Segundo a Polícia Militar, uma garota de 9 anos e o irmão de 10 anos faziam a entrega de salgados que a mãe comercializa na região. E em dado momento a menina teria sentido uma forte dor de barriga e não conseguiu chegar até sua casa, defecando na calçada da residência de Lucas Lages.
De acordo com a PM, o dentista teria visto a situação e, em vez de oferecer ajuda às crianças, agiu de forma extremamente agressiva, apontando a pistola 380 para a cabeça do garoto.
Dentista tinha em casa uma pistola 380 registrada, e um simulacro de pistola
Transtornado, o odontólogo teria exigido que o menino pegasse as fezes da irmã com as mãos e passasse no próprio rosto.
Minutos depois, a Polícia Militar foi chamada ao local e flagrou o dentista ainda com a arma em mãos. Além disso, a equipe de PMs também encontrou um simulacro de pistola na residência de Lucas Lages.
Segundo o capitão Oziel Sousa, do 9º Batalhão, a pistola possui registro. "Ele pode ter a arma em casa e andar com ela no veículo. Só não pode é fazer o que fez. Usar a pistola para ameaçar as pessoas, ainda mais uma criança", afirma Oziel.
Outro lado
A reportagem d'O DIA entrou em contato com o dentista, para ouvir sua versão sobre o fato. Lucas Lages negou que tenha usado a pistola para ameaçar o garoto, tampouco transitado com a arma de forma ostensiva.
Disse, ainda, que possui porte de arma há seis anos, e nunca a utilizou para fins ilícitos. "A única coisa que eu fiz foi chamar o menino e mandar ele limpar a minha calçada. Mas em momento algum eu apontei arma para a cabeça dele. Eu sou um cidadão íntegro, não tenho passagem pela Polícia e atendi a todos os pré-requisitos para conseguir o porte de arma de fogo".
Ele também afirma que um vizinho presenciou tudo o que ocorreu, e iria testemunhar em sua defesa, mas o delegado não teria aceitado colher o depoimento. "Meu vizinho é servidor público, um agente penitenciário, e viu que não fiz nada disso do que estou sendo acusado", afirma Lucas Lages.
O dentista foi encaminhado para a Central de Flagrantes de Teresina, e liberado apenas no domingo, após pagar uma fiança correspondente a dois salários mínimos. O delegado Beny Oliveira Cavalcante foi quem fez a autuação.
A defesa do odontólogo considera que ele foi enquadrado indevidamente em dois crimes - de ameaça e porte ilegal de arma de fogo -, pois possui o documento que o autoriza a ter a pistola. "Eu apresentei todos os documentos que comprovam a minha permissão para portar arma, mas o delegado simplesmente não deu a mínima", conclui o odontólogo.
O porte de arma de fogo é um documento concedido pela Polícia Federal, com validade de até 5 anos, que autoriza o cidadão a portar, transportar e trazer consigo uma arma de fogo, de forma discreta, fora das dependências de sua residência ou local de trabalho.
Fonte: Da Redação