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Facção envolvida no massacre no AM já teve time registrado na CBF

Time da facção Família do Norte teve registro na CBF e fracassou na elite.

05/01/2017 10:03

Em 24 de julho de 2009, a Junta Comercial do Amazonas registrou a criação do Manaus Compensão Esporte Clube, time de futebol que disputaria a Série B do Campeonato Amazonense no segundo semestre daquele ano.

Pouco mais de um mês depois, em 31 de agosto, era preso em Manaus José Roberto Fernandes Barbosa, conhecido como “Zé Roberto da Compensa”, considerado pela polícia, já na época, o principal traficante do Norte do Brasil.

Essa prisão fez com que o sonho do Manaus Compensão se tornar a principal força do futebol profissional do Amazonas, com participação, por que não, em torneios nacionais como a Copa do Brasil e a Série D do Brasileiro, naufragasse.

Escudo do Compensão é apagado em presídio do AM (Crédito: Divulgação)

Time amador que a polícia liga à facção Família do Norte, apontada como principal responsável pela morte de 56 presos em rebelião ocorrida em presídio de Manaus no domingo (1), o Compensão chegou a se profissionalizar — integrou ao nome a palavra Manaus — e a disputar a elite do futebol amazonense em 2010.

O sonho, porém, durou dois anos. Investigação aponta que um dos principais ramos para a lavagem de dinheiro da facção comandada por “Zé Roberto da Compensa” já era o futebol em 2009, mas houve perda de dinheiro para o grupo nos primeiros anos que se seguiram à prisão de seu chefe.

O Compensão, que tinha esse nome em referência ao bairro Compensa, na zona oeste de Manaus, era um time famoso por conquistar títulos amadores, principalmente do Peladão, considerado o principal campeonato amador do Brasil.

Em 2009, o clube ousou e decidiu se profissionalizar. Passou por todos os trâmites legais, se registrou na Junta Comercial, na Federação Amazonense (FAF) e na CBF, pagou as taxas, e foi inscrito na Segunda Divisão do Amazonense.

Regularizado, não poupou dinheiro pelo acesso, apesar de o Amazonas ser um dos estados com futebol mais pobre do Brasil. Contratou, por exemplo, o artilheiro de 2009 do Amazonense da Série A, Branco, do Nacional, um dos grandes do Estado. Como era de se esperar, o Manaus Compensão voou na B e conseguiu o acesso com o título: 10 jogos, sete vitórias, um empate e duas derrotas.

Em 2010, o de estreia na Primeira Divisão, o dinheiro já estava escasso, mas houve pompa na apresentação dos jogadores e comissão técnica no salão de belezas de propriedade da presidente do clube, Miza Araújo.

A campanha foi ruim: o time foi oitavo, com 16 pontos em 13 jogos e brigou para não cair até o fim (quatro vitórias, quatro empates e cinco derrotas). Ficou uma posição acima do rebaixamento (ASA e Manicoré caíram).

Desistência

A manutenção na Série A não foi suficiente para que a direção conseguisse, ou priorizasse, investimento para 2011, e o clube pediu licença para a Federação Amazonense, sendo automaticamente rebaixado à B.

Ainda houve negociação com empresários que queriam criar clube chamado Zona Leste Futebol Clube para vender a inscrição na Federação, mas ao final a FAF vetou porque era preciso ficar um ano fora de torneios após o pedido de licença. Acabava o sonho do Compensão profissional, que voltou a brilhar no Peladão.

Apenas em 2015, seis anos após a prisão de “Zé Roberto da Compensa” e quatro depois do fim do Manaus Compensão, por meio de uma investigação que denominou a operação “La Murrala”, a polícia conseguiu reunir provas que um dos meios de lavagem de dinheiro da facção era o Compensão. Ela teria repassado ao menos R$ 320 mil ao time somente para participar de uma competição.


Fonte: UOL
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