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Alegando crise, Prefeitura decide não patrocinar desfile das escolas de samba

Segundo o presidente da FCMC, investimento no desfile demandaria aproximadamente R$ 1 milhão, quase triplicando os gastos da prefeitura com o carnaval.

06/01/2017 15:06

O prefeito Firmino Filho (PSDB) decidiu que este ano a Prefeitura não irá apoiar financeiramente o desfile das escolas de samba da capital.

Segundo Luís Carlos Martins Alves, presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves (FCMC), a decisão foi tomada por volta do meio-dia de quinta-feira (5), após a equipe econômica da Prefeitura constatar que, este ano, o município não possui capacidade financeira para patrocinar o desfile. Ele esclarece, porém, que nada impede a realização do evento, desde que ele seja bancado pelas próprias escolas e, eventualmente, pela iniciativa privada.

O prefeito Firmino Filho e o presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves, Luís Carlos Martins (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

"Hoje, todo mundo corta despesas importantes em seu orçamento, em função da crise econômica. O Brasil vive um momento de dificuldade, e os municípios sofrem ainda mais, porque está havendo queda de receitas, o PIB caindo, o desemprego em alta, e os municípios estão sacrificados. O prefeito passou uma semana fazendo e refazendo contas com a gente, da Fundação, e com a equipe econômica, colocando na planilha, tentando de todas as formas, mas não há condições financeiras para o município de Teresina arcar com esses custos", argumenta o presidente da FCMC.

De acordo com Luís Carlos Martins, os demais eventos de prévias carnavalescas e do carnaval receberão o apoio da Prefeitura. "Vai ter o Corso, melhor que o do ano passado, vai ter os blocos, as trupes carnavalescas, o rei e a rainha do carnaval, rei e rainha das pessoas com deficiência. Agora, as escolas de samba não terão ajuda financeira", ressalta.

Desfile das escolas de samba quase triplica gastos com o carnaval

O presidente da Fundação Cultural Monsenhor Chaves calcula que o patrocínio do desfile das escolas de samba demandaria um investimento aproximado de R$ 1 milhão oriundo dos cofres do município, montante que quase triplicaria o valor gasto pela Prefeitura com o carnaval.

Desfile das escolas de samba não terá o apoio da Prefeitura este ano (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

"O prefeito Firmino foi quem resgatou muitos eventos do carnaval de Teresina. Havia um desejo dele de manter o desfile das escolas de samba, mas, infelizmente, o investimento nesse evento não será possível, porque é o maior gasto que tem. Quando é colocado na planilha, o desfile quase triplica as despesas da Prefeitura com o carnaval, embora o evento atraia apenas cerca de 40 mil pessoas. Enquanto o Corso atrai, num dia só, 300 mil pessoas", compara o presidente da fundação.

O gestor destaca, ainda, que a Prefeitura está realizando outros cortes importantes, com o intuito de aliviar os cofres do município neste momento de crise - como a redução do número de servidores comissionados e de serviços terceirizados. "Estamos reduzindo as despesas de custeio da máquina do município, para que não atrase os salários. Além disso, nós estamos num período de chuvas, e sempre há problemas na capital, como enchentes e outros eventos imprevisíveis. Então, a Prefeitura tem que estar atenta a essas despesas que eventualmente possam surgir", pondera o gestor da FCMC.

A Liga das Escolas de Samba foi comunicada a respeito da decisão nesta sexta-feira, e Luís Carlos Martins diz ter consciência de que a medida pode repercutir mal entre as pessoas que organizam os desfiles, que participam e que gostam de acompanhar o evento. No entanto, ele ressalta que o corte é uma questão de responsabilidade fiscal. "É uma decisão que o prefeito tomou constrangido até, mas ele não ia ser irresponsável. A gente não pode ser irresponsável com o dinheiro público. Se houvesse uma folga no orçamento e se não vivêssemos um momento de queda de receitas nos Estados, municípios e até no Governo Federal, não haveria problemas. Mas hoje o sacrifício é necessário para todos", conclui o presidente da fundação.

Por: Cícero Portela
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