A defesa dos três adolescentes condenados pelo estupro coletivo em Castelo do Piauí disse que contesta o inquérito da Polícia Civil sobre o caso e entrou com um recurso junto à Promotoria de Justiça para pedir a revogação da sentença proferida no último dia 9 de julho pelo juiz Leonardo Brasileiro.

Os menores foram condenados a três anos de internação com medidas socioeducativas  e mais três anos de semiliberdade no Centro Educacional Masculino (CEM) , em Teresina. Dois dias depois de darem entrada no CEM, um dos acusados, Gleison Vieira, 17 anos, acabou sendo assassinado pelos companheiros. Em depoimento na Delegacia do Menor Infrator, os três confessara que cometeram o crime porque o colega teria sido o delator do estupro.

Em conversa com o PortalODia.com o advogado dos três adolescentes, Gerson Henrique Silva Sousa, conta que encontrou falhas na investigação da polícia e que tais falhas apontam para a inocência dos rapazes. “Tem lacunas que precisam ser bem esclarecidas, fatos que foram ignorados e que culminaram em uma sentença equivocada. A defesa simplesmente não concorda com tudo que foi apresentado à Justiça sobre esse caso”, afirma o defensor Gerson Henrique.

O defensor não quis dar mais detalhes sobre que falhas seriam essas, mas diz que o recurso já está nas mãos do promotor Cesário Cavalcante e que deve ser enviado em breve para o juiz Leonardo Brasileiro que preside o inquérito e foi quem proferiu a sentença aos menores. 

O PortalODia.com procurou o delegado responsável pelas investigações, Laércio Evangelista, que disse que todos os adolescentes confessaram a autoria do estupro coletivo quando prestaram o primeiro depoimento na Delegacia de Castelo pouco depois de serem apreendidos. "Nós temos provas contundentes de que houve sim a participação dos quatro menores citados e não só do Gleison, como a defesa afirma. Temos provas materiais disso, colhemos amostras, os depoimentos são sólidos e todo o material coletado foi entregue como deveria ser à Justiça", afirma o delegado.

Condenações

No último dia 09 de julho, o juiz da Comarca de Castelo do Piauí, Leonardo Brasileiro, condenou os quatro adolescentes pelo estupro coletivo contra quatro meninas em 27 de maio. A promotoria do caso informou que cada um dos menores responderia por oito atos infracionais: quatro estupros, três tentativas de homicídio e um homicídio, sendo este último crime referente à jovem Danielle Rodrigues, que morreu no HUT 11 dias depois do crime . 

Com relação ao único maior envolvido, a Justiça o condenou por seis crimes. Adão José de Sousa  encontra-se detido no Presídio de Altos e responde por porte ilegal de arma, estupro, homicídio, três tentativas de homicídio corrupção de menores e associação criminosa. Ele foi apontado como o mentor do estupro coletivo.

Assassinato

No último dia 16 de julho, Gleison Vieira, 17 anos, foi assassinado dentro das dependências do CEM  após ser foi agredido pelos outros adolescentes com quem foi condenado pelo estupro coletivo. Ao serem ouvidos pela delegada Thaís Paz, da Delegacia do Menor Infrator, os menores confessaram o assassinato e disseram que o fizeram porque Gleison teria lhes entregue para a polícia e colaborado com as investigações em seus depoimentos dando detalhes de como tudo aconteceu.

Para apurar a morte de Gleison, o Estado exonerou toda diretoria do CEM e retirou de lá os outros adolescentes envolvidos no crime para evitar agitação por parte dos outros internos. Os rapazes encontram-se ainda no Centro de Internação Provisória (CEIP).