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Primeiro bimestre de 2023 será de tempo irregular no Piauí

Os modelos climáticos mostram que os meses de janeiro e fevereiro devem ter ocorrência de chuvas dentro ou abaixo da média climatológica.

02/01/2023 10:45

O início do ano de 2023 prepara um cenário irregular de chuvas para o Piauí. Diferente do que tem ocorrido nos últimos três anos, as chuvas devem ter volume e distribuição irregular no estado. É o que explica o climatologista Werton Costa. Segundo ele, os modelos climáticos mostram que os meses de janeiro e fevereiro devem ter ocorrência de chuvas dentro ou abaixo da média climatológica.

Foto: Nathalia Amaral/O Dia

O climatologista explica que, embora estejamos no terceiro ano de manifestação da La Niña, um fenômeno climático que se caracteriza pelas águas mais frias do Oceano Pacífico e que geralmente proporciona chuvas abundantes no Nordeste, as chuvas irão depender da contribuição do segundo maior oceano do planeta, o Atlântico. 

“O Oceano Atlântico banha o litoral brasileiro e, para que as condições sejam favoráveis para a ocorrência de chuvas, ele precisa estar quente. Ou seja, O Pacífico deve estar frio e o Atlântico quente. Essa combinação é que faz com que a La Niña empurre a umidade, crie uma mudança na circulação atmosférica, para que a umidade produzida pelo Atlântico quente entre no Nordeste. Essa é a condição para chuva. É uma condição que esteve muito favorável no início de 2022, 2021 e 2020”, afirma. 

Foto: Arquivo O Dia

Segundo o professor, o cenário é diferente neste ano, pois o Oceano Atlântico não está quente. Na verdade, o oceano está passando por um resfriamento, em especial o Atlântico Sul e parte do Atlântico Tropical. Isso reduz o potencial da La Niña e desvia a maior parte das chuvas do Nordeste. 

“Então, quer dizer que não vai ter chuva? Vai sim, porém o que se está desenhando com as previsões, é que nosso início de temporada será bastante irregular. Existe a perspectiva de uma temporada irregular e isso se manifesta na irregularidade do volume, ou seja, você vai ter chuvas volumosas, mas também chuvas escassas. E na irregularidade da distribuição, em alguns lugares vamos ter pouca chuva e em outros lugares muita chuva. Então vamos ter uma diferença de volume e uma diferença geográfica na distribuição desse volume”, explica. 

De acordo com o climatologista, esse cenário irá contribuir para que nem todos os 224 municípios piauienses sejam contemplados com chuva nos meses de janeiro e fevereiro, que já tendem a ser os meses com mais irregularidades. A neutralidade causada pelo Atlântico com águas mais frias, contudo, deve contribuir para uma boa incidência de chuvas na região amazônica.

“Essa neutralidade vai empurrar boa parte das chuvas para a Amazônia. A maior beneficiada por essa condição de Atlântico mais frio é justamente a região amazônica, que vai receber mais chuvas, enquanto uma parte do Nordeste vai ter um quadro de estiagem ou de irregularidade, de tal formas que as nossas chuvas no Piauí vão estar entre normal a abaixo da média, pelo menos para os dois primeiros meses do ano”, aponta.

O climatologista Werton Costa avalia ainda que, caso não haja uma mudança no Atlântico, há a probabilidade da manutenção do quadro de irregularidade de chuvas também para o mês de março, considerado o mês com maior potencial de chuvas para o estado.

Foto: Arquivo O Dia

 “Nós teremos chuvas, mas não teremos chuvas igual os últimos três anos. Isso significa que vai ser um ano de estiagem? Ainda não. O que nós já temos de certeza é que o final de 2023 será de El Niño. A La Niña termina em março, não vai mais existir a partir de maço, e a partir daí entramos na fase neutra com a possibilidade de termos El Niño no final de 2023, que já é uma situação não muito agradável para nós”, finaliza.

Obras de infraestrutura urbana podem reduzir danos causados pela chuva

Com os recorrentes alagamentos provocados pelas chuvas em 2022, a Prefeitura de Teresina precisou fazer investimentos em obras de infraestrutura urbana na Capital. Na zona Leste, uma das regiões mais afetadas pelos alagamentos e enxurradas, a construção de uma galeria já se arrasta há quase uma década. Avaliada em R$ 65 milhões, a próxima etapa da obra, que deve ser retomada após o período chuvoso, deve incluir o trecho entre as avenidas Homero Castelo Branco e a Presidente Kennedy. 

Foto: Arquivo O Dia

Além da obra de drenagem da zona Leste, outras obras estruturantes estão incluídas no orçamento da Capital. Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento (Semplan), somente este ano, foram investidos cerca de R$ 720 milhões em mais de 130 obras em Teresina, incluindo aquelas que já foram concluídas, estão em andamento, em fase de licitação ou estudo. 

Foto: Arquivo O Dia

Ainda de acordo com a Semplan, para 2023, estão previstos investimentos na casa dos R$ 500 milhões para obras e novos serviços. Os recursos são oriundos de parcerias e recursos externos, como financiamentos e investimentos, e devem ser direcionados para as SAADs. Além destes, outros R$ 250 milhões já foram aprovados pela Câmara Municipal de Teresina e estão em fase de negociação com o Banco Regional de Brasília (BRB).

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