Há cinco anos, o grupo “Eu Quero Ajudar” realiza trabalhos voluntários que atendem pessoas em situação de rua em Teresina. O projeto começou em 2012, quando uma das integrantes, a advogada Priscilla Jacob, decidiu preparar uma refeição tradicional da família e servir em comemoração ao Natal, surgindo então a ‘Natalrronada’.
Grupo leva lanche para moradores de rua que ficam em frente à Ceapi (Foto: Arquivo Pessoal)
A partir desta singela ação, outras pessoas demonstraram interesse em ajudar também, surgindo então o grupo, hoje formado por mais de 200 pessoas. Atualmente, as atividades são realizadas diariamente, não somente em alusão às festividades de final de ano, e englobam outros feriados, como a Páscoa, o Dia das Crianças, entre outros.
“Procuramos reunir a necessidade de uma comunidade, família ou pessoa que está passando por um momento precário e, através de campanhas, tentamos suprir isso; por isso, vivemos sempre realizando campanhas, pois contamos muito com a colabora- ção das pessoas”, disse.
Outra voluntária é a fisioterapeuta e biomédica Isabela Melo, de 35 anos. Ela conta que, em 2015, o grupo assistiu uma reportagem nacional mostrando a realidade das pessoas que dormem em filas de hospitais para conseguir uma consulta. Vendo essas histórias, os voluntários decidiram criar o projeto “Consulta do Amor”, que visa levar alimento para esses usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
A ideia foi divulgada nas redes sociais e muitas pessoas se interessaram pela proposta e se colocando à disposição para doar os itens que compõem os lanches, como pães,salsicha, entre outros. Posteriormente, a ação se expandiu para outras regiões da Capital.
“Os voluntários se reuniam para preparar os lanches e entregar a essas pessoas todos os dias, a partir das 20h. Até que chegou um momento que esse problema foi solucionado e as filas pararam de se formar, então direcionamos nossa ação para outros lugares e grupos”, explica Isabela Melo.
Desde então, o grupo tem percorrido diversos pontos da cidade, entre o Centro e as zonas Norte e Sul de Teresina. Cerca de 10 voluntários entregam as refeições a moradores de rua que ficam em praças e nas proximidades do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e da Central de Abastecimento do Piauí (Ceapi).
“Nós levamos não só alimento, mas amor para essas pessoas que estão em situa- ção de rua. A gente não entrega o alimento e vai embora, nós sentamos no chão, conversamos, eles sabem nossos nomes, nos conhecem e tentamos ajudar. Se essa pessoa sofreu algum tipo de abuso, sexual ou agressão, ou até quer deixar de usar drogas ou bebidas, nós conseguimos interná-las”, disse a fisioterapeuta.
“Eu não consigo descrever em palavras o que sinto”, diz voluntária
Ser voluntário, para Isabela Melo, é fazer algo pelo
próximo e ter a sensação de
que está, de alguma maneira, aliviando o sofrimento de
alguém. Para ela, o maior pagamento é ver a felicidade no
rosto das pessoas que estão
sendo ajudadas e a certeza de
que seu dia será melhor com
essa ajuda.
Voluntários superam desafos da correria do dia a dia e falta de recursos e mantêm ações sociais (Foto: Arquivo Pessoal)
“Eu sempre tive vontade de
ajudar o próximo e fazia trabalhos pequenos, porque era
só eu. Até que conheci o ‘Eu
Quero Ajudar’ e é uma sensação de bem-estar muito grande. As pessoas nos agradecem,
sem imaginar o quanto aquilo
faz bem para mim. Chegar em
casa e ter a certeza que aquele
irmão que está na rua, carente
de tudo, vai dormir um pouco
mais acalentado, de amor e de
alimento. É uma troca de energia incrível e eu não consigo
descrever em palavras o que
eu sinto, mas é tudo na minha
vida”, pontua.
A advogada Priscilla Jacob
também enfatiza a importância do voluntariado e destaca
dos desafios. De acordo com
ela, a falta de tempo é a principal justificativa para que as
pessoas não façam alguma
ação voltada ao próximo, porém, ela lembra que isso não
deve se sobressair à vontade
de ajudar.
“Alguns desafios fazem parte, como a falta de tempo ou
a falta de recursos, que nos
impedem de realizar alguma
ação, mas isso não supera
nosso amor e a boa vontade
que temos em desenvolver
nossas atividades. Nós tentamos demonstrar o benefício
do trabalho voluntário, mantendo o comprometimento,
para que tudo aconteça periodicamente e de maneira
organizada. Mais do que doar
e ajudar o outro, estamos
nos ajudando, descartando
a promoção pessoal e reconhecimento, e ajudando sem
esperar nada em troca”, conclui a advogada e fundadora
do grupo “Eu Quero Ajudar”
Por: Isabela Lopes