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"œTeresina só vai melhorar quando estiverem prontos todos os corredores"

Superintendente da Strans, Carlos Augusto Daniel, defendeu o reajuste, destacou que a administração municipal não tinha como continuar arcando com subsídios.

23/01/2017 07:42

No início do ano, a Prefeitura de Teresina anunciou o reajuste da passagem de ônibus nos coletivos da capital. O valor, antes de R$ 2,75, ficou em R$ 3,30. Para os estudantes, o prefeito manteve a tarifa congelada em R$ 1,05, pelo sexto ano consecutivo. A decisão gerou protestos de usuários e, na última semana, o promotor Fernando Santos anunciou que ingressaria com uma ação judicial questionando os valores. Em entrevista ao ODIA, o superintendente da Strans, Carlos Augusto Daniel, defendeu o reajuste, destacou que a administração municipal não tinha como continuar arcando com subsídios que, segundo ele, vinha mantendo ao longo dos últimos anos. O superintendente comentou ainda as críticas em relação ao sistema de integração já implantado até agora e admitiu que os usuários só sentirão melhorias no transporte público após a conclusão das obras dos terminais de integração e corredores exclusivos. Ele falou ainda sobre as obras que estão sendo executadas e afirmou que os estudos de mobilidade apontam uma melhoria significativa no trânsito da capital. Confira: 


(Foto: Rômulo Piauilino/ PMT)

O Ministério Público questiona a aplicação da tarifa e o custo de R$ 3,30 porque, segundo ele, a Prefeitura não teria praticado a tarifa prevista no edital de licitação. Isso é verdade? Por quê? 
O problema da tarifa em nada tem a ver com o repasse da passagem para o usuário. A tarifa repassada aos consórcios foi uma tarifa licitada através de concorrência em 2014. Acontece que esse contrato de licitação entrou em vigor só em 2015, depois de decorrido um ano de prazo. Então, em 2015 essa tarifa teria que ser corrigida financeiramente, porque um ano depois tudo custa mais caro: o salário mínimo, plano de saúde, gasolina, etc. Esse acréscimo é decorrente desses reajustes do ano passado. É contratual o reajuste anual para remuneração dos consórcios, feito através de edital de concorrência. Além disso, em 2105, a Prefeitura impôs aos consórcios o acrescimento de 32 ônibus em linha circular e mais o acrescimento de 50 ônibus para fazer parte do sistema, em uma antecipação da frota. Esses fatores levam a um aumento no custo operacional do sistema e, portanto, o aumento da tarifa de remuneração é decorrente desses fatores. 
Mas o Ministério Público fala em ajuizar uma ação questionando o reajuste... 
A Prefeitura não terá nenhum problema em comprovar a regularidade e a legalidade do que foi feito, já que todo o processo foi feito de acordo com o edital de licitação e também com a presença de membros do Conselho Municipal de Transportes, que reúne representantes de todas as categorias envolvidas com o transporte público. As informações da planilha são públicas. 
A Prefeitura diz que os reajustes anteriores foram menores por conta do subsídio repassado às empresas. Porque somente agora ele foi retirado? 
Na realidade, nos anos anteriores, como foi mantido congelado o valor da tarifa por um longo período, seria inviável repassar tudo de uma vez só. Então, o prefeito Firmino Filho, de 2014, 2015 e 2016 ainda tinha uma expectativa de melhora na situação econômica do país, então, conseguia ainda suprir as necessidades do complemento dos recursos necessários para suportar o sistema. Acontece que a crise se agravou muito e o prefeito entendeu que esse ano já tinham sido concedidos os aumentos gradativos. Esse ano, como a Prefeitura não teria mais condições de arcar de maneira nenhuma com esse aumento da passagem, ele resolveu dar o aumento da tarifa calculada na planilha. Ele manteve o valor e manteve o estudante em R$ 1,05 porque se houver alguma defasagem, a do estudante é muito pequena e a Prefeitura pode arcar com essa despesa, se for o caso. Esse subsídio a Prefeitura arca com recurso próprio, previsto no Orçamento. 
Quais itens da planilha motivaram o reajuste? 
A planilha é composta de óleo diesel, mão de obra, fardamento, oficinas, custo de alimentação, pneus, manutenção de máquina, renovação de frota, tudo isso é incluso. Só não está incluso quando, por ordem da Prefeitura, eles antecipam a renovação de frota. O que está dentro da previsão não tem acréscimo. O acréscimo, vou novamente repetir, é em função de uma defasagem. Ano passado o preço calculado da planilha foi R$ 2,83 e o prefeito manteve em R$ 2,75 em função do acréscimo ser alto e a Prefeitura podia ainda arcar com essa despesa. Agora está inviável. A gente sabe que a atual situação econômica do país não permite mais esse tipo de aporte de recurso. Então, foi reduzido ao máximo possível. 
A população ainda tem muitas críticas em relação à qualidade do serviço e dos ônibus. Porque isso ainda acontece já que a integração começou? 
A integração começou em fase de adaptação na zona Sudeste de Teresina. Começamos por lá porque estão prontos dois terminais. Mas, a gente só vai notar a melhoria real do sistema total quando forem implantadas as faixas e corredores exclusivos. Aí é quando você vai ter realmente uma melhora de tempo e de percepção do usuário. Agora, hoje já existe uma melhora considerável em relação à frota. Em 2014 nós tínhamos uma frota com mais de 8 anos, em média. Hoje nós temos uma frota com 5,6 anos depois que o prefeito obrigou que as empresas adquirissem novos veículos em 2015. Esse ano vão ser incrementados mais 100 novos ônibus com ar condicionado. Isso vai levar a frota a ficar com pouco mais de quatro anos, que é uma frota, talvez, uma das mais novas do Brasil. Hoje temos mais de 80 ônibus novos. Deverão ficar mais de 180 ônibus novos em todas as regiões. Esses ônibus vão contemplar principalmente a zona Sudeste e aí o que tirar da Sudeste vai para as outras zonas. Mas é importante dizer que Teresina só vai melhorar quando estiverem prontos todos os corredores exclusivos.
Por: Equipe O Dia
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