Ressocializar os detentos através da leitura já é uma realidade em dois presídios piauienses: a Penitenciária Irmão Guido e a Penitenciária Feminina de Teresina. No último sábado (6), o secretário estadual de Justiça, Daniel Oliveira, apresentou o projeto Leitura Livre durante bate-papo literário no Salão do Livro do Piauí, que segue até o dia 14 de junho, no Espaço Rosa dos Ventos, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).

Durante o bate-papo com o professor e escritor Luiz Romero, o secretário Daniel Oliveira, acompanhado da psicóloga da Penitenciária Irmão Guido Vanessa Moura, e da gerente da penitenciária Feminina Socorro Godinho, informou que o Leitura Livre iniciou em março deste ano, e que 150 presos estão participando do projeto, sendo 35 mulheres, na penitenciária feminina, e 115 homens, na penitenciária Irmão Guido.

“O objetivo é ressocializar. O Leitura Livre, além de oportunizar a remição a pena, transforma o ambiente nas penitenciárias, envolve os internos em atividades positivas e só tem trazido benefícios”, afirma Daniel Oliveira.

A ideia do projeto é da psicóloga Vanessa Moura, a partir da observação de que os presos se queixavam muito do tempo ociosos. Ela explica a metodologia do projeto: "O interno tem 30 dias para ler um livro e apresentar uma resenha que vai ser avaliada por uma banca de técnicos da Secretaria de Educação (Seduc). Antes do fim do prazo, ele participa de uma roda de conversa literária, onde comenta a obra. Depois disso, a Sejus, a partir dessa avaliação, determina quantos dias o preso terá reduzido da pena, podendo variar de três a quatro dias por cada trabalho produzido", diz.

O secretário Daniel Oliveira frisa que o projeto tem autorização judicial para ser executado e que, até o final deste mês, a Sejus formaliza o convênio com o Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) e com a Secretária de Educação (Seduc) para que o Leitura Livre seja ampliado.

Sejus arrecada livros no Salipi

Durante o bate papo, o professor Luiz Romero provocou a plateia perguntando quais os livros mais lidos nas penitenciárias federais do país, e o público se desdobrou para interagir, inclusive o poeta Salgado Maranhão, que prestigiou o bate papo. Aos poucos, Luiz Romero foi apresentando a lista encabeçada por “Crime e Castigo”, do escritor russo Dostoiévisk 

Luiz Romero se colocou à disposição para ir aos presídios dar aulas aos detentos que participam do projeto e anunciou a doação de 200 volumes da Fundação Dom Quixote, uma das realizadoras do Salipi, para o projeto. “Esse projeto é barato e tem um efeito a médio e a longo prazo. Estamos aqui para colaborar”, pontua o professor.

A Sejus tem um estande no Salipi que está recebendo as doações de livros que serão utilizados no projeto Leitura Livre. “Pela primeira vez, nesses 13 anos, a Sejus participa do Salipi. Queremos, nos próximos anos, continuar participando e colaborando com o incentivo à leitura regular dentro das penitenciárias. A leitura realmente liberta em todos os sentidos”, finaliza o secretário Daniel Oliveira.

Fonte: Sejus