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Servidores da CGU no Piauí entregam cargos em protesto contra ministro

Ministro Fabiano Silveira foi flagrado conspirando contra a Operação Lava Jato, em conversas gravadas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

30/05/2016 16:31

Servidores que ocupam, no Piauí, cargos de direção na extinta Controladoria-Geral da União (CGU) - atual Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle - anunciaram que vão entregar seus postos comissionados em protesto ao ministro Fabiano Silveira, que foi flagrado conspirando contra a Operação Lava Jato em conversas gravadas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

No início da noite, após um dia inteiro sob pressão dos servidores e da opinião pública, o ministro enviou sua carta de demissão ao presidente Michel Temer, afirmando que "não obstante o fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério."

Nos áudios, o titular do ministério que substituiu a CGU orienta Machado e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre "providências e ações" que precisam ser tomadas contra a Operação Lava Jato. 

O ministro Fabiano Silveira (Ascom/MTFC)

A gravação, feita em fevereiro deste ano, mostra Fabiano Silveira fazendo exatamente o oposto da missão inerente ao cargo que ocupa - que é o combate à corrupção, a defesa do patrimônio público e a transparência na administração pública.

Diante do novo escândalo envolvendo um membro do primeiro escalão do Governo de Michel Temer (PMDB), diversos chefes das Controladorias Regionais da União e servidores que ocupam outros cargos de direção no órgão federal decidiram entregar seus postos, como forma de pressionar o presidente interino a demitir o ministro Fabiano Silveira.

No Piauí, quatro servidores assinaram o documento que contém o pedido coletivo de exoneração: a chefe da Controladoria Regional da União no Piauí, Érika Lemância; o chefe substituto da CGU no Piauí, Hélio Benvindo; a assessora da chefia da CGU-PI, Virlândia Alves; e o chefe de Fiscalização, José Maria Gomes.

A informação foi confirmada por Eurípedes Andrade, delegado do Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical). Ele destaca que os servidores já vinham protestando há algumas semanas contra a medida provisória 726, assinada pelo presidente Michel Temer, que transformou a CGU em ministério. Segundo Eurípedes, o novo escândalo provocado pelo vazamento do áudio comprometedor de Fabiano Silveira foi a gota d'água para que os servidores se rebelassem contra o que consideram um retrocesso nas conquistas obtidas pelo órgão no combate à corrupção. 

Funcionários da CGU durante protesto em frente ao Planalto (Fotos: Lula Marques) 

"A gente tem dois problemas. Primeiro é a própria extinção da CGU, pela Medida Provisória 726. E a categoria já tinha decidido se mobilizar para pedir a revogação dessa MP. Antes, a Controladoria era um órgão de assessoria da Presidência da República, e agora suas atribuições foram transferidas para o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle. Essa era uma pauta que a gente já vinha reivindicando. E agora o agravante são essas gravações divulgadas no domingo, que mostram conversas escusas do ministro com o presidente do Senado, Renan Calheiros, aconselhando a melhor forma de se livrar da Lava Jato. Nós entendemos que essa postura é totalmente incompatível com a função que ele desempenha. A CGU era um órgão de fiscalização e auditoria, consolidado como um eficiente órgão de combate à corrupção, reconhecido, inclusive, internacionalmente. Por isso, não tem a mínima condição de termos o chefe da pasta envolvido naquele tipo de conversa. Não tem como", afirma Eurípedes.

 

Em nota divulgada na manhã desta segunda-feira (30), o Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical) exigiu a imediata exoneração do titular do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

"O Sr. Fabiano Martins Silveira, ao participar de reuniões escusas para aconselhar investigados na operação Lava Jato, bem como ao fazer gestões junto a autoridades e órgãos públicos a fim de apurar denúncias contra seus aliados políticos, demonstrou não preencher os requisitos de conduta necessários para estar à frente de um órgão que zela pela transparência pública e pelo combate à corrupção", diz um trecho da nota divulgada pela entidade que representa os servidores da CGU.

Nesta segunda-feira, os servidores fizeram a lavagem simbólica da escadaria da CGU e a lavagem do corredor e da porta do gabinete do ministro. Fizeram também um cordão humano para impedir a entrada de Fabiano Silveira no prédio do ministério.

Nos dias 1º e 2 de junho serão realizados novos atos em Brasília reunindo cerca de 150 servidores de todas as regionais do país.

Confira a nota na íntegra:

Por: Cícero Portela
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