização do transito e
responsável também pela segurança patrimonial.
“Nas outras cidades, primeiro fizeram uma guarda municipal pensando na segurança e
depois colocaram essa guarda
para cuidar também do transito, nos moldes da Polícia
Rodoviária Federal. Isso é o
que tem que ocorrer aqui em
Teresina. Levar a Strans para a
Guarda Municipal e dotá-los
de estrutura para cuidar da
segurança patrimonial, ajudar
na segurança pública e fiscalizar o transito. Não faz sentido
ter duas instituições cuidando
cada uma de uma coisa”, disse
o candidato a vereador.
Ele citou que muitas vezes
a Strans precisa do auxílio da
Polícia Militar para fazer operações e com a mudança, não
seria preciso a Polícia acompanhar, porque os próprios
guardas tem o direito de andar
armados. James Guerra citou
que isso incidiria em equiparação de salários de guardas
e fiscais da Strans, mas o custo traria um grande benefício
para a segurança da cidade.
Por: João Magalhães e Ithyara Borges