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Bolsonaros tentam indicar Enéas herói da pátria, mas esbarram no PT

Jair Bolsonaro e filho Eduardo apresentaram proposta para incluir dono do bordão "Meu nome é Eneas" em livro de aço dos heróis e heroínas do Brasil.

03/09/2017 16:49

A vontade de ter um herói para chamar de seu virou pano de fundo para disputas na Câmara dos Deputados. No centro do embate está o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, galeria com uma fila de candidatos que vai do médium Chico Xavier aos jogadores da Chapecoense mortos na queda de avião.

O livro, que existe fisicamente e fica no Panteão da Pátria Tancredo Neves, na praça dos Três Poderes, em Brasília, foi estreado em 1992 por Tiradentes, primeiro a ter o nome gravado nas páginas de aço.

O capítulo mais recente da obra é protagonizado pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) e Érika Kokay (PT-DF). O parlamentar apresentou com o pai, o também deputado e pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSC-RJ), proposta para incluir Enéas Carneiro na relação.

Eduardo e Jair Bolsonaro (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agencia Brasil)

A petista se alarmou e brecou a homenagem ao dono do bordão "meu nome é Enéas", que disputou de um jeito que pode ser considerado heroico três eleições presidenciais, fazendo campanha com míseros segundos no horário de TV. Eleito deputado federal em 2002 com recorde de votos na história do país (1,74 milhão), morreu em 2007.

Kokay diz nem questionar a princípio se o fundador do Prona se encaixa na definição prevista em lei para merecer a homenagem –o livro é para "registro perpétuo do nome dos brasileiros e brasileiras ou de grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida à pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo".

Ela até acha que "o senhor Enéas não preenche os requisitos", mas diz que qualquer proposta dos Bolsonaros esbarra "na visão distorcida deles" sobre heroísmo. "É uma proposição feita por quem vangloria torturadores."

Exemplo disso, segundo ela, foi a menção de Bolsonaro pai à memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, símbolo da repressão durante a ditadura militar, ao votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2015.

"O reconhecimento dele [Enéas] é pela intelectualidade", reagiu Bolsonaro filho durante discussão com Kokay, ao ouvir o argumento.

"Não tem nada a ver com ditadura. É uma pessoa que se destacou desde jovem ao se dedicar aos estudos, [teve] uma vida difícil e provou que qualquer brasileiro pode alcançar grandes postos na sociedade."

A deputada pediu vista do projeto, que segue em debate na Comissão de Cultura —o relator, Diego Garcia (PHS-PR), vota pela aprovação, mas outros integrantes, como Jean Wyllys (PSOL-RJ), são contrários.

Na mesma comissão, Bolsonaro pai e filho já defenderam a proposta de tornar heróis pelo menos dois militares mortos em combate com guerrilheiros durante a ditadura.

Ao mesmo tempo, os dois parlamentares fazem pressão contra a inclusão de Carlos Marighella e de Luiz Carlos Prestes na relação de homenageados. Até agora nem o guerrilheiro nem o líder comunista tiveram a candidatura a herói aprovada.

Fonte: Folha de São Paulo
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