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Semtcas revela áreas de vulnerabilidade para crianças em situação de rua

Falta segurança e amor para crianças em situação de rua, diz sociólogo.

27/05/2015 14:10

É comum a presença de crianças e adolescentes nos sinais de trânsito da Capital. Eles aproveitam o momento que os veículos estão parados para fazer malabarismos, limpar os vidros dos carros e/ou vender produtos, inclusive alimentos. Os pontos considerados mais vulneráveis para as crianças em situação de rua, em Teresina, estão na zona Sul e na zona Leste, principalmente o balão da Tabuleta e a avenida Maranhão, segundo informações da Secretaria Municipal de Trabalho, Cidadania e Assistência Social.

O grande número de menores que vivem em situação de rua chama atenção das autoridades locais e da população. O maior problema é a doação de dinheiro que muitos condutores fazem a eles. Além disso, as crianças arriscam a vida cruzando entre os carros e motos para ganharem algumas moedas.

A presença dos menores é identificada através do trabalho infantil. As famílias, que muitas vezes não possuem condições financeiras, não compreendem que devem proteger as crianças e acreditam que eles precisam trabalhar para ajudar na obtenção da renda. 

Fotos: Arquivo O DIA


Segundo a gerente de proteção especial da Secretaria Municipal de Assistência Social de Teresina, Iracilda Braga, quando abordadas em situação de rua, as crianças são encaminhadas ao Conselho Tutelar da região ou da cidade de onde vêm. “A maioria aceita a abordagem, mas existem casos de adolescentes que não aceitam porque são usuários de drogas”, disse Iracilda Braga.

Quando há a rejeição, uma força tarefa é organizada a fim de construir uma estratégia para auxiliar esses jovens, já que alguns deles precisam de tratamento para a dependência química. A operação conta com o apoio de Juízes, do Ministério Público, Polícia Militar, Delegacia do Menor e da Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social (SEMTCAS).

Menores vêm de Timon para trabalhar em Teresina

De acordo com Iracilda Braga, muitos dos adolescentes que permanecem em situação de rua no balão da Tabuleta e na Avenida Maranhão são oriundos da cidade de Timon. A gerente de proteção especial afirmou que em muitos casos eles são identificados, abordados pelos conselheiros, encaminhados para suas residências, mas voltam para rua.

Outro fator considerado relevante no contexto social desses jovens é a própria sociedade. Segundo Iracilda Braga, crianças e adolescentes vivem em situação de rua, pedindo esmolas ou oferecendo produtos, porque parte da população sustenta essa ação. “É rentável para eles pedir dinheiro. A sociedade precisa ter consciência que não pode dar dinheiro. Tem que denunciar, ligar para o Disque 100, para o Conselho Tutelar apurar e interferir. Essas crianças estão tendo o direito delas violentado”, esclareceu.

Em relação ao trabalho infantil, a gerente de proteção especial afirmou que este “é o mais difícil de combater” e que quase sempre existe um adulto por trás gerenciando as atividades dos jovens. 

Falta segurança e amor para crianças em situação de rua, diz sociólogo

O sociólogo Benedito Júnior acredita que as crianças e os adolescentes optam por viverem nas ruas quando o lar deixa de ser fonte de segurança e amor. “As razões variam desde famílias desestruturadas, ambientes de pobreza extrema e violência doméstica. O consumo de drogas é outro forte componente de desorganização familiar no mundo contemporâneo”, explicou o doutor em Ciências Sociais.

A presença desses jovens na rua contribui para outros problemas sociais e estabelece consequências graves para a sociedade em geral. As crianças são consideradas seres em formação, sujeitos de maior fragilidade e que merecem atenção especial. Quando esses princípios são alterados, segundo Benedito Júnior, revela a degeneração em que se encontra a atual sociedade.

Ao afirmar que “as instituições são sistematicamente corroídas e não conseguem desempenhar suas funções socializadoras”, o sociólogo garante que as consequências surgem como problemas generalizados, como a “violência urbana, abuso de drogas, desorientação mental e emocional”, elencou Benedito Júnior.

A elaboração e o exercício de políticas públicas, desenvolvidas pelo Estado, estabelecem metas e encaminham soluções para resolver problemas sociais nas mais diversas áreas. Para as crianças e os adolescentes que vivem em situação de rua poucos são os conjuntos de ações voltados para a reestruturação da família.

De acordo com o Doutor em Ciências Sociais, o maior problema para a falta de ações no combate à vulnerabilidade dos jovens está na desigualdade social, um dos principais males do Brasil. “Se a situação não for corrigida, crianças continuarão abandonadas e correndo risco social. É preciso haver reformas amplas em diversos setores da sociedade. A educação é fundamental, acompanhada de lazer, cultura, esporte, qualidade de vida”, assegurou.

Edição: Nayara Felizardo
Por: Ithyara Borges (estagiária)
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