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"œPrograma Mais Médicos pode acabar", diz Conselho de Saúde do Piauí

Teófilo Cavalcante disse que a substituição dos 132 médicos cubanos que deixam o Piauí não foi garantida. Ele também criticou a PEC 241

24/10/2016 14:49

A continuidade do Programa Nacional Mais Médicos, do Governo Federal, é uma incógnita. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (24), pelo presidente do Conselho Estadual de Saúde do Piauí, Teófilo Cavalcante, durante solenidade de despedida de 132 médicos cubanos, no Palácio do Karnak.

Em seu discurso, na presença de autoridades, como o governador Wellington Dias (PT), Teófilo disse que não há garantias de manutenção do programa por parte do Governo Federal, quanto à contratação de novos médicos para atuar nos Estados. “O Governo acenou que o programa terá continuidade, mas para nós do controle social, que envolve todos os conselhos do país, não há essa segurança. Por mais que se fale na mídia, não temos a informação de que outros virão para suprir as necessidades nas áreas carentes”, comentou.

Foto: Moura Alves/ODia

Para o presidente do Conselho Estadual, há riscos de cortes no número de médicos substitutos. Ele lembrou que outros programas foram extintos, citando como exemplo o “Farmácia Popular”. “Esses médicos estão indo embora, depois de terem cumprido seus papéis com muita honra, mas, por outro lado, a população fica desassistida por falta de profissionais para dar continuidade aos atendimentos”, pontuou.

Segundo Idvani Braga, coordenadora da Comissão Estadual do Programa Mais Médicos, 132 médicos saem até dezembro devido ao encerramento do contrato de três anos, mas eles serão substituídos em 45 dias. "124 profissionais cubanos permanecem no Estado, pois o contrato não venceu", acrescenta Idvani.

Contra a PEC 241

Teófilo fez duras críticas à Proposta de Emenda à Constituição que limita o aumento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos, a PEC 241, apresentada pelo Governo Federal. Segundo ele, os 92% dos piauienses que atualmente dependem exclusivamente do SUS, sofrerão consequências em caso de aprovação da proposta.

“Nós que lutamos para construir o SUS durante 28 anos, nos deparamos agora com essa tal da PEC da morte. Por onde andamos ouvimos de prefeitos a cobrança de mais recursos para a saúde, sendo que o governo resolve cortar o pouco que tem. Quem é gestor vai saber, caso ela seja aprovada, a diferença que isso vai fazer no SUS. Todo mundo sabe que não se faz saúde sem dinheiro. Saúde não é gasto, é investimento”, reclamou.

Legado dos médicos cubanos

Os médicos Cubanos que atuaram no Piauí, nos últimos três anos, vão deixar como legado a humildade e competência, segundo o presidente do Conselho Estadual de Saúde. Teófilo lembrou que a vinda dos profissionais ao Estado foi bastante conturbada, em 2013, após lançamento do programa, feito pela então presidente Dilma Rousseff.

“Alguns deles foram hostilizados em Fortaleza, e houve uma campanha dos médicos brasileiros contra o Programa. Algumas pessoas diziam que eles não eram capacitados para atuar no Brasil, mas ficou provado o trabalho honesto e humanizado de todos eles para a população. O tabu foi quebrado”, comentou.

Para o governador Wellington Dias, o Brasil deve ampliar o modelo de atendimento da saúde na família, facilitando o acesso do cidadão à prevenção de doenças. Sobre os rumores da extinção do Programa Mais Médicos, que finaliza sua primeira etapa no Piauí, afirmou que irá trabalhar com os demais governadores para que o programa continue.

Foto: Moura Alves/ODia

“Nossa missão é priorizar primeiro os médicos brasileiros, mas a legislação nos permite contratar de qualquer país em que há profissionais dispostos a contribuir na saúde do nosso Estado e, sem dúvidas, vamos lutar por isso. Da Parte do Piauí, vamos trabalhar em parceria com os gestores municipais e outras entidades para mais investimentos nesse modelo de atuação preventiva”, finalizou.  

Edição: Nayara Felizardo
Por: Francisco Barbosa
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