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Justiça libera mais dois áudios que comprovam fraude em licitações

Quebra do sigilo telefônico dos gestores e empresários investigados na Operação Déspota comprovou as fraudes em licitações na prefeitura de Redenção do Gurgueia

18/07/2016 09:57

A quebra do sigilo telefônico dos gestores e empresários investigados na Operação Déspota comprovou as fraudes em licitações na prefeitura de Redenção do Gurgueia. Nesta segunda-feira (18), mais dois áudios foram liberados pela justiça.

Um deles, de mais de quatro minutos, é um diálogo entre o secretário de Infraestrutura Audemes de Sousa Nunes, pai do prefeito Delano Parente (PP). Na ligação ele trata com Luiz Nonato Dias da Silva, o Luís da Betoneira, sobre uma licitação.

Foto: Andrê Nascimento/ODIA


Prefeito Delano Parente, preso na Operação Déspota

A fraude fica caracterizada pela apresentação de duas propostas falsas de preços supostamente para fornecimento de material de construção. “Ele (o prefeito) faz a dispensa de licitação com a documentação, aí levanta o dinheiro. Eu conversei com ele ontem de noite. Ai ele disse: Pai, diz a ele que na segunda-feira entra com a documentação lá em Romário (ex-presidente da Comissão de Licitação) pra ele liberar a dispensa”, diz Audemes.

O empreiteiro então afirma que já está com a documentação e que fez duas cartas-proposta. “A minha naquele valor e duas num valor maior”, informa Luiz da Betoneira, que recebe nova orientação do pai do prefeito. “Tá certo, tem que ser assim mesmo. Aí a sua você leva a documentação certa, aí a outra não precisa documentação nenhuma”, completa Audemes.


A Licitação é procedimento previsto em Lei que vista garantir que a Administração Pública possa selecionar a proposta mais vantajosa, dentre todas as apresentadas. Mas nesse caso sequer há seleção alguma. O procedimento já se inicia com um vencedor certo.

O outro áudio é entre o próprio Delano Parente e dois homens não identificados. Somente da metade para o final da ligação é possível entender melhor o assunto que estava sendo tratado pelos interlocutores.

O prefeito, o ex-presidente da Comissão de Licitação e Julimar Pereira Borges, secretário de Saúde, foram afastados pelo período de seis meses em decisão judicial devido a uma ação cautelar de improbidade administrativa, no final de 2015. Delano estava supostamente se escondendo para não ser notificado.

Na ocasião, o juiz pediu apoio à PRF para notificar o prefeito, mas como ele não foi encontrado, notificou-se o procurador do município e o Presidente da Câmara para dar posse ao vice-prefeito.


No final do áudio, percebe-se que Delano pedindo para retirarem do escritório dele todos os documentos e pede também para pegarem o carro e levarem roupas pra ele. “Pois faz um favor pra mim? Bem aí na chave dele (do carro) tem uma chave pequena. É a chave das minhas gavetas, lá no escritório. Pega tudo que tiver lá dentro. Limpa as gavetas, lá. Tem uns papéis meus... Não esquece de pegar os papéis não”, diz o prefeito.

O outro homem afirma que fará isso e lembra da noite anterior. “Inclusive ontem a noite eu não peguei logo porque na hora que eu cheguei pra ir lá naquele lugar, a polícia foi pra lá. Porque denunciaram que nós tava (sic) pegando as coisas de lá. Lá na prefeitura. Aí num pude mais tirar nada”, explica.

Todas as pessoas identificadas nos áudios estão presas preventivamente ou temporariamente desde quinta-feira (14), quando foi deflagrada a Operação Déspota. Ao todo, foram cumpridos 14 mandados de prisão e duas pessoas ainda estão foragidas.

Por: Nayara Felizardo
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