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Briga entre facções rivais deixa mortos no maior presídio do RN

Pelo menos dez presos foram assassinados dentro da Penitenciária Estadual de Alcaçuz. Três deles foram decapitados.

15/01/2017 12:25

O Governo do Rio Grande do Norte confirmou na noite deste sábado (14) que pelo menos dez presos foram assassinados durante uma briga entre facções criminosas na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, região metropolitana de Natal (RN), que começou durante a tarde. Não há registro de fugas ou reféns.

No início da noite, a Coape (Coordenação de Administração Penitenciária) havia confirmado a decapitação de três presos depois de ver imagens divulgadas pela polícia nas quais podiam ser vistas três cabeças jogadas na área externa da unidade prisional. Os presos mortos ainda não foram identificados.

Presos se rebelaram na tarde deste sábado (14), em Alcaçuz (Foto: Divulgação/PM)

"Deu para ver que eles [os presos] jogaram três cabeças para fora dos pavilhões, mas a polícia ainda não conseguiu entrar na unidade prisional", disse o coordenador de administração penitenciária do Rio Grande do Norte, Zemilton Silva.

Segundo o governo do RN, a rebelião começou por volta das 17h (18h no horário de Brasília), quando presos do pavilhão 5, chamado de Presídio Rogério Madruga Coutinho, invadiram o pavilhão 4 para matar rivais. A rebelião não atingiu os pavilhões 1, 2 e 3.

O Bope (Batalhão de Operações Especiais) estava no local tentando controlar a situação, mas o plano foi não entrar no presídio durante a noite, pela falta de visibilidade, que poderia por em risco a operação.

O presídio ficou cercado de policiais para evitar fugas e a área externa de Alcaçuz estava controlada por policiais militares e agentes penitenciários.

Por volta das 6h (7h em Brasília), a PM (Polícia Militar) entrou no complexo penitenciário.

Familiares de detentos aguardam notícias do lado de fora. 

Superlotação

Maior presídio do Estado, Alcaçuz está superlotada. Com capacidade para 620 internos, conta atualmente com cerca de 1.200 presos.

A penitenciária custodia presos das facções criminosas Sindicato do Crime do RN e PCC (Primeiro Comando da Capital). A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN, Vilma Batista, disse que os presos são separados por facção criminosa em Alcaçuz -- os integrantes do Sindicato do Crime do RN estão nos pavilhões 1, 2, 3 e 4, enquanto o pavilhão 5 é destinado aos integrantes do PCC.

O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte enfrenta uma crise na segurança desde o ano passado. O domínio de facções criminosas que agem dentro e fora das unidades prisionais se intensificou desde março de 2015, quando os presos organizaram uma onda de rebeliões, depredaram as celas e ficaram soltos, todos misturados, nos pavilhões dos presídios do Estado.

Os 16 presídios que foram depredados continuam em obras inacabáveis por conta da constante depredação dos presos. O Estado já gastou R$ 7,3 milhões dos R$ 15 milhões orçados para recuperação das unidades prisionais. As reformas deveriam ser concluídas até outubro do ano passado.

Em agosto do ano passado, presos do PEP (Presídio Estadual de Parnamirim) se rebelaram e organizaram uma série de ataques criminosos em Natal e cidades do interior do Estado depois que tiveram o sinal de telefone celular bloqueado. As lideranças dos ataques são facção criminosa Sindicato do Crime do RN. A série de ataques incendiou 32 ônibus em todo o Estado.

Ajuda

O governo do RN informou que pediu para que o Governo Federal acompanhe a situação do Estado e mande reforço da Força Nacional, "o que foi autorizado prontamente", diz nota.

O Sindicato dos Policiais Civis do RN pediu para que os policiais fiquem em alerta para trabalhar contra uma suposta onda de ataques em Natal ordenada por presos. "Existem informações vindas de presídios dando conta de um salve geral dos presos no Rio Grande do Norte e em outros Estados", destacou o presidente do Sinpol, Paulo César de Macedo.

Apesar do alerta, o governo do RN informou não haver registro de nenhuma ação externa aos presídios.

Fonte: UOL
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