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Teresina e Timon atraem investimentos, mas se polarizam por infraestrutura

Polos das duas cidades também se diferenciam pela concessão de incentivos fiscais.

11/11/2017 08:22

A presença de grandes empresas ou indústrias em áreas metropolitanas representa geração de empregos, renda e recolhimento de receitas aos governos municipal e estadual. Por isso, o desafio das gestões é atrair modelos de negócios que possam fazer o ciclo econômico girar em suas respectivas regiões. Teresina e Timon, que fazem parte de uma mesma região integrada de desenvolvimento, concentram, em seus polos e parques empresariais, ações de atrações para a implantação de investimentos. Alguns aspectos, no entanto, separam as duas realidades, como as diferenças estruturais e também de incentivos fiscais das regiões.

A capital do Piauí possui três grandes áreas para a implantação de empresas, são elas: Polo Empresarial Sul, Polo Empresarial Norte e o Distrito Industrial. Na zona Sul da cidade, o complexo de investimento conta com uma área de 50 hectares, onde estão localizadas 28 empresas industriais nas mais diversas segmentações, além de 36 empresas no espaço logístico atacadista, ainda em processo de instalação. As empresas fixadas no local recebem incentivos fiscais regulamentados na Lei 2.528/97 do município.


Pólo empresarial Sul, em Teresina (Foto: Jailson Soares/O Dia)

A infraestrutura presente no Polos das duas cidades também se diferencia pela concessão de incentivos fiscais Polo, no entanto, é alvo de crítica constante dos empresários, que já estão ou pretendem fixar negócios no local. “Recebemos empresas que querem investir ou que já estão fixadas no Polo Empresarial e a crítica é a mesma: falta estrutura. Sem asfaltamento em toda a extensão do local, insuficiência energética e de internet impedem que as empresas tenham mais atração para se fixarem no local”, analisa o presidente da Associação de Jovens Empresário (AJE), Landerson Carvalho.

Ao Oeste de Teresina, o município de Timon desponta com um cenário de constante atração para o setor empresarial. Isto porque a estruturação do Parque, que conta com uma área de um milhão de metros quadrados, oferta de acesso de diferentes modais, pavimentação e capacidade energética, tem atraído investimentos multifacetados.


Pólo empresarial de Timon (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Para o secretário municipal de parcerias de investimento em Timon, Victor Hugo Saraiva, a mensagem não é de cisão. “Nós fazemos parte da região integrada de desenvolvimento de Teresina e a atração de empresas para o Piauí também nos beneficia. Acredito que os empreendimentos não saem de Teresina para vir para nosso município, mas hoje estamos estabelecidos como uma fronteira de expansão para o Maranhão”, considera.

A Prefeitura de Teresina, com as ações da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Semdec), avalia ações para potencializar o desenvolvimento do Polo Sul. “A dificuldade principal para estruturar esses espaços e de atração de investimentos nos Polos Empresariais e fora deles, no município de Teresina, consiste em basicamente na infraestrutura elétrica e viária. Com a iniciativa do município, de maneira visionária e ousada, a nossa cidade implantou dois polos. Desta maneira, os desafios são inúmeros, haja visto que, em outras capitais, espaços como esses são geridos pelo Estado. Aqui em Teresina, em parceria com o Governo, estamos avançando no sentido de melhorar o Polo Empresarial Sul”, destaca o secretário Aluísio Sampaio.

Distribuidora do Norte e Nordeste se instala no Maranhão, mas prevê ampliação para Piauí

Uma das primeiras empresas a se instalar no Parque Empresarial de Timon trouxe o peso de investimentos buscado pelo local. A Distac Distribuidora, a maior do setor de produtos de material de construção no ramo de atacado do Norte/Nordeste, gera mais de 230 empregos diretos no município de Timon e prospecta ampliar fábricas no próprio estado e também no Piauí

“Timon e Teresina têm a mesma posição geográfica. A nossa empresa já vendia nessa região há mais de 20 anos, e o Estado do Maranhão sempre teve um volume maior na participação de nossas vendas. Fomos muito bem recebidos e conseguimos uma localização defronte uma BR e uma pista de pouso e com uma linha férrea atrás. Mas a proximidade de Teresina é fundamental, cidade que tem um nível educacional muito bom. Nós vamos conseguir trazer fábricas para o Parque de Timon e para o Distrito Industrial de Teresina”, afirma o proprietário da empresa, Carlos Carvalho.

O bom nível de estrutura ofertado pelo município maranhense foi fundamental para a fixação da fábrica e os incentivos dados também se somam à essa realidade. Em Timon, o Governo do Estado concede 1% de ICMS para as empresas que se instalarem em parques empresariais de municípios maranhenses que estão inseridos na região da grande Teresina.

 “Os incentivos fiscais têm importância significativa, agora, que está começando a ter retomada da economia, ter esse tipo de possibilidade é fundamental. Isso incentiva os empresários a investir em regiões mais carentes e gerar empregos e renda. É sempre importante andar em parceria a parte privada e a parte pública, porque os governos ganham em arrecadação de impostos”, finaliza.

 “O empresário tem que investir, mas com incentivo”

“Teresina está localizada na região Meio Norte para facilitar o comércio, temos tudo para crescer, temos potencial e o que não temos? Gestão. O empresário tem que investir, mas investir com incentivo”. A fala é do presidente da Associação de Jovens Empresário do Piauí, Landerson Carvalho, que se mostra inconformado com o cenário vislumbrado para investimentos empresariais no Estado.

Uma das inconformidades se dá pelo recente aumento dos impostos, aprovado pela Assembleia Legislativa do Piauí. O projeto de lei é de autoria do governador Wellington Dias e propôs o aumento da alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em algumas áreas, como comunicação, combustível e energia elétrica. Um impacto que influencia em diferentes setores da cadeia econômica.


Landerson Carvalho está inconformado com o cenário vislumbrado para investimentos empresariais no Piauí (Foto: Jailson Soares/O Dia)

“Hoje, nosso cenário empresarial está muito difícil. O Piauí é comércio e serviço. Aí vemos o Maranhão com um polo industrial equipado, asfaltado, com energia, internet, enquanto aqui nos falta o básico. Está se aproximando o período de chuvas, o nosso Polo Sul vai virar um rally por conta da situação da estrada. Dentro desse contexto, aumentar o ICMS é um desserviço, é um imposto em cadeia, que tudo depende disso”, pontua Landerson.

O jovem empresário destaca que é necessária uma articulação conjunta, entre governos e setor privado, para o Piauí despontar em perspectivas maiores de investimentos. Landerson lembra das potencialidades distribuídas em todo o território piauiense.

“O Piauí é rico, pode potencializar seu turismo, tem um agronegócio de força e ainda exporta a melhor de suas riquezas: o piauiense. Queremos que o Governo incentive de forma justa, para que a geração de emprego e renda traga desenvolvimento para nosso Estado”, finaliza o presidente da AJE.

Parque de Timon busca resolver distorções socioeconômicas entre municípios

O Parque Empresarial de Timon está localizado a pouco mais de 10 km do Centro do município. O local funciona no sistema de condomínio empresarial, onde as empresas têm acesso a estacionamento, guarita, centro administrativo, salas de treinamento, reservatório, rede de distribuição de água, iluminação pública, estacionamento e pátio para carretas. Por atrair investimentos, o local tem fomentado a equalização das distorções socioeconômicas entre os municípios vizinhos de Teresina e Timon.

“Quando propusemos ao governador que pensasse em uma política de desenvolvimento para Timon, no contexto de região integrada da grande Teresina, estávamos tentando diminuir as distorções socioeconômicas entre os dois municípios. Enquanto em Teresina a proporção era 1 para 4 pessoas com carteira assinada, Timon tinha 1 para 17. Então como diminuir isso? Essa política é a mais agressiva que tem no Estado do Maranhão”, destaca o secretário municipal de Parcerias de Investimento em Timon, Victor Hugo Saraiva.

Victor se refere à política de incentivos fiscais vigente no município, onde o Governo do Estado estabeleceu um Programa Especial de Desenvolvimento para municípios maranhenses, que faça parte da Rede Integrada de Desenvolvimento (RIDE). O programa concede crédito presumido para centros de distribuição, de modo que a carga tributária seja de 2% sobre as saídas internas e interestaduais em geral, e de 1% sobre as saídas para os municípios integrantes da RIDE de Teresina, em particular.

Segundo o secretário, a ideia é ter cerca de 45 empresas no Parque Empresarial do município. “Fizemos um estudo que buscou identificar quais atividades econômicas poderiam se fortalecer no tecido produtivo de Timon e vimos que centros de distribuição, segmento têxtil, setor da construção civil, metal, mecânica, indústria de alimentos, entre outras, são fortes segmentos. A verdade é que temos que pensar enquanto território. Se uma empresa se instalar aqui, ótimo, se for em Teresina, ótimo do mesmo jeito. É um desenvolvimento a mais para nossa região”, finaliza.

Teresina prepara rede de distribuição elétrica mais potente para Polo Sul

No intuito de responder às constantes críticas do setor empresarial, a Prefeitura de Teresina prepara intervenções para o Polo Empresarial Sul. Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Semdec), já está em fase de licitação o reforço do potencial elétrico da região empresarial Sul da cidade.aqu

“Aqui em Teresina, em parceria com o Governo, estamos avançando no sentido de melhorar o Polo Empresarial Sul. Como por exemplo, através de processo licitatório, estamos levando a rede 69, uma espécie de distribuição de energia mais potente. É uma obra que já está licitada e homologada, com uma empresa vencedora”, afirma Aluísio Sampaio.

Com essa rede, as empresas terão uma estabilidade maior no fornecimento de energia. “Na parte viária, também com o aporte do Estado, estamos tendo a duplicação da BR-316, que liga o Polo Empresarial Sul à região central e comercial da cidade. Na parte interna, cerca de 7 Km de pavimentação serão distribuídos nas vias”, explica o gestor.

Segundo ele, a conquista de espaços nesses polos, adentra à política de benefício concedida pela Prefeitura de Teresina ao empresariado com o objetivo de diversificar a economia da cidade e atrair novos investimentos, prevista na lei municipal nº 2.528/97, que também concede incentivos.

Atualmente, instaladas no Polo Empresarial Sul, existem 28 empresas industriais nas mais diversas segmentações, além de 36 empresas no espaço logístico atacadista, ainda em processo de instalação. A ideia é atrair para a diversificação e consolidação da planta industrial do município.

“Não temos um levantamento exato do número de empregos gerados em cada empresa do Polo. Mas vale citar um exemplo de retorno positivo em consequência de incentivos fiscais dados a empresas, é o caso de uma das empresas que atua no ramo de call centers que se instalou em Teresina no ano de 2013; e gerou como contrapartida, a criação de mais de 6 mil novos empregos, oportunizando trabalho aos jovens e movimentando R$ 20 milhões de Imposto sobre Serviços (ISS), na capital”, finaliza.

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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