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PC indicia capitão acusado de matar Camilla Abreu por três crimes

Com a conclusão do inquérito policial, Allisson Wattson foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por feminicídio e sem chances de defesa à vítima, ocultação de cadáver e fraude processual.

30/11/2017 16:56

A Secretaria de Segurança, através da Delegacia Geral, comunicou, na tarde desta quinta-feira (30), que o inquérito policial sobre a morte da estudante Camilla Abreu foi concluído pela Delegacia de Homicídios. Após a análise dos laudos periciais, dos depoimentos das testemunhas e do próprio acusado, além de outros procedimentos de investigação, o capitão da Polícia Militar, Allisson Wattson, foi indiciado por três crimes, sendo estes: homicídio duplamente qualificado por feminicídio e sem chances de defesa à vítima; ocultação de cadáver e fraude processual.

De acordo com o órgão, o inquérito policial presidido pelo coordenador da Delegacia de Homicídios, Delegado Francisco Costa, o Baretta, sobre a morte da estudante, foi entregue na manhã de hoje à Corregedoria da Polícia Civil e ainda hoje será encaminhado para o Poder Judiciário.

Allisson Wattson e Camilla Abreu eram namorados. (Foto: Reprodução)

Com a conclusão do inquérito, o Poder Judiciário dará continuidade aos procedimentos legais cabíveis.

Entenda o caso

A estudante Camilla Abreu foi dada como desaparecida pela família no último dia 26 de outubro. Segundo os familiares, a jovem havia sido vista pela última vez na companhia do namorado, o capitão da Polícia Militar, Alisson Wattson. Após seis dias de investigação, o corpo de Camilla foi encontrado em um matagal no Povoado Mucuim, na zona Rural de Teresina. Em depoimento, o namorado da jovem informou para a Polícia Civil onde havia ocultado o corpo e confessou o crime de feminicídio.

Estudante foi dada como desaparecida pela família no dia 26 de outubro. (Foto: Reprodução)

Os laudos criminais apontaram que a estudante teria sido espancada pelo acusado, antes de ser assassinada com um tiro de arma de fogo na região atrás da orelha. Segundo o delegado Baretta, as lesões encontradas nas pernas, braços  e na barriga de Camilla mostram que ela tentou se defender das agressões, antes de ser alvejada. De acordo com o delegado, a posição do lesão causada pelo tiro leva a entender que a vítima foi alvejada quando tentava correr do namorado. Após o disparo, as provas apontam que o corpo da jovem teria sido colocado no bagageiro do carro do capitão da PM e posteriormente foi ocultado no matagal onde foi encontrado pela Polícia, na tarde do dia 31 de outubro.

Relatos de violência

Três ex-companheiras de Alisson Wattson confirmaram o histórico de violência do policial contra as mulheres com as quais mantinha relacionamento, em depoimento à Polícia Civil no último dia 01 de novembro. Nos depoimentos, as mulheres teriam relatado que o policial militar chegou a apontar a arma para a cabeça delas e a proferir ameaças em diferentes ocasiões. Os depoimentos corroboram as versões dos familiares e amigos da estudante Camilla Abreu, de que o policial teria cometido violência física e psicológica contra a vítima antes de cometer o feminicídio.

Ex-companheiras de capitão confirmam histórico de violência. (Foto: Reprodução)

Defesa alega tiro acidental

No momento da prisão, o capitão da PM confessou que matou a jovem Camilla Abreu, mas a defesa dele afirmou que o tiro foi acidental, e que a arma estava na mão da vítima no momento do disparo. No seu relato à Polícia Civil, Allison teria alegado que a discussão teria iniciado da própria Camilla e que teria sido motivada por ciúmes, após a jovem ver uma mensagem no celular dele. De acordo com a defesa, Camila teria pego a arma do capitão, que estava no espaço entre os bancos dianteiros do carro, e, no intuito de tomar a arma de volta, o policial teria usado um golpe, e como ela estaria com o dedo no gatilho, disparou acidentalmente.

Prisão preventiva

A Polícia Civil deu cumprimento ao mandado de prisão preventiva contra o capitão da Polícia Militar, Allisson Wattson, apontado como autor do feminicídio da estudante de direito Camilla Abreu, na tarde da última segunda-feira (27). Segundo informações do delegado Baretta, a prisão preventiva tem como objetivo impedir que o acusado tenha chances de prejudicar o andamento do processo, caso seja posto em liberdade. Com a conversão, o acusado passa a ficar detido por tempo indeterminado no Presídio Militar no Quartel do Comando Geral (QCG), em Teresina, onde estava preso temporariamente desde o dia 31 de outubro.

Família pede expulsão do acusado

Durante o enterro de Camilla, o pai da jovem, Jean Carlos Abreu, fez um apelo para o comandante da Polícia Militar , o coronel Carlos Augusto, para que o capitão acusado de assassinar a jovem seja expulso da corporação. Na ocasião, o tio da vítima, Jandeylton Rodrigues, que também é policial militar, relembrou os momentos de tensão vividos pela família e disse que imaginava que o capitão teria matado a jovem. “A gente sabia que o namorado dela tinha matado. Na sexta ele entregou a arma e chorou muito dentro da corporação. Eu chamei a família e já falei que fosse forte, porque não vinha notícia boa”, relatou. 

Familiares e amigos choram no enterro de Camilla. (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

Por meio de decreto baixado no dia 6 de novembro, o Governador Wellington Dias, instituiu um Conselho de Justificação para deliberar se o PM é culpado, ou não, do crime de feminicídio, de ter ocultado o corpo e ter tentado destruir provas materiais do crime. Caso seja considerado culpado, o capitão será expulso da corporação e deverá ser transferido para um presídio comum.

Capitão acusado de matar namorada é indiciado por feminicídio. (Foto: Reprodução)

Por: Nathalia Amaral
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