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Projeto de Lei do MPE visa cuidar da cidadania das profissionais do sexo

Uma equipe com profissionais de psicologia, assistência social e outros colaboradores está sendo preparada para ouvir as demandas dessas profissionais.

18/01/2016 07:26

O Ministério Público do Piauí está lançando um projeto pelo cuidado com as prostitutas do estado. Através do NUPEVID (Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar), o MP quer saber as demandas dessas profissionais com relação à saúde, cidadania e principalmente a violência contra a mulher. O promotor Francisco de Jesus Lima encabeça o projeto junto com a delegada Vilma Alves, da Delegacia da Mulher.

O promotor explica que a proposta é orientar prostitutas sobre como se defenderem e denunciarem os agressores. “As mulheres que a gente considera de vida difícil, sofrem violência tanto de agressores, clientes, como da sociedade pela discriminação e preconceito.

Estamos preparando uma equipe com profissionais de psicologia, assistência social e outros colaboradores para ouvir as demandas dessas profissionais e esclarecer que a Lei Maria da Penha é para todas as mulheres, independentemente da atividade que praticam, ninguém pode ser violentado. A partir disso provocamos os órgãos de políticas públicas para atender a essa classe”, explica.

A segunda etapa do projeto pretende organizar ações para sensibilizar as mulheres, bem como toda a sociedade civil e instituições públicas a fim de despertar o reconhecimento das realidades sofridas. “A partir do conhecimento das dificuldades de socialização e preconceito, o projeto visa o enfrentamento de tais circunstâncias e a criação de oportunidade de cidadania, saúde, respeito e dignidade. Faremos isso por meio de parcerias com os órgãos”, expõe o promotor.

“Essa projeto visa a conscientização, mas principalmente resgatar a dignidade dessas profissionais. Elas precisam saber dos seus direitos, porque muitas vezes o preconceito é tamanho que elas se calam diante das agressões, outras pensam que por exercer tal trabalho não podem fazer denúncias”, ressalta o promotor.

O projeto segue uma linha de proteção às mulheres. Através do banco de dados iPenha, desenvolvido no Piauí e pioneiro no Brasil, já se pode perceber a gravidade da violência contra a mulher, que registrou cerca de 8 mil processos, somente em Teresina. Elaborado pela 5ª Promotoria Criminal de Teresina, o sistema tem como objetivo coletar os dados estatísticos reais, para o desenvolvimento de políticas públicas articuladas entre os Estado, distrito Federal, Município e órgão não-governamentais.

“Os processos reunidos até agora no iPenha, mostram que as mulheres idosas são as principais vítimas de violência doméstica na Capital. A violência psicológica é a principal delas, seguida de ameaça e injúria. Estamos indo de encontro com essas realidades”, aponta Francisco. O promotor espera vencer as barreiras das diferenças e buscar essa proximidade com essas profissionais. “Essas mulheres sofrem vários tipos de preconceito pela atividade pela atividade que exercem. Preconceito inclusive na família e em todos os contextos sociais.

No entanto, elas devem entender que elas não tem que sofrer caladas por essas realidades. Essa aproximação vai permitir a formação de ações de inclusão, saúde, educação e cidadania”, reitera. Francisco comenta que espera que o acesso às profissionais seja possível, pois essa é uma tentativa de ajuda. “Existe um receio delas também por conta do preconceito da sociedade e temos que respeitar as que não quiserem discutir esses aspectos. Mas somente ouvindo a demanda, poderemos articular com o poder público no sentido de solucionar as demandas. Por exemplo, sabendo se elas têm filhos, se falta acesso à escola, capacitação profissional e as motivações do trabalho com prostituição.

Além dessas ações, no próximo dia 2 de junho é o Dia Internacional da Prostituta e com isso estamos organizando uma roda de conversa para todos que tiverem interesse de participar.


Por: Pedro Vitor Melo - Jornal O DIA
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