A Corregedoria da Polícia Militar do Piauí foi acionada por um morador de José de Freitas, denunciando abuso policial praticado por militares durante a realização de um evento no município no mês passado. O relato do senhor Carlos Alberto da Silva Lima cita o nome de quatro PMs, sendo dois capitães e dois soldados, que teriam agredido fisicamente seus filhos e lhes ameaçado, durante diligência ao local do evento, ocorrido no dia 29 de maio.

Carlos Alberto é proprietário de um centro de eventos próximo à Barragem do Bezerro, em José de Freitas, e havia locado o espaço para a realização de uma exposição de motocicletas. Em determinado momento, iniciou-se uma pequena confusão porque um dos frequentadores havia entrado no banheiro feminino. Ao serem acionados, os militares que fazem o policiamento da cidade, teriam agido com excesso, chegando a utilizar spray de pimenta para conter a situação, atingindo, inclusive, quem não tinha qualquer relação com o tumulto.

“Foi então que um dos policiais me comunicou que o evento estava terminando ali, então eu argumentei com ele que tinha a licença e que só faltava uma premiação, que não demoraria muito para acontecer. Eles foram embora, mas retornaram assim que o evento terminou, avisando que estavam me prendendo por perturbação do sossego alheio”, relata Carlos Alberto.

Segundo ele, mesmo após apresentar a licença que permitia a realização do evento, os policiais continuaram insistindo em levá-lo para a delegacia. “Um dos capitães pediu para ver o documento, eu o entreguei, e ele rasgou o papel na minha frente. Depois, vendo que eles estavam alterados, eu entrei e fechei o portão, eles continuaram tentando entrar, inclusive empurrando portão”, disse ele à Corregedoria da PM

Imagens do laudo do exame do IML mostram as marcas das agressões sofridas pelo adolescente durante o trajeto para a Central de Flagrantes

Neste momento, um dos filhos de Carlos Alberto, que é menor de idade, teria tentado intervir para defender o pai e quase foi agredido pelos policiais. Seu outro filho, de nome Osvaldo Luiz Lima, junto com uns colegas, também tentou intervir, e um dos policiais, conforme o relato, sacou a arma e disparou na direção deles, para dispersá-los. “Todo mundo correu para a outra saída, mas o Osvaldo ficou e foi levado algemado pelos policiais para a delegacia”, diz Carlos Alberto.

No caminho, ele conta, seu filho mais velho sofreu ameaças e agressões físicas e verbais. Ao chegarem à delegacia de José Freitas, já encontraram o mais novo, junto com a mãe, para prestar esclarecimentos. “Eles não quiseram nem saber. Apreenderam meu menino mais novo e o levaram na viatura para a Central de Flagrantes em Teresina. Ele me contou que vinha sendo ameaçado o tempo todo, inclusive de morte, caso alguém da família denunciasse”, afirma Carlos Alberto.

O PortalODIA teve acesso aos laudos dos exames de corpo de delito feito nos jovens no IML de Teresina, atestando que eles sofreram agressões físicas por objetos contundentes, e que houve atentado à integridade e à saúde de Osvaldo e do adolescente.

Carlos Alberto já acionou a Defensoria Pública e foi encaminhado, pelo órgão, para se reportar ao Ministério Público do Estado e à Comissão de Direitos Humanos da OAB-PI.

O PortalODIA procurou a Corregedoria da PM para saber da instauração da investigação administrativa sobre a conduta dos policiais citados, mas ainda não obteve retorno.

Por: Maria Clara Estrêla