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PMs vão ao Hemopi doar sangue para justificar ausência no Corso

Protesto é devido à morte do soldado que fazia segurança de Vinícius Dias.

07/02/2015 15:24

Após o velório do soldado Francisco das Chagas, morto durante uma tentativa de assalto ao filho do governador Wellington Dias na noite de ontem (06), um grupo de policiais militares se reuniram em frente à sede do Hemopi para pedir mais segurança no trabalho e chamar a atenção do Governo para a situação em que se encontra a corporação do Estado. O protesto consiste em fazer uma doação de sangue coletiva e, dessa forma, justificar a ausência durante o Corso, já que o doador tem direito à folga nessas condições.

A manifestação ocorre de forma pacífica e conta com a participação de policiais das Forças Táticas da Capital (os Batalhões de Polícia Militar), do RONE, Ronda Cidadão, BOPE e Cavalaria. Um grupo de PMs se concentram na porta do Hemopi para um doação de sangue coletiva. �€œNosso objetivo aqui não é pedir aumento ou causar alarde, mas abrir os olhos da população e, principalmente, das autoridades competentes, para o abandono em que nossa corporação se encontra jogado atualmente�€, comenta o soldado Marcos,  lotado no Ronda Cidadão.

De acordo com ele, a morte do soldado Nunes é resultado da falta de estrutura da Polícia Militar do Piauí, e reflete principalmente a questão do baixo efetivo atuando na Capital e no Interior do Estado. �€œVeja bem, o Nunes estava sozinho fazendo a segurança de uma pessoa. Não é porque é o filho do governador que precisava de mais gente, mas é qualquer cidadão. Policial nenhum faz segurança sozinho. Isso não existe. Numa guarnição é preciso pelo menos três. Um para dirigir a viatura e patrulhar a área, um para atuar na proteção da vítima e outro para atuar na proteção de quem protege a vítima. Isso não existe aqui�€, pontua.

O soldado Tiago, também lotado no Ronda Cidadão, afirma que nas guarnições da Capital contam apenas com dois policiais dentro da viatura e cita um exemplo: �€œA guarnição vê um veículo roubado, vai abordar e é surpreendida por cinco homens. Cinco contra dois, dá resultado? Nenhum. Ainda mais se esses cinco estiverem armados, como geralmente acontece. Falta gente, falta um preparo mais efetivo�€, afirma o soldado.

Os manifestantes mencionaram ainda a questão do auxílio periculosidade que apenas vigilantes patrimoniais possuem no Estado. Para eles, a PM, que se encontra em contato direto com a criminalidade, também precisa do benefício, mas diz que nada a respeito foi apresentado pela Secretaria de Segurança ou pelo Governo. �€œNós não temos armas adequadas, falta munição e a que tem ainda é antiga e os coletes à prova de bala que foram comprados há cinco anos vão vencer em junho e é capaz de nós continuarmos indo para a rua com eles�€, diz o soldado Marcos.

Classificados em concurso reclamam da demora na convocação

O PortalODia.com conversou com um dos aprovados no concurso das Polícia Militar de 2014 que comentou a demora nas convocações e criticou o número de classificados chamados por vez. Francisco Santos disse que apenas 400 nomes em cada chamada é pouco para atender à demanda que a sociedade impõe e classifica o certame como �€œvergonhoso�€. No mês de janeiro, o Governo autorizou o inicio das convocações dos aprovados no concurso com o objetivo de, admitir pelo menos 500 policiais a cada ano nos próximos quatro anos, fechando as 2 mil convocações consideradas essenciais pelo Comando da PM.

�€œNós já tivemos um concurso como o que foi, cheio de fraudes e denúncias de ilegalidade e, depois de tudo, ainda tem a demora na chamada. E quando chamam são só 400? Isso é vergonhoso para o Estado. A sociedade precisa de segurança e não tem gente suficiente mais para fazer isso�€, diz Francisco.

Em entrevista após o velório do soldado Nunes, o governador Wellington Dias afirmou que a situação de violência que o Piauí vive não é mais novidade e que o Governo está ciente disso. �€œNós vamos trabalhar para tentar sanar essas dificuldades e levar para a população uma maior sensação de segurança. Do mesmo jeito que aconteceu com meu filho, com um policial, poderia ter acontecido com qualquer pessoa e isso me afeta e afeta o Estado profundamente�€, disso Wellington referindo-se à morte do soldado Nunes.

Foto: Divulgação/PM

Sobre as denúncias feitas pelos PMs ninguém da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) foi encontrado para comentar o assunto. O PortalODia.com aguarda o retorno de representantes do SSP.

Manifestação não altera efetivo no policiamento do Corso

O Comando da PM garante, entretanto, que a segurança do Corso não será prejudicada e que o efetivo que ficará na ruas durante o Corso não sofrerá redução. "O pessoal que está trabalhando na segurança do Carnaval permanecerá lá. São pelo menos 800 homens circundando o perímetro da festa e fazendo policiamento ostensivo. Nós vamos colocar gente nas ruas que dão acesso também à Raul Lopes. O objetivo é cobrir a maior área possível, principalmente depois dos acontecimentos de ontem", diz o coronel Lindomar Castilho, subcomandante da PM.

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