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Sem recursos, Serra da Capivara está ameaçado de fechar

Segundo a arqueóloga Niéde Guidon, os repasses financeiros que recebia do governo e de empresas doadoras secaram.

27/07/2015 08:03

A revista Isto É, de circulação nacional, publicou reportagem em seu site, nesta semana, que o Parque Nacional da Serra da Capivara, sítio arqueológico mais importante no Brasil, localizado em São Raimundo Nonato, a 600 Km ao Sul de Teresina, irá fechar por falta de recursos.

Segundo a arqueóloga Niéde Guidon, diretora da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), que administra o parque, os repasses financeiros que recebia do governo e de empresas doadoras secaram.

Segundo a revista, a organização precisa de no mínimo de R$ 500 mil para encerrar o ano com as contas em dia. Em caixa, conta com R$ 307 mil. A falta de verbas já culminou em perdas irreparáveis para a memória do Brasil e do mundo. Sem vigilância, caçadores invadiram um dos sítios arqueológicos e praticaram tiro ao alvo em pinturas rupestres. Recentemente, 1/3 dos funcionários foi dispensado. Das 28 guaritas, só doze estão abertas. Das cinco equipes de ronda, resta uma. “Tivemos que demitir os outros e vender os carros”, afirma Niéde à Isto É.

O abandono ameaça os 172 sítios que mudaram o entendimento sobre a chegada do homem à América. Antes da descoberta, cientistas acreditavam que o homo sapiens havia cruzado o estreito de Bering, que liga a Ásia ao atual Alaska, há cerca de 12 mil anos. Com o aparecimento de vestígios humanos na Serra da Capivara datando de 50 mil anos, o modelo foi revisto. “As pesquisas de Niéde foram uma revolução na arqueologia porque questionaram a origem do homem no continente”, diz Carlos Xavier, da Universidade Federal da Paraíba.

A responsabilidade pela conservação do parque é do governo federal, mas nos últimos anos caíram os investimentos. Através do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, o País dava à Fumdham dinheiro de compensação ambiental de obras que devastam a natureza. A entidade chegou a receber até R$ 2,7 milhões em 2012. No ano passado, entraram R$ 400 mil. “O parque fechar ou não é decisão do governo”, diz a cientista. O ICMBio afirma que os locais beneficiados pela compensação são os mais afetados pelos empreendimentos responsáveis pela destruição. E que nem sempre eles estão nas regiões das instituições que querem receber a verba.

A segunda fonte de recursos importante para o projeto é a Petrobras, que investiu R$ 15 milhões desde 2001. O problema é que as doações de 2014 e 2015 foram de R$ 480 mil e R$ 720 mil, contra R$ 1,3 milhão de 2013. A arqueóloga se preocupa porque um novo contrato não foi firmado. A Petrobras informou que as negociações para a renovação não foram iniciadas e que vai avaliar a continuidade do apoio.
Por: Robert Feitosa - Jornal O Dia
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