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Criminosos pagavam por informações de dentro da delegacia de Barras

Policial civil e servidor da prefeitura de Barras teriam cedido informações a bandidos; servidor teria ainda subtraído objetos, como a arma que matou o advogado Kelton Feitosa.

05/09/2017 12:55

A Polícia Civil do Piauí, por meio da Operação Malum, desarticulou uma organização criminosa que atuava em diversas cidades do norte do Piauí. A quadrilha conseguia informações de dentro da delegacia de Barras, além da arma de um crime cometido em 2016.

O delegado Willame Morais, coordenador do Greco (Grupo de Repressão ao Crime Organizado) detalhou o resultado do trabalho na cidade de Barras. Segundo ele, um policial civil e um servidor da prefeitura do município são suspeitos de fornecer informações para grupos criminosos em troca de propina. Além deste, recai sobre o servidor da prefeitura, identificado como Francisco Medeiros de Oliveira, os crimes de peculato e apropriação indébita.


Delegados Willame Morais e Menandro Pedro (Foto: Moura Alves/ODIA)

O policial civil preso pelo Greco foi identificado apenas como Júlio Cesar, e é acusado de corrupção passiva. Ele é suspeito de receber propina para passar informações privilegiadas de dentro da delegacia. Segundo Willame, Júlio Cesar era um policial antigo, e trabalhava em Barras há pelo menos cinco anos. “Nos iniciamos essa investigação a pedido do Ministério Público porque, há dois anos, tivemos o assassinato de um advogado em Barras. A arma do crime desapareceu de dentro da delegacia”, afirmou o delegado Willame. 

A vítima era o advogado Kelton Feitosa, morto em junho de 2016. Segundo Willame, a suspeita desse furto recai sobre o funcionário. "O inquérito irá determinar a autoria desse crime", disse.

O servidor foi cedido pela prefeitura de Barras para realizar, segundo o delegado Willame, atos ordinários dentro da delegacia. “Ele aproveitava o conhecimento e sua permanência na delegacia para subtrair objetos públicos e fornecer informações privilegiadas a esses traficantes, que tinham tanto atividades em Barras como Esperantina, Piripiri e cidades circunvizinhas”, explica o delegado.

Ligações com o tráfico

Por meio das investigações, os policiais descobriram a relação do servidor com traficantes de drogas da cidade de Piripiri. Além de fornecer informações, o servidor também traficava drogas. Os fatos trouxeram a Depre (Delegacia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes) para a investigação.

Na cidade de Piripiri, a Depre conseguiu prender Jocivânia Menezes da Silva e seu irmão, Jocielton Silva. A mulher é acusada de comandar o tráfico de drogas em pelo menos quatro cidades: Barras, Piripiri, Piracuruca e Esperantina.

Segundo o delegado Menandro Pedro, coordenador da Depre, há informações colhidas pelo serviço de inteligência da Polícia Civil de que a acusada teria sido “batizada” e faria parte do PCC (Primeiro Comando da Capital), considerada a maior organização criminosa do Brasil.

Com ela, a polícia apreendeu um carro, duas motocicletas e cerca de R$ 3 mil em dinheiro, além de diversas joias e adereços em ouro. “Temos a suspeita forte de ela praticar e mandar praticar roubos na região”, informou Menandro.

Segundo Menandro, Jocivânia teria vários “funcionários”, como o irmão, que é acusado de tráfico de drogas e assalto. “São várias pessoas. A investigação não terminou”, disse o delegado Menandro.

Edição: Nayara Felizardo
Por: Andrê Nascimento
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