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Juíza apura outros casos de crianças supostamente usadas em rituais

A equipe médica que acompanha o caso da garota suspeita que ela já tenha apresentado morte encefálica.

25/04/2016 15:58

A juíza Maria Luiza de Moura Melo, titular da 1° Vara da Infância e Juventude de Teresina, recebeu denúncias de que outras crianças teriam sido vítimas de rituais no mesmo terreiro frequentado pela mãe de uma menina de 10 anos que está internada há duas semanas em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Urgência de Teresina Professor Zenon Rocha (HUT), com quadro de intoxicação. 

Uma mãe de santo do Candomblé entrevistada pela reportagem d'O DIA reconheceu que os atos de raspar a cabeça e fazer as chamadas "curas" (nome dado aos cortes pelo corpo) realmente são praticados em sua religião. Porém, não devem ser feitos com crianças.

A mãe de santo Carmem Ribeiro ressalta, ainda, que o candomblé e a umbanda são religiões diferentes, e no terreiro em questão supostamente ocorrem rituais de umbanda.

"O candomblé não faz nada que possa colocar em risco a vida ou traumatizar crianças. Até porque esse ritual de cura é forte inclusive para adultos, imagina para uma criança. Nós, do candomblé, somos contra todo tipo de violência e todo tipo de ações que possam constranger ou colocar em risco a vida de crianças. Nossa religião é voltada para o equilíbrio espiritual, para a harmonização e para a convivência pacífica. As crianças estão nas nossas casas e elas vão crescer sem se traumatizar, aprendendo a respeitar e amar a religião. Mas até essa questão de iniciar a criança é uma coisa que a gente discute muito, porque ela precisa crescer. E quando ela estiver adulta ela decide em que lugar ela quer estar, a que religião ela quer pertencer", afirma Carmem Ribeiro.

A conselheira tutelar Socorro Arraes informou à reportagem d'O DIA que conversou nesta segunda-feira (25) com a mãe da menina. A mulher teria negado a informação de que a substância ingerida pela garota é proveniente do terreiro, mas não soube dizer ao certo quem teria feito o produto que deixou sua filha em estado gravíssimo.

A equipe médica que acompanha o caso da garota suspeita que ela já tenha apresentado morte encefálica. Porém, essa hipótese só pode ser confirmada após a realização do protocolo médico apropriado, que, por sua vez, só será feito após a perícia identificar a substância que a menina ingeriu.

Embora ainda seja desconhecida a origem da substância que provocou a intoxicação da menina, o Conselho Tutelar já confirmou que o terreiro de umbanda em Timon foi o local onde a menina teve a cabeça raspada e sofreu cortes em forma de cruz pelo corpo.

Por: Cícero Portela
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