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Operação Déspota: presos negociam delação premiada com promotor

MP-PI aguarda para esta terça a decisão da Justiça sobre prorrogação das prisões temporárias. Grupo fraudou R$ 17 milhões em licitações.

18/07/2016 17:37

O promotor de Justiça Rômulo Cordão, responsável pelas investigações dos crimes descobertos durante a Operação Déspota, anunciou que pretende negociar a colaboração premiada com alguns dos presos.

O promotor Rômulo Cordão fala detalhes da Operação Déspota, durante coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (Foto: Divulgação / MP-PI)

O membro do Ministério Público Estadual informou ainda que aguarda para esta terça-feira a decisão da Justiça sobre a prorrogação das prisões temporárias. "A gente está aguardando ainda a decisão do tribunal, mas já foi requerida a prorrogação das prisões temporárias por mais cinco dias", afirma o promotor, acrescentando que há ainda a possibilidade de alguns dos presos temporários terem a prisão convertida para preventiva, cujo prazo é indeterminado.

Realizada em conjunto pela Polícia Civil e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-PI, a Operação Déspota resultou na prisão de quinze pessoas, incluindo o prefeito Delano Parente (PP), de Redenção do Gurgueia, empresários e advogados.

Conforme as investigações, cerca de R$ 17 milhões em recursos públicos teriam sido desviados no município no período de três anos - boa parte desse montante sendo oriundo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Deflagrada na última quinta-feira (14), a operação contou com o apoio da Controladoria-Geral da União, do Tribunal de Contas do Estado, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar.

Os presos na operação são investigados pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, sonegação fiscal, fraude em licitação, cartel, peculato, associação criminosa, superfaturamento de preços, uso de notas fiscais frias e de empresas de fachada, além de lavagem de dinheiro. 

O promotor de Justiça Rômulo Cordão, do GAECO, explica que a organização criminosa poderia ser dividida em três núcleos: o político, o empresarial e o de colaboradores. Os políticos (prefeito, secretários municipais, vereador e outros) direcionavam e forjavam licitações, para que as empresas envolvidas no esquema saíssem vencedoras. Estas, por sua vez, compunham o segundo núcleo, que emitia notas fiscais frias.

De acordo com o MP-PI, as empresas pertenciam a “laranjas” - sendo que alguns são parentes dos políticos participantes. Elas funcionadas apenas como empresas "de fachada", pois não possuíam qualquer estrutura que viabilizasse a prestação dos serviços contratados.

Já os colaboradores eram servidores que falsificavam documentos, atestando o recebimento de serviços que nunca foram prestados e expedindo ordens de pagamento, dentre outras funções. O dinheiro assim desviado era então repartido entre os membros da organização. Os serviços irregularmente contratados dizem respeito a fornecimento de merenda escolar, transporte escolar e realização de obras públicas, dentre outros. 

Confira a relação completa das pessoas citadas durante as investigações que culminaram na Operação Déspota.

PRISÕES PREVENTIVAS

1. Delano de Oliveira Parente Sousa, prefeito do município de Redenção do Gurgueia. Preso em Teresina.

2. Audemes de Sousa Nunes, secretário municipal de Infraestrutura de Redenção do Gurgueia. Preso em Redenção do Gurgueia.

3. Julimar Pereira Borges, empresário e ex-secretário de Saúde de Redenção do Gurgueia. Preso em Redenção do Gurgueia.

4. Luiz Nonato Dias da Silva (Luiz da Betoneira), empresário. Preso em Bom Jesus.

5. Orlando Gonçalves da Gama, empresário. Também preso, depois de buscas nas residências de Avelino Lopes e Teresina.

6. Arnilton Pereira do Lago, empresário. Preso em Redenção do Gurgueia.

7. Francisco das Chagas Macedo de Andrade, vereador. Preso em Redenção do Gurgueia.

8. Igor Martins Ferreira de Carvalho, advogado. Preso em Teresina.

PRISÕES TEMPORÁRIAS

1. Romário Alves de Figueiredo, ex-presidente da comissão de licitação de Redenção do Gurgueia. Preso em Redenção do Gurgueia.

2. Tiago Rodrigues Nogueira Júnior, advogado. Preso em Teresina.

3. Marcílio Braz de Lima, presidente da Companhia de Águas e Esgotos de Redenção do Gurgueia. Preso em Redenção do Gurgueia.

4. Fátima Salvadora Duarte Mendes, empresária. Mandado de prisão ainda não cumprido.

5. Arnon da Silva Mendes, secretário da Câmara Municipal de Morro Cabeça do Tempo. Preso em Morro Cabeça do Tempo.

6. Magnaldo Pereira Borges, lavrador, irmão de Julimar Pereira Borges e dono de empresa de fachada. Mandado de prisão ainda não cumprido.

7. Hildo Martins de Sousa Filho, engenheiro civil e dono de empresa envolvida. Preso em Bom Jesus.

8. Benedito Fonseca dos Santos, gerente de contratos da Prefeitura de Redenção do Gurgueia. Preso em Redenção do Gurgueia.

Por: Cícero Portela
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