A greve dos funcionários
dos Correios, que começou
há cerca de uma semana, segue
sem previsão de término.
Na terça-feira (26), sindicais
de grandes centros, como a
região de São Paulo e Rio de
Janeiro, também aderiram à
greve e fortaleceram o movimento.
Ontem (27), os grevistas
do Piauí se reuniram na
Rua Sete de Setembro, onde
está localizada a agência central
da empresa, protestando e
levantando suas bandeiras de
luta. Eles fecharam a rua, impedindo
que carros e ônibus
circulassem pelo local, com o
objetivo de chamar a atenção
da população para os malefícios que a possível privatização da empresa pode trazer
para os serviços dos Correios.
Por conta da paralisação,
muitas entregas estão sendo
afetadas. A entrega de encomendas,
de postagem simples
e o serviço de atendimento ao
público, como o banco postal,
não estão funcionando normalmente.
De acordo com o
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores dos Correios
do Piauí (Sintect-PI), Edilson
Rodrigues, quase toda a categoria
já aderiu ao movimento
e apenas cerca de 10% continuam
trabalhando.
Segundo ele, a Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos
(ECT) estaria retirando
cláusulas de Saúde do Trabalhador
e sugerindo alterações
que ferem os direitos dos
funcionários. “Estamos atendendo
ao pedido do comando
nacional de negociação de paralisar
os serviços e protestar
contra as mudanças que estão
fazendo para privatizar a empresa.
O Governo está querendo
mostrar para a população que é preciso fazer isso,
mas não é. Estão é querendo
acabar com a nossa empresa.
E nossos direitos também estão
sendo feridos, colocaram
uma série de empecilhos para
dificultar nosso acesso à saúde”, explica o presidente.
A categoria também protesta
contra o fechamento dos
bancos postais nos municípios, que deve acontecer no
dia 11 de outubro. O carteiro
Cleiton Rodrigues critica a
medida e diz que o fechamento
vai dificultar o acesso da
população às encomendas, em
especial nos municípios mais
pequenos.
“Os bancos postais vão ser
fechados e a população vai
ter que se deslocar para mais
distante para ter acesso aos
seus rendimentos. Por isso, é
preciso paralisar agora para
não perder mais na frente,
para que tanto os funcioná-
rios como a população não
percam. Se privatizar, as empresas
que vão gerir os Correios
vão querer os grandes
Centros, e os pequenos serão
marginalizados”, argumenta o
funcionário.
O presidente do Sintect-PI
informa ainda que, até o momento,
não há reunião prevista
para acordo e que a greve
só será finalizada quando a
Central Nacional de Negociações orientar.
Transtorno
O protesto de ontem parou,
pelo menos, cinco ônibus,
que não puderam seguir
seu percurso pela Rua Sete
de Setembro. O motorista de
um deles, Nascimento Dama,
afirmou não ser contra o protesto,
muito pelo contrário.
Porém, acredita que o protesto
poderia ser feito sem interferir
no trabalho dele. “Se
a Strans se organizasse e nos
desse um caminho alternativo
para o nosso percurso, esse
problema não haveria. Bastava
que eles falassem com antecedência,
porque ficamos
parados aqui e os passageiros
ficam chateados é conosco”,
disse.
Consumidor pode resgatar encomenda
Os consumidores que estão
aguardando encomendas
pelos Correios devem se
dirigir ao Centro de Entrega
de Encomendas (CEE),
na Avenida Valter Alencar,
zona Sul de Teresina. Segundo
Edilson Rodrigues,
presidente do Sindicato dos
Trabalhadores dos Correios
do Piauí (Sintect-PI), lá é o
único local que tem entrega
interna. “Quem não pegar
lá, não recebe a encomenda
enquanto o movimento
de greve estiver atuando”,
afirma.
Dissídio coletivo
Por meio de nota, os
Correios informaram que
ingressarão com ação de
dissídio coletivo junto ao
Tribunal Superior do Trabalho
(TST). A decisão foi tomada
após adesão por parte
de sindicatos ligados à Federação
Interestadual dos Sindicatos
dos Trabalhadores e
Trabalhadoras dos Correios
(Findect) à paralisação na
noite dessa terça-feira (26).
Na segunda-feira (25), o
TST concedeu liminar em
favor da empresa, determinando
que a Federação Nacional
dos Trabalhadores
em Empresas de Correios e
Telégrafos e Similares (Fentect)
– que havia iniciado a
paralisação no dia 19 - garantisse
o efetivo mínimo
de 80% dos empregados em
cada unidade dos Correios,
sob pena de multa diária de
R$ 100 mil no caso de descumprimento.
Apesar de o levantamento
de efetivo desta quarta-feira
(27) apontar o aumento de
empregados que aderiram à
paralisação (90.607 empregados
em todo o país estão
trabalhando, o que corresponde
a 83,45% do total),
os Correios continuam colocando
em prática as ações
do Plano de Continuidade
de Negócios, como o deslocamento
de empregados
entre as unidades e a realização
de horas extras. Essas
medidas visam minimizar
os impactos do movimento
à população.
Edição: Virgiane PassosPor: Karoll Oliveira