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Aliados veem em julgamento do TSE como "Dia D" para Michel Temer

Governo dá início a estratégia para demonstrar força no Congresso e combater desgaste causado por denúncia

23/05/2017 10:00

Apesar de ter aberto mão da antecipação de seu dia D no Supremo, ao desistir do recurso para suspender o inquérito aberto contra ele, os principais partidos da base já consideram que dentro de duas semanas haverá outro dia-chave para o governo: o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa presidencial Dilma-Temer. Se cassada a chapa, Temer tem que deixar o cargo de presidente. Para tentar ganhar força até lá, o governo deu início ontem a uma estratégia para demonstrar força no Congresso para aprovar medidas econômicas importantes.

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

— A situação continua da mesma forma intranquila e de insegurança enorme. Temos que sentir rapidamente se há ambiente para continuar votando as reformas. Mas tem outra data chave: o dia 6 de junho. Acho que estamos nas mãos dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Se eles decidirem caçar a chapa é um indicativo de que esse governo perdeu a sustentação — avaliou o deputado Marcos Montes, líder do PSD.

O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), foi cuidadoso ao ser indagado se o partido manteria o apoio ao governo e disse que o melhor, para os tucanos, é acompanhar as decisões judiciais do STF e pelo TSE. Nos bastidores, caciques do PSDB apostam na cassação da chapa presidencial junto ao TSE como saída honrosa para que Temer deixe a Presidência da República.

— O PSDB está vendo isto com muita responsabilidade, muito cuidado. Tem votação logo em seguida do TSE, nós vamos aguardar. Na nossa visão, tudo aquilo que fizermos e que venha acompanhado do julgamento das instâncias do judiciário, melhor e mais consolidado — afirmou Tasso.

Alguns aliados acham que o adiamento do STF e a perícia apresentada por Temer ontem foram uma “vitória” que deu a ele “sobrevida”. Mas essa sobrevida será colocada em xeque a cada novo desdobramento da crise.

— Esse processo é fundamentalmente político. Há dois pontos: o julgamento das provas, que é técnico, mas tem consequências políticas e o julgamento do TSE, que é jurídico, mas igualmente tem repercussões políticas. Enquanto isso, vamos acompanhar os fatos e tentar votar e cumprir nossa obrigação — disse o presidente do DEM, senador José Agripino (RN): — Defendo que a pauta do Congresso seja rigorosamente mantida.

DOZE PEDIDOS DE IMPEACHMENT

Um ministro palaciano diz que a estratégia do governo nesta semana é mostrar que não perdeu o apoio de sua base. A ideia é fazer avançar a agenda do governo na Câmara e no Senado como resposta às denúncias.

— Tem que fazer avançar para mostrar que há uma reação da instituição. Pelo que estamos sentindo, há um sentimento da base nessa direção — afirmou.

Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos principais aliados de Temer, deu o tom da estratégia que o Planalto quer ver em ação. Maia indicou que não aceitará nenhum dos 12 pedidos de impeachment protocolados contra Temer. Disse que o papel da Câmara não é fomentar a “desestabilização” do governo e afirmou que o mais importante neste momento é o compromisso com a manutenção da agenda de recuperação econômica.

— A presidência da Câmara dos Deputados não será instrumento para desestabilização do governo. O que cabe à Câmara é reafirmar o compromisso com uma agenda que não é a do governo, não é do Congresso, não é a do Poder Judiciário, é do Brasil, que é a agenda de superação econômica. Um agenda que vem sendo travada no plenário da Câmara e do Senado — pontuou.

Maia aproveitou para marcar para 5 de junho, véspera do julgamento do TSE, o início da votação da reforma da Previdência. Além dessa Proposta de Emenda à Constituição (PEC), há na Câmara oito Medidas Provisórias para serem votadas. No Senado, a reforma trabalhista estava pronta para avançar. O relator do projeto, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), disse ontem que apresentará hoje seu relatório na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Mas ao mesmo tempo afirmou que a situação de Temer é “insustentável”.

— O nosso país está mergulhado em uma brutal crise institucional. As denúncias que pesam contra o presidente Temer são estarrecedoras. Acho inclusive que sua situação é insustentável. Mas nós precisamos continuar trabalhando, produzindo, cumprindo com nossas responsabilidades — disse o tucano.

O governo conseguiu ontem declarações de líderes do governo e da base de que as reformas continuarão andando no Congresso. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), usou o plenário para fazer a defesa de Temer após as revelações trazidas pelo empresário Joesley Batista. Jucá tentou desqualificar as denúncias e o delator e defendeu a continuidade das reformas, mesmo com as investigações sobre a conduta do presidente.

OPOSIÇÃO PROMETE OBSTRUÇÃO

Por outro lado, a oposição promete inviabilizar os plano do governo e obstruir todas as votações, exceto a da Proposta de Emenda à Constituição do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que prevê a realização de eleições diretas até seis meses antes do fim do mandato. A matéria está pautada para ser votada hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na semana passada, antes mesmo da crise, o governo levou 12 horas para aprovar apenas duas MPs. A oposição promete que a obstrução dos partidos contrários ao governo será mantida.

— Para nós, a única pauta que interessa é a aprovação nesta terça-feira (hoje) da PEC das eleiçoes diretas — disse o deputado Henrique Fontana (PT-RS).

Fonte: O Globo
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