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IML descarta envenenamento de menina que deu entrada no HUT com intoxicação

Criança morreu no hospital municipal após passar cerca de duas semanas internada em estado gravíssimo.

04/05/2016 16:42

Um laudo do Instituto Médico Legal aponta que a menina Francisca Alice Silva Barreto não apresentava quadro de envenenamento quando foi internada no HUT no mês passado, hipótese que havia sido levantada preliminarmente.

A menina de dez anos faleceu dia 28 de abril, após passar cerca de duas semanas internada em estado gravíssimo na UTI pediátrica do Hospital de Urgência Teresina Professor Zenon Rocha (HUT). Ela deu entrada com um quadro de intoxicação, e morreu por falência múltipla dos órgãos e parada cardiorrespiratória.

As informações preliminares davam conta de que a menina teria ingerido uma substância suspeita durante um ritual religioso num terreiro em Timon (MA). 

A menina também apresentava diversas cicatrizes em forma de cruz pelo corpo, as chamadas "curas", práticas típicas de algumas religiões de matriz africana. Religiosos ligados à Umbanda e ao Candomblé, no entanto, ressaltaram que esses rituais não devem ser feitos com crianças.

Antônio Nunes, diretor de Polícia Científica, afirmou nesta quarta-feira que até o momento não é possível determinar com certeza o que motivou a morte da criança, mas descartou a hipótese de ela ter sido intoxicada com substâncias como chumbinho, inseticidas e venenos em geral.

"De imediato, a gente fez o primeiro exame de corpo de delito quando ela ainda estava viva, no HUT. E aguardávamos o resultado da dosagem de uma enzima chamada colinesterase, que diminui muito no organismo quando está diante de venenos, como os fosforados e os carbamatos, que respondem quase pela totalidade dos envenenamentos no nosso meio - como venenos de ratos, inseticidas, chumbinhos, etc. Esse exame veio com a enzima em níveis normais. Isso significa que a morte por envenenamento está descartada", explica Antônio Nunes.

O diretor de Polícia Científica acrescenta que, diante dessa constatação, as investigações tomaram outro rumo. "A partir de então, passamos a ter outro foco de investigação, que é a pesquisa das substâncias que foram encontradas no sangue da menina e, principalmente, o conteúdo do estômago, porque o sangue, com um certo tempo, ele pode apresentar uma dosagem muito baixa das substâncias [suspeitas]. Já avaliando o conteúdo gástrico a gente tem uma boa chance de conseguir detectar essas substâncias. Ou seja, agora nós estamos buscando identificar uma substância que não seja veneno mas que pode provocar intoxicação, ou alguma outra situação semelhante", ressalta.

Casos de outras crianças com marcas no corpo serão investigados pela Polícia de Timon

O delegado Luccy Keikko, gerente de Polícia Metropolitana, informou que as investigações de outros três casos de crianças na mesma situação foram encaminhadas para a Polícia Civil maranhense, a quem caberá dar continuidade à apuração.

"Essas crianças tinham as mesmas características [de Francisca Alice] - a cabeça raspada e algumas lesões superficiais. Elas foram examinadas em Teresina, mas como os fatos ocorreram em Timon, a Delegacia de Proteção à Criança oficiou essas informações à Delegacia de Timon, que certamente deverá instaurar inquérito policial para apurar essas práticas que estão ocorrendo lá, esses maus tratos e essas lesões corporais que estão ocorrendo com essas crianças. Sem prejuízo da responsabilidade dos pais, que entregaram as crianças a pessoas que não tinham autorização para cuidar delas", destacou Luccy Keikko.

Por: Cícero Portela
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