Moradores do bairro Memorare,
na zona Norte de Teresina,
reclamam da falta de segurança
na região. Eles relatam que não
há policiamento no bairro e que
não podem nem sentar na porta
de suas casas sem que bandidos
os abordem.
Foto: Assis Fernandes/ODIA
Maria Neusa, moradora do
bairro, fala que já reagiu a um
assalto porque não tinha policial
na rua para protegê-la. “O
real problema do bairro é a segurança.
A qualquer hora pode
passar alguém de moto e assaltar
os moradores. Eu já fui assaltada
várias vezes, as minhas mãos estão despelando porque eu reagi
a um assalto e acabei me ferindo.
Levaram minha bolsa, meu anel,
meu celular e, quando ele viu minha
aliança, quis arrancá-la do meu
dedo, mas eu mordi a orelha dela e
acabei rasgando-a. Eu não saio mais
de casa sem estar armada. Depois
de sermos vítimas de assalto, conhecemos
um bandido a distância”,
desabafa.
A moradora ainda conta que,
uma vez, um bandido se vestiu de
agente endêmico para tentar entrar
em sua casa e roubá-la. “Um rapaz
bateu aqui na porta numa segunda-
-feira e eu perguntei o que ele queria,
ele disse que queria entrar para
checar se havia possíveis focos de
mosquito da dengue. Eu chamei
meu marido para confirmar o que
eu já sabia, o agente de saúde tinha
vindo na semana anterior fazer a
vistoria, não viria uma segunda vez.
Achei muito suspeito e deduzi que
ele queria assaltar minha casa. Vários
amigos meus foram vítimas de
bandidos vestidos com o uniforme
dos agentes”, relata.
Já o morador Antônio Carlos da
Silva fala que, semana passada, sua
vizinha pediu que a manicure fosse
até a casa dela e, quando ela menos
esperou, um adolescente, na faixa
etária de 16 anos, invadiu a casa e
a assaltou. “Tem uma menina que
é manicure e, de vez em quando, o
pessoal aqui da rua chama ela para
trabalhar. Um moleque de 15, 16
anos entrou na casa e tomou o celular
das meninas e os moradores da
rua queriam ir atrás dele”, lembra.
Contudo, Antônio diz que registrar
boletim de ocorrência para
estes casos não tem serventia. “A
gente não registra queixa na delegacia
porque não resolve o problema,
prende hoje e solta no dia seguinte.
A segurança por aqui é péssima.
A comunidade até paga um rapaz
que faz rondas pelo bairro à
noite, mas não existe coisa mais
difícil do que ver um carro da polícia
passando por aqui”, lamenta o
morador.
Policiamento
Por sua vez, o coronel Vicente
Carlos, comandante do 9° Batalhão
da Polícia Militar, fala que há
policiamento na ruas, mas quando
se prendem os bandidos, os
próprios moradores não querem
prestar queixa. “As pessoas não
querem denunciar. Nós fazemos a
apreensão e chamamos as vítimas
de assalto para um reconhecimento,
mas eles não querem fazer; na
maioria das vezes, querem apenas
os objetos furtados de volta e não
querem registrar nenhuma queixa”,
declara.
O coronel afirma também que
o alto índice de reincidência tem
contribuído para que os assaltos
aconteçam. “Dos indivíduos que
prendemos, a maioria é reincidente,
tem cinco, sete passagens pela
Polícia. Os que são menores são
soltos assim que os pais vem na delegacia
buscá-los. Isso é normal na
zona Norte”, afirma Vicente Carlos.