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Instituto Lula mostra caixas reviradas após operação da Polícia Federal

Segundo entidade, local não foi alterado desde sexta-feira (4).

07/03/2016 18:29

A Instituto Lula afirmou nesta segunda-feira (7) que sua sede teve caixas reviradas e uma porta arrombada na ação de policiais federais durante a 24ª fase da Operação Lava Jato, na sexta-feira. Localizado no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo, o imóvel foi aberto para jornalistas nesta tarde. 

De acordo com o Instituto Lula, a porta arrombada foi da sala do departamento administrativo financeiro. Nas caixas reviradas, havia troféus, prêmios e presentes que Lula recebeu durante a presidência. Estes objetos não foram levados.

Os repórteres tiveram acesso à garagem do casarão anexo à sede, onde caixas do acervo referente ao período pós-presidência de Lula foram encontradas abertas e fora de ordem. No pavimento logo acima, foi possível encontrar escrivaninhas e mesas de escritório com papéis e livros revirados, capas de aparelho celular, cartões de visita espalhados, armários abertos e aparelhos de telefonia desconectados.

Porta com sinais de arrombamento no Instituto Lula (Foto: Roney Domingos/G1)

Porta com sinais de arrombamento no Instituto Lula (Foto: Roney Domingos/G1)

No andar mais acima, a sala administrativa estava com a porta arrombada, com restos de madeira pelo chão. Lá dentro, mesas, armários e papéis em desordem.

Embora outras salas, como a de comunicação e a do presidente do Instituto, Paulo Okamoto, nao tenham sido arrombadas, nesses ambientes também foram encontrados papéis, pastas e armários em desordem.

O diretor do Instituto Lula, Celso Marcondes, disse que os agentes da PF chegaram às 6h e ficaram até por volta de 15 horas circulando entre as duas casas que compõem o Instituto.

"Foi uma operação que nos deixou absolutamente indignados", disse. "Cerca de 60 homens da PF cercaram o quarteirão e entraram nas duas casas do instituto. Reviraram tudo. Levaram os HDs dos computadores, mexeram em todos os arquivos. Foi uma ação desncessária porque o Instituto já tinha entregue para a Receita Federal em dezembro todos os dados de receitas, despesas e doações."

Marcondes disse que os agentes foram recebidos pelo caseiro que dorme no Instituto Lula. Em seguida, chegaram três fuincionários e uma advogada para acompanhar a busca e apreensão. "Durante esse tempo ficaram circulando entre as duas casas e revirando tudo o que poderia revirar. A porta arrombada é um absurdo. A chave estava com uma das moças que estava acompanhando, bastava ter pedido, mas ninguém pediu a chave."

Interior do Instituto Lula, no Ipiranga, após operação da PF (Foto: Roney Domingos/G1)

Interior do Instituto Lula, no Ipiranga, após operação da PF (Foto: Roney Domingos/G1)

Portão foi pichado

Um portão do Instituto Lula, na Zona Sul de São Paulo, apareceu pichado na manhã de sábado (5) após o ex-presidente que dá nome ao local ter prestado depoimento na sexta-feira (4) na 24ª fase da Operação Lava Jato. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do instituto. Posteriormente, a assessoria disse que grafiteiros cobriram a pichação.

De acordo com a assessoria, a pichação deve ter ocorrido durante a madrugada de sábado (5). Câmeras de segurança do prédio deverão ser analisadas para tentar identificar os responsáveis. O G1 esteve nesta manhã de sábado no local. O portão estava levantado, mas mesmo assim era possível ver a pichação "sua hora chegou corrupto". No domingo, um grafiteiro cobriu as ofensas com um desenho.

O ex-presidente foi o principal alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato. A Polícia Federal (PF) fez buscas e apreensões em endereços ligados a Lula. Os sigilos bancários e fiscal do petista, do Instituto Lula e de sua empresa de palestras foram quebrados por determinação judicial.

Na manhã de sexta, agentes levaram o petista de sua residência, em São Bernardo, na região metropolitana de São Paulo, em cumprimento a mandado de condução coercitiva. Lula foi levado para um salão de autoridades no aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital, para prestar depoimento obrigatório, onde, segundo seus interlocutores, negou qualquer favorecimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Durante a ação dos agentes da PF, grupos apoiadores e críticos ao ex-presidente chegaram a entrar em confronto em frente à casa do ex-presidente e no saguão do aeroporto de Congonhas.

Após ser liberado na tarde de sexta, o ex-presidente fez pronunciamento na sede do PT, em São Paulo, onde disse ter se sentido "prisioneiro", que "jamais" se recusaria a prestar qualquer depoimento, e falou ser vítima de perseguição. Mais tarde, se ofereceu para concorrer à Presidência em 2018.

Instituto Lula amanhece pichado no bairro do Ipiranga na Zona Sul de São Paulo, SP, neste sábado (5).  (Foto:   Foto: NEWTON MENEZES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Instituto Lula foi pichado no sábado (5) (Foto: Foto: NEWTON MENEZES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Após vandalismo em portão, grafite cobre pichação no Instituto Lula, em São Paulo (Foto: Reprodução TV Globo)

Após vandalismo em portão, grafite cobriu a pichação no Instituto Lula (Foto: Reprodução TV Globo)

'Aplaudaço'

Diversas cidades brasileiras registraram um "aplaudaço" em apoio à Polícia Federal na noite desta sexta. O movimento foi convocado pelas redes sociais. As manifestações ocorreram em ao menos 14 estados. Além de São Paulo, houve manifestações em outras cidades, como Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre e Belo Horizonte.

O Ministério Público Federal (MPF) alega que Lula era um dos "principais beneficiários" do esquema de corrupção que atuava na Petrobras e que surgiram evidências de que os crimes cometidos na estatal o "enriqueceram" e financiaram campanhas eleitorais e o caixa do Partido dos Trabalhadores.

Durante a tarde, a presidente Dilma Rousseff criticou a condução de Lula para depor. Ao lado de 12 ministros, disse que a medida foi "desnecessária". Ela ligou para o ex-presidente após o depoimento dele à PF.

"Quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar mais um depoimento", disse.

Fonte: G1
Por: Roney Domingos
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