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"œEu enviei 22 currículos e não recebi nenhuma resposta", conta trabalhador

O aumento do desemprego está relacionado com a crise econômica que assola o país há alguns anos.

25/04/2016 07:39

Eduardo Lima, 32 anos, está há três meses desempregado. Demitido da empresa em que trabalhava no setor de compras, o professor de computação está vivendo com o que ainda recebe do seguro- -desemprego. “Na época que eu fui demitido, eu tinha um dinheiro guardado e fui utilizando ele de acordo com o que foi aparecendo, quitei todas as minhas dívidas e cancelei meu cartão de crédito. O dinheiro que ainda tenho do seguro-desemprego eu estou tentando não gastar, mas eu sei que essa minha reserva pode acabar a qualquer momento”, lamenta. Nesse meio tempo, Eduardo conseguiu alguns freelances, mas, segundo ele, esse dinheiro é algo que não se pode contar sempre, visto que é oriundo de um trabalho temporário.


O professor de computação já entregou currículos em inúmeros lugares. “Eu já enviei 22 currículos para seleções de emprego e não recebi nenhuma resposta”, afirma. Mas ele mantém a esperança de encontrar uma vaga que se encaixe em qualquer uma das áreas em que possui especialidade. “Faz dez anos que eu trabalho e de lá para cá eu já trabalhei em muitos lugares, na área administrativa, como professor, no setor de compras e em um total de doze áreas distintas”, explica.


Essa não é a primeira vez em que Eduardo está passando por essa situação. Entretanto, de acordo com ele, está sendo a mais difícil. “Antes, quando eu ficava desempregado, com cerca de 20 dias eu já estava empregado em outra coisa. Essa última vez, de dezembro para cá, está sendo a época mais difícil’, revela.


Durante a procura por um novo emprego, Eduardo se mantem atento a qualquer oportunidade que é divulgada, sobretudo nos sites e páginas de vagas nas redes sociais. Ele questiona o modo de seleção de alguns locais. “Algumas empresas estão enviando os seus pedidos para algumas consultorias que, por sua vez, cobram das pessoas que vão lá entregar currículo, uma taxa de 20, 30 reais que equivale a uma taxa de preparatório ou curso”, destaca. Para ele, não faz sentido tantas pessoas desempregadas, saírem de casa a procura de oportunidades e ainda ter que pagar por algo que é tão incerto. “Se a cada 100 pessoas que entregarem currículo e cada uma pagar essa taxa e só uma pessoa for contratada, os outros que também pagaram deveriam ter esse dinheiro ressarcido”, reclama.


“Eu tenho curso superior, eu já fiz outros cursos na minha área e em outras áreas e atualmente estou fazendo um curso de línguas e mesmo assim, tentar uma reinserção no mercado de trabalho não está sendo fácil. Eu, infelizmente, ainda não consegui nada”, finaliza.


Trabalhar a empregabilidade é importante


O momento pelo qual o professor de computação, Eduardo Lima, está passando, também é sentido por inúmeros piauienses. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (PNAD), divulgados recentemente, mostram que a taxa de desemprego no Piauí em 2015 fechou o ano com 7,5%, cerca de um ponto percentual acima da média registrada em 2014. Em Teresina, também houve aumento no desemprego no ano passado. A taxa na capital piauiense fechou com percentual de 7,7% em 2015.


Foto: Elias Fontenele/ODIA


Quase 3.500 pessoas ficaram desempregadas em fevereiro deste ano no Piauí. Enquanto que em Teresina foram fechados 7.642 postos de empregos no mesmo mês. Os dados são do Cadastro Geral de Empregos e Desempregos (Caged).


Para a presidente da Associação de Recursos Humanos no Nordeste, Ana Cristina Barros, o aumento das taxas de desemprego no Estado está associado com a crise econômica que assola o país há alguns anos. O que, segundo ela, acaba abalando a credibilidade do mercado de trabalho. “As empresas estão receosas em apostar, desenvolver produtos, empreender e isso, de certa forma, repercute no mercado e as pessoas acabam não realizando mais contratações”, explica.


Diante desse quadro de crises e incertezas, a recomendação principal para o trabalhador é o investimento constante em sua própria empregabilidade, mesmo que ele esteja empregado durante muitos anos em alguma empresa. “Muitas pessoas deixam para se preparar para o mercado de trabalho depois que acontece, por exemplo, uma demissão ou quando termina um curso de graduação” destaca Ana Cristina. Para a presidente da Associação de RH, é necessário que a pessoa trabalhe constantemente sua empregabilidade, estando ou não empregada. “No caso de pessoas que foram demitidas, se elas começarem a se preparar somente nessa época, pode ser muito tarde”, acrescenta.



Por: Aldenora Cavalcante - Jornal O DIA
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