Foi inaugurada nesta sexta-feira (24) uma nova Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Teresina. A sede fica localizada no Centro Social Urbano (CSU), no bairro Parque Piauí, zona Sul.  A delegada Anamelka Cadena será a titular.

(Fotos: Assis Fernandes/ O Dia)

Com a inauguração, novas circunscrições territoriais foram estabelecidas para melhor atender às vítimas em Teresina. Agora, são quatro unidades espalhadas nas zonas Sul, Centro, Norte e Sudeste. A iniciativa faz parte das medidas de proteção e expansão de atendimento à mulher vítima de violência no Piauí.

A nova delegacia vai atender casos de violência contra a mulher ocorridos em 23 bairros da zoan Sul, entre eles o Saci, Promorar, Angelim, Portal da Alegria e Santa Cruz. No Centro, além dos bairros da região, serão atendidas as vítimas da zona Leste. Já a delegacia da zona Norte vai concentrar casos registrados em cerca de 30 bairros, assim como na zona Sudeste.

O CSU do Parque Piauí estava abandonado há mais de 10 anos e agora, além da delegacia da mulher, vai ser instalado ainda o Batalhão da Polícia Militar. O local passou por modificações e contará também com atividades de esporte, lazer e educação para pessoas de todas as idades.

Atualmente, no espaço funciona o Sistema Nacional de Empregos (Sine). Além disso, há a expedição de documentos e serviços da Junta Militar. No local também funcionará escolinha de futebol, judô, capoeira, natação e curso de formação profissionalizante.

A delegada Anamelka agradeceu principalmente às mulheres da zona Sul, que reivindicaram a delegacia na região. “Aqui vamos atender desde a agressão doméstica até os casos de feminicídio. A ideia é trabalhar também com a prevenção para empoderar as mulheres e também conscientizar os homens, sempre com o apoio da comunidade”, destaca.

Delegada Anamelka Cadena recebe colete feminino do governador Wellington Dias: "Primeira vez que visto colete usando salto", disse a delegada (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

O local onde foi instalada a delegacia foi definido após um estudo geográfico, que priorizou as condições de acesso das vítimas de violência na região. Antes, sem a delegacia especializada, teriam que se deslocar até o centro da capital para fazer denúncia. A escolha do local foi também fruto do estudo de zonas críticas de violência contra a mulher na cidade.

Assim, Anamelka Cadena se torna titular em duas delegacias: a Delegacia de Feminicídio e a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) Sul.

O secretário de segurança Fábio Abreu destaca que a equipe da delegacia é constituída em sua maioria por mulheres. “Haverá também policiais homens, mas mais para ajudar nas oitivas, nas prisões”, comenta. Ainda segundo o secretário, a delegacia também conta com uma equipe de assistência social e assistência jurídica. “Nossa intenção é criar uma cadeia de atendimento, para que depois da denúncia a mulher não fique desassistida”, explica o secretário.

O governador Wellington Dias, presente na cerimônia de inauguração da Delegacia, disse que a delegacia ajuda a coibir os crimes de violência contra a mulher. “A delegacia vai trazer mais da certeza de, havendo a prática do crime, a gente poder agir fortemente, na forma da lei, garantir a pena. Por outro lado conscientizar os homens. Homens e mulheres precisam viver uma vida de paz”, disse governador, acrescentando que, com a revitalização do CSU Sul, outras formas de violência serão combatidas. “O Centro Social do Parque Piauí, além de cuidar da violência contra a mulher, também estará atuando em outras áreas da violência, como a violência em razão da droga, violência nas escolas, Ou seja trabalhar pra que a gente tem a pacificação da região.”

Joana Pereira, coordenadora do Grupo de Mulheres Bordadeiras: “CSU pra mim é como um filho!" (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

A senhora Joana Pereira, coordenadora do Grupo de Mulheres Bordadeiras e representante da Associação de Moradores do Parque Piauí, disse que a delegacia dentro da CSU será de grande utilidade para os moradores e, sobretudo, para as mulheres. “Eu acompanho as mulheres nas denúncias e quantas vezes nós voltamos da delegacia, no centro da cidade sem ser atendida. E a mulher no outro dia ela não quer mais voltar, por que a estrutura é muito pouca”, comentou ela do púlpito da cerimônia de inauguração.

Joana chamou atenção para a importância da CSU e do abandono que o centro sofreu nos últimos anos. “CSU pra mim é como um filho! Eu moro nessa comunidade há mais de 40 anos, vi esse espaço ser construído, então ver ele se acabar do jeito que a gente estava vendo é depressivo para nós!”, disse. Segundo ela, com o abandono por parte do governo, moradores da região, usuários do centro e oficineiros ficaram a mercê da criminalidade, e tiveram que encerrar as atividades que realizavam no espaço. “Queremos que todas as atividades sejam cumpridas com responsabilidade, por que brincar com a vida humana, deixar para lá e deixa desativado não da certo”.

Por: Nayara Felizardo e Andrê Gonçalves