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'A reforma política que o Brasil espera ficou para trás', diz senadora

Em entrevista a O DIA, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB / AM) falou sobre a participação da mulher na política, redução da maioridade penal e outros temas.

21/06/2015 17:02

A senadora Vanessa Grazziotin, do PC do B de Amazonas, esteve em Teresina para participar do lançamento da Campanha Mulheres na Política. A O DIA, ela concedeu uma entrevista exclusiva tratando sobre vários assuntos. A senadora defendeu a lei de gênero na política para que as mulheres possam ocupar vagas nos parlamentos. Ela se posicionou contra a redução da maioridade penal alegando que isso não vai resolver o problema e citou ainda que atualmente o Congresso tem uma formação conservadora. De acordo com Grazziotin, a reforma política votada na Câmara também pode ser engavetada no Senado. Ela comentou ainda as propostas de ajustes fiscal do Governo Federal que atingem os direitos dos trabalhadores e defendeu os avanços conquistados pelos governos petistas, dos quais ela é aliada. Confira a entrevista:

Atualmente o Congresso vota uma reforma política que não tem tocado nas questões mais importantes. Inclusive, alguns partidos informam que ela está acontecendo meras mudanças de regras eleitorais que em nada ajudam a melhorar o sistema político eleitoral brasileiro. A senhora concorda?

Eu digo que a reforma política que o Brasil espera ficou para trás. Uma reforma que não se dispõe a discutir o modelo de sistema eleitoral vigente, que não se dispõe a debater com maior profundidade o financiamento de campanha, não pode ser considerada uma reforma de vulto, apenas mais uma mini de tantas que tivemos em momentos anteriores. O que aparece mais neste momento, é mais visível é a mobilização da Câmara dos Deputados, no sentido de votar essa matéria. Entretanto o Senado já fez sua própria mobilização. Tudo isso que a Câmara está votando o Senado já tem aprovado há muito tempo. E a matéria que foi aprovada no Senado está lá na gaveta da Câmara dos Deputados, então com isso eu acho que já respondo outra pergunta sua, qual será o destino, o rumo das matérias que e a Câmara está votando no Senado Federal?. Eu lhe digo o seguinte: ela pode tomar o mesmo destino que tudo aquilo que nós votamos tomou lá na Câmara, ficou nas gavetas. Por exemplo, nós votamos, são para te dá um exemplo, a mudança na suplência do Senado, acabando com os dois suplentes, determinando apenas um, proibindo que seja parentes e tudo mais. A Câmara em vez de começar a análise por aí não, ela foi determinando mandato de senador, diminuindo o tempo da idade do senador, ou seja, não tem nada que sequer está dialogado no Congresso Nacional. Não há sequer um acordo de procedimentos entre as duas casas e quando isso não acontece fica tudo um grande, ou vários pontos de interrogação. Mas acho que a Câmara fazia tempo não enfrentava esses planos e decidiu enfrentar.

A senhora está no Piauí para falar sobre a participação das mulheres na política. Você é integrante da Procuradoria das Mulheres no Senado Federal. Por que é necessária uma legislação para reservar vagas para mulheres na política?

Vamos deixar claro que isso ocorre no Brasil e no mundo inteiro e mais ou menos problemas enfrentados no mesmo período. Esse problema não é enfrentado apenas no nosso país. A lei de cotas, a gente já tem hoje uma cota de gêneros, a lei de cotas completa 20 anos agora em 2015. Assim como a maior parte dos países, as suas leis vem do mesmo período que a nossa. Mas em outros países a lei é muito mais eficiente que no Brasil. Não pela razão cultural, porque nós somos tão discriminadas aqui quanto as mulheres são em outros países, aliás, eu até diria que se a gente comparar o Brasil no Oriente Médio, o nível de discriminação que a mulher sofre ele é bem menor do que lá. Hoje a gente já é mais de 40% da força de trabalho, hoje temos o maior nível de escolaridade, é maioria no eleitorado, nos concursos públicos as mulheres são as que mais passam. Na magistratura hoje a maioria são mulheres. E até um pouco tempo atrás elas eram proibidas de serem juízas, eram proibidas de frequentarem faculdades de direito, imaginem ser juízas. E hoje elas já são maioria. Mas não é por essa razão, é por uma simples razão que a maior ou menor presença da mulher no parlamento está diretamente ligada ao sistema político eleitoral de cada país. Só na ultima eleição conseguimos preencher dos 30% dessas vagas para mulheres, só 29,5%. Mas isso diz pouco porque se a mulher só tem a vaga de candidatura e não tem os meios de desenvolver sua campanha ela não chega em lugar nenhum, que é o que acontece e a gente tem que levar em consideração que a politica ela é escrita com letras masculinas no Brasil. A mulher não tem estrutura, sofre discriminação, a mulher tem muitas dificuldades de ingressar e se manter na política por conta da discriminação que ainda existe e se manifesta em um completo aleijamento dela nos espaços de poder. 

A senhora falou que a presença da mulher é pequena. Aqui no Piauí nós temos outra questão, que é a grande maioria das mulheres que ocupam cargos políticos alcançaram os mandatos ou porque são esposas, ou porque são filhas de grandes lideres políticos. Como mudar isso?

Defendendo uma cota segura, que incentive a entrada da mulher na política. Porque que hoje você tem, já mudou muito a realidade, ela já foi muito mais, a presença da mulher na política no Brasil ela foi muito mais a cara disso que você falou do que hoje. Agora, o numero de sobrenomes é bem menor do que teve no passado. Ainda tem, mas é menor. E porque são elas que prosperam, porque elas já têm uma família de tradição, que lhes garantem as condições para se eleger. Isso serve para comprovar apenas aquilo que a gente diz, da dificuldade, aí as que entram são porque não encontram essas barreiras. Então essas mulheres encontram no ambiente partidário as condições que as outras não têm. E que nós queremos que elas tenham garantida. 

Leia a entrevista na íntegra na edição deste domingo do jornal O DIA.

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