Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Casos de golpe do falso sequestro voltam a explodir em Teresina

Reportagem foi informada de três casos de pessoas que receberam ligações de criminosos dizendo ter sequestrado seus familiares.

10/01/2017 14:46

A reportagem do portal O DIA tomou conhecimento de novas pessoas que teriam sido vítimas da tentativa de golpe do falso sequestro em Teresina. Pelo menos três casos ocorreram em menos de duas semanas.

Por volta do meio-dia deste terça-feira (10), o trabalhador autônomo Paulo Izidoro de Abreu, de 56 anos, recebeu uma ligação no telefone fixo de sua casa e foi surpreendido com uma voz feminina que disse: "Pai, pai, fui roubada! Pai, me ajuda, eu estou no carro dos ladrões. Vou passar o telefone para eles."

A voz não era da filha de Paulo Izidoro, mas o nervosismo provocado pelo pedido de socorro do outro lado da linha o fez ter, num primeiro instante a plena convicção de que realmente sua filha estava em perigo.

"O telefone tocou uma vez e eu não atendi, porque eu não costumo atender ligações de números desconhecidos. Mas como meu filho fez uma viagem hoje eu imaginei que poderia ser ele e atendi na segunda vez que ligaram. Era uma ligação a cobrar", detalha.

Depois de conversar rapidamente com a pessoa que simulou a voz de sua filha, Paulo Izidoro passou a dialogar com outro integrante da quadrilha, que reafirmou se tratar de um sequestro.

"Ele disse que foi fazer um assalto com os comparsas, mas que acabou não dando certo. Disse que, infelizmente, minha filha ia passando pelo local no momento e acabou sendo sequestrada por eles. Depois disso, ele pediu que eu falasse o número do meu telefone celular compassadamente, que eles iam ligar passar todas as orientações para que eu pudesse ter minha filha de volta", relata Paulo Izidoro.

Durante todo o diálogo, Paulo Izidoro ouvia uma voz feminina ao fundo como se estivesse chorando. E para dar maior veracidade à farsa, o criminoso afirmou que havia conversado com a jovem e que ela havia dito que o pai era um "homem humilde, mas que tinha palavra".

Neste instante da ligação, que durou cerca de cinco minutos, o golpista disse que Paulo Izidoro não deveria comentar com ninguém sobre o suposto sequestro da sua filha, muito menos acionar a Polícia para auxiliá-lo.

O criminoso, então, orientou o pai da jovem a ir até a Avenida Maranhão, onde ele receberia sua filha de volta. Neste momento, porém, Paulo Izidoro teve a ideia de ligar para o celular da jovem que estava no trabalho e atendeu ainda no primeiro telefonema feito pelo pai.

"Eu me toquei. Lembrei do que a Polícia recomenda, que é manter a calma e tentar entrar em contato com a pessoa que teria sido sequestrado. No momento em que minha filha atendeu eu expliquei o que estava acontecendo e ela disse que estava tudo bem com ela, que ela estava no trabalho", detalha.

Depois de confirmar que sua filha estava bem, Paulo Izidoro sequer voltou a falar com o golpista, e desligou imediatamente o telefone fixo. "Eu estava desesperado. A gente vai no outro mundo e volta, né? Quando minha filha falou eu comecei logo a chorar. Eu tinha acabado de almoçar, e fiquei muito nervoso", acrescenta.

Mesmo após Paulo Izidoro ter desligado o telefone, os golpistas continuaram ligando para seu telefone de forma insistente. 

Servidor público caiu em golpe e transferiu R$ 5 mil para criminosos

Um servidor público do INSS, de 59 anos, foi vítima do mesmo golpe no último dia 2 de janeiro, mas, infelizmente, só percebeu que se tratava de um falso sequestro depois de ter transferido R$ 5 mil na conta fornecida pelos criminosos.

Segundo a filha do servidor, o pai recebeu a ligação dos criminosos quando estava no trabalho, e o modus operandi foi o mesmo utilizado no caso do autônomo Paulo Izidoro.

Depois do primeiro contato, no telefone do trabalho, pediram que o servidor fornecesse o número do seu celular. Ligaram para o aparelho móvel e permaneceram na linha até que o servidor realizasse a transferência bancária.

Inicialmente, os bandidos haviam exigido a quantia de R$ 3 mil. Mas depois que o valor foi transferido eles pediram mais R$ 2 mil, e disseram que liberariam a jovem supostamente sequestrada em frente ao Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Avenida Frei Serafim.

O servidor chegou a ir a dois banco para realizar as transferências bancárias, em agências localizadas no centro da capital.

"Eu estava no trabalho e uma mulher que trabalha com meu pai me mandou uma mensagem no Facebook dizendo pra eu ligar pra ela. Eu liguei e ela me disse que meu pai estava achando que eu havia sido sequestrada. Então, eu tentei diversas vezes falar com ele mas o tempo todo o telefone dava ocupado", relata a jovem.

Em novembro do ano passado, a mãe da jovem já havia sido alvo de uma tentativa de golpe do falso sequestro, mas conseguiu descobrir a farsa antes de transferir o dinheiro exigido pelos bandidos.

O servidor e a filha registraram o boletim de ocorrência no 1º Distrito, no centro de Teresina, mas até agora a Polícia não deu qualquer posicionamento a respeito do andamento das investigações, tampouco informou ao servidor se é possível reaver o dinheiro, que foi transferido para uma conta do Rio de Janeiro.

Após receber ligação de criminosos, mulher ficou em estado de choque e não acreditou que filha estava bem

O terceiro caso relatado à reportagem do portal O DIA ocorreu na última quinta-feira, dia 5 de janeiro. Mais uma vez, o modus operandi utilizado pelos bandidos foi o mesmo. 

A mãe da jornalista Luana Santana foi o alvo dos golpistas. "Eles ligaram para o celular dela e disseram que tinham me sequestrado. Fizeram aquele terrorismo todo. Colocaram uma menina ao fundo gritando e dizendo: 'Mãe, por favor, faz tudo o que eles mandarem, paga o que eles mandarem, porque senão vão me matar'. E essa menina gritava e chorava muito. Na cabeça da minha mãe, ela tinha certeza que era eu", detalha Luana. 

Neste caso, a família também não caiu no golpe porque o irmão da jornalista entrou em contato com ela imediatamente. "Com a gritaria da minha mãe, em desespero no telefone com o cara, meu irmão pegou o celular e ligou pra mim. Por sorte eu atendi na mesma hora e disse que estava bem. Ele passou o telefone pra minha mãe e mesmo assim ela não conseguiu acreditar que estava falando comigo, que eu estava bem. Ela ficou em choque mesmo", detalha a jornalista.

Por: Cícero Portela
Mais sobre: