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Após 6 anos, Operação Geleira segue sem prisão de acusados

Prefeitos, ex-prefeitos, assessores, advogados e contadores utilizaram um sistema de emissão de notas fiscais frias para desviar recursos

28/01/2017 09:08

Há seis anos, a Polícia Federal deflagrou uma grande operação para desarticular uma organização criminosa envolvendo prefeitos, ex-prefeitos, assessores, advogados e contadores que utilizaram um sistema de emissão de notas fiscais frias para desviar recursos do Sistema Único de Saúde (Sus) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). 

Foto: Assis Fernandes/ODIA

Denominada de Geleira, em alusão às notas fiscais frias, a operação cumpriu 30 mandados de prisão contra prefeitos e ex-prefeitos e 84 mandados de busca e apreensão (computadores, documentos, veículos e até dinheiro) envolvendo 12 prefeituras. As investigações apontavam desvios de pelo menos R$ 20 milhões. 

Hoje, seis anos depois, os gestores permanecem soltos e, um deles, inclusive voltou ao comando da prefeitura nas eleições do ano passado: Domingos Bacelar de Carvalho, mais conhecido como Dó Bacelar, prefeito de Porto do Piauí. 

Na época, foram decretadas as prisões dos então prefeitos Bismarck Arêa Leão (PTB), de Miguel Leão; Valdir Soares da Costa (PT), de Uruçuí; Domingos Bacelar de Carvalho, o Dó Bacelar (PMDB), de Porto; Joedison Alves Rodrigues (PTB), de Landri Sales; Teresinha de Jesus Araújo (PSDB), de Elizeu Martins; Isael Macedo Neto (PTB), de Caracol; Jorge de Araújo Costa (PTB), de Ribeira do Piauí. 

Chegou a ser preso também os ex-prefeitos de Uruçuí, Chico Filho, e um ex-prefeito de Marcos Parente. Familiares também estariam entre os envolvidos no esquema. Eles são acusados dos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, apropriação de recursos públicos, falsidade ideológica, uso de documento falso e uma série de outros ilícitos. 

O nome da operação Geleira é uma referência ao objetivo da operação: desarticular um esquema de emissão de notas fiscais frias para lavagem de dinheiro público desviado através das prefeituras. A operação foi comandada pelo delegado da Polícia Federal Janderlyer Gomes. Ele foi transferido para outra unidade, pouco tempo depois da Operação. O trabalho foi feito em conjunto com representantes do Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Controladoria Geral da União e outros. Todos os acusados permanecem soltos e a situação dos inquéritos instaurados não é conhecida.

Ainda em fevereiro, logo após a operação, um dos presos faleceu na Penitenciária Irmão Guido após uma diabetes. Foi o contador José dos Santos Matos, o Zé do Mato, 58 anos, que era acusado de fornecer notas fiscais frias para desvio de recursos públicos em prefeituras do interior do Estado.


A reportagem do ODIA tentou contato com os órgãos envolvidos em busca de novidades sobre os inquéritos instaurados, mas não obteve sucesso ainda. Por meio da assessoria de imprensa, o MPF informou que estava fazendo o levantamento dos processos, mas não enviou os dados até o fechamento da reportagem. O mesmo aconteceu com a Controladoria Geral da União.

Por: Mayara Martins e João Magalhães
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