Segundo a quinta edição
da Radiografia do Endividamento
das Famílias
Brasileiras, realizada pela
Federação do Comércio de
Bens e Turismo do Estado
de São Paulo (Fecomercio/
SP), Teresina lidera o ranking
nacional de famílias
endividadas que tem maior
parcela da renda mensal
comprometida com as
dívidas, com 42 pontos percentuais.
Já a pesquisa local do mês
de novembro, realizada pela
Confederação Nacional do
Comércio (CNC) em parceria
com a Fecomercio/
PI, aponta que, entre as
famílias teresinenses endividadas,
64,6% relatam ter
comprometido mais de 50%
de suas rendas.
O assessor econômico da
Fecomercio/PI, Raimundo
Paz, esclarece que esse
percentual local é ainda
maior que o geral, mostrado
na pesquisa nacional
de São Paulo do uso das
rendas das famílias para
fugir do endividamento.
“O que podemos dizer é
que esse Natal não será
robusto. As pessoas que
recebem o 13º salário estão
se programando para usar
esse dinheiro a mais para
quitar dívidas. A situação
atual não permite luxo”,
relata.
Os economistas da Fecomercio/
SP alertam que
o ciclo de expansão do
consumo, observado nos
últimos anos, se encerrou.
O descontentamento da
sociedade diante da atual
conjuntura econômica
derrubou os indicadores
de confiança tanto de
consumidores quanto de
empresários aos menores
patamares históricos.
Para Raimundo Paz,
em Teresina, a situação
não é diferente. “O que
aconteceu foi que a
matriz macroeconômica,
que antes permitia juros
baixos, saturou-se a partir
do segundo semestre do
ano passado. Além disso, a
inflação subiu e, para contê-
la novamente, teve alta
nos juros. Isso diminuiu o
poder de consumo da população.
O ciclo de consumo
que estava crescendo desde
2008, de fato, encerrou-se”,
comenta.
De acordo com a assessoria
econômica da Fecomercio/
SP, a queda no
endividamento indica que
as famílias brasileiras
preservaram seus gastos
em tempos de incertezas
e ficaram mais cautelosas
em relação a empréstimos
e aquisição de bens
duráveis. Por outro lado,
a política monetária de
elevação da taxa de juros,
adotada pelo Banco Central,
visando o controle
inflacionário, resultou em
expressivos aumentos no
custo dos empréstimos,
principalmente para pessoas
físicas, e impediu uma
queda maior. A retomada
da confiança depende da
manutenção do emprego e
da renda, ao lado de uma
inflação mais controlada.
Levantamento
A pesquisa de São Paulo
traz dados de 2012, 2013 e
2014, com base em informações
do Banco Central
do Brasil, IBGE e da CNC.
Em 2014, a proporção de
famílias endividadas no
Brasil recuou em relação
a 2013, mas apesar
dessa pequena queda, no
período, houve acréscimo
no número de famílias
com algum tipo de dívida.
O valor mensal dessas
pendências também
aumentou.