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Terceirizados convivem com atraso de salários e más condições de trabalho

Profissionais relatam ainda que muitos direitos são negados. Exemplos como este tornam a "œLei da Terceirização" ainda mais polêmica.

26/04/2015 07:41

Há sete meses, Ana Paula* tenta administrar as contas de casa sem muito sucesso. Sem receber seu salário, a auxiliar de serviços gerais diz não saber mais o que fazer. Não fosse a ajuda de um dos filhos, garantir alimentação, transporte e saúde seriam missões difíceis de serem cumpridas. Mesmo diante da crítica situação, a empresa responsável pela contratação da trabalhadora nega esclarecimentos e garantia de pagamento dos débitos em atraso.

“Assim como eu, existem pelo menos outras 200 pessoas que passam isso na mesma empresa. Eu tirei férias ano passado e não recebi. No começo, ligávamos para a empresa e a dona não sabia dizer quando iria pagar, mas pelo menos atendia. Depois, ela nem respondia mais o tele- fone e, agora, passamos na sede e está fechada, sempre fechada. É uma situação difícil. Como viver sem receber o que é justo pelo seu trabalho?”, questiona Ana Paula.

No mesmo local em que ela trabalha, em um órgão da administração pública estadual, outras 13 pessoas da mesma empresa tercei- rizada passam pela problemática. “Eu ainda venho trabalhar porque tenho esperanças de receber de alguma forma, mas tem dias que é escolher comer ou pegar o ônibus e vir. Dois dias de ônibus são R$ 10, o que já é uma refeição. Às vezes, tem que escolher”, conta.

Foto: Jailson Soare/O Dia

Empregados terceirizados relatam que estão há sete meses sem receber salário

Além disso, a trabalhadora denuncia que a empresa está com a carteira de trabalho de todos os funcionários, o que impede a sua contratação por outro local. A reportagem do Jornal ODIA tentou entrar em contato com a dona do empreendi- mento para esclarecer os motivos de atraso de salários, não pagamento de direitos e retenção de documentos, mas até o fecha- mento desta matéria não conseguiu resposta.

“Lei das Terceirizações” O trabalho que Ana faz há nove anos, como terceirizada, é o principal tema do PL 4330/04, que foi aprovado na última quinta-feira (22) pela Câmara dos Deputados. Agora, o texto seguirá para a votação no Senado. No Piauí, de acordo com o pro- curador chefe do Ministério Público do Trabalho, José Heraldo de Sousa, 20% dos trabalhadores for- mais são terceirizados. Para os grupos contrários ao Projeto de Lei, que ficou conhecido como PL da Terceirização, casos de desrespeito ao trabalhador tendem a aumentar, já que a prática proporciona salários mais baixos, desrespeito às conquistas trabalhistas históricas e maior rotatividade de trabalhadores.


Veja mais detalhes na edição deste domingo (26) do Jornal O Dia

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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