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Trocas de roupas e bazares impulsionam consumo consciente

Empreendedoras destacam vantagens das modalidades tanto para o bolso quanto por estilo de vida.

27/11/2019 06:48

Sabe aquela blusa que você comprou, nunca usou e está no guarda-roupa há mais de um ano? Ou aquela sandália que você só usou uma vez e depois nunca mais colocou nos pés? Esses são apenas alguns dos exemplos de peças que podemos ter em nosso guarda-roupa, totalmente sem uso e que poderiam ser repassadas adiante.

Além de dar uma nova vida para essa peça, ainda é possível ganhar dinheiro com isso. Foi o que a estudante de Moda e Estilismo, Anny Carvalho, de 23 anos, fez. Depois que parou de trabalhar para outras pessoas e passou a se dedicar somente ao ateliê que ela e a mãe têm, a renda deu uma diminuída, então ela precisou buscar outra fonte para ganhar dinheiro.

“Além da necessidade de complementar minha renda, que não estava tão alta porque eu tinha parado de trabalhar, eu também percebi que tinha muita coisa que não usava mais e que estava dentro do guarda-roupa sem necessidade nenhuma, sendo que eu poderia repassar para outras pessoas que poderiam aproveitar muito mais. Então, eu decidi montar minha lojinha no Instagram”, conta.

O lucro, segundo Anny, não é alto, já que ela vende as peças por um valor bem abaixo do que comprou. Contudo, além de repassar a peça, ela ainda abre espaço no guarda-roupa para novos produtos que ela mesma costura em seu ateliê. Outra forma de ganhar uma renda extra é vendendo as peças de outras pessoas em sua lojinha. 

“Normalmente eu não compro peças em lojas. É muito raro, só no caso de ser uma peça muito extraordinária e eu queira tirar o molde ou algo do tipo. Geralmente, as peças que eu quero eu faço, porque tenho a facilidade de saber costurar. Eu também compro em outros bazares para uso próprio e recebo peças de outras pessoas, mantendo sempre o padrão de qualidade das peças que eu já estou acostumada a vender no meu bazar e revender”, explica.


Anny vende suas peças e de outras pessoas - Foto: Reprodução

“Mudei meu modelo de consumo, reduzi e busquei vestir tudo que tinha”, conta estudante

Marcelle Lago, de 26 anos, também é estudante de Moda e Estilismo, mas diferente de Anny Carvalho, ela e as amigas preferem as feiras de troca. Há três anos, Marcelle mudou sua forma de consumo e adotou uma prática mais consciente. 

“Mudei meu modelo de consumo, reduzi e busquei vestir tudo que tinha, por isso comecei a fazer bazar, porque encontrei peças que não usava mais. Aprendi a fazer combinações diferentes, a ver as roupas com novas possibilidades e ainda economizei bastante. No geral, compro pouco e só ganho com isso”, explica.

Ela conta que a feira de troca foi uma novidade que conheceu pela internet e que organiza, de maneira informal com as amigas, quando não tem mais interesse por algumas peças. Essa modalidade não exige custo algum para participar, porém, Marcelle observa que as pessoas tendem a gostar mais de bazar, vez que ainda são apegadas às peças e não conseguem se desfazer delas. 

“Eu percebi que o pessoal gosta mais de bazar, pela comodidade de não precisar tirar nada do guarda-roupa, só comprar algo. Quando faço bazar com intenção de ganhar dinheiro, arrecado as peças com amigas e familiares. Existe uma boa procura, todo mundo gosta de roupa barata e as que doam as peças são as mesmas que compram. Ultimamente, eu tenho comprado mais em bazar e trocas. Não gosto de ter peças que só uso em uma estação/ temporada e em bazar é muito comum encontrar peças mais clássicas, atemporais. Só compro roupa em último caso, quando realmente não tenho outra opção”, explica a estudante.

Mudanças de hábito

E que tal incluir no look uma peça masculina ou “do tempo da vovó”? A moda permite essa liberdade de criar e inovar. Sabendo disso, a estudante Marcelle Lago conta que é comum usar elementos que seriam do guarda-roupa masculino no dia a dia.

“Uso sempre! Usei uma camisa masculina para dormir e depois passei o dia com ela, descobri o conforto e não saio mais de dentro. Estou sempre usando roupas do meu irmão, do meu pai e uma das minhas peças favoritas é uma camisa de linho que era do meu avô”, comenta.

Para Marcelle Lago, bazares e feiras de trocas são uma tendência, mas nem todo mundo entende sua finalidade. Segundo ela, as pessoas tendem a comprar levando em consideração a variedade, preços mais baratos, amizade e até curiosidade pra "testar" um novo estilo que o bazar oferece, e não por criarem um "espírito de consumo consciente”.


Marcelle incorporou peças masculinas nos looks - Foto: Reprodução

“Isso pode resultar em consumistas de bazar, o que fica totalmente sem sentido, mas acredito que aos poucos isso pode mudar. Percebo que a idade influencia muito nisso. Após os 25 anos, talvez pelas responsabilidades da vida adulta, as mulheres ficam mais conscientes, no meu ciclo de amizade é assim”, cita.

E para despertar esse lado mais consciente, Marcelle utiliza suas redes sociais para dar dicas de roupas com preços mais acessíveis e sobre como acompanhar o que é tendência, mas sem gastar muito.

“Cada intenção tem um pouco de dinheiro envolvido. Gosto de mostrar que a moda não é comprar tudo que tem pela frente. Ainda estou começando a produzir esse tipo de conteúdo, mas esse meu estilo de consumo é para sempre e quero influenciar o máximo de pessoas a enxergarem a moda como eu vejo”, finaliza a estudante.

Por: Isabela Lopes, do Jornal O Dia
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