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Prefeitura faz repasse a hospital filantrópico, mas atraso chega a três meses

Fundação Municipal de Saúde efetuou o repasse de R$ 350 mil referentes ao mês de janeiro só na semana passada, depois que a energia do hospital foi cortada.

25/04/2017 11:55

Os vereadores Edilberto Borges Dudu e Deolindo Moura, ambos do PT, fizeram uma visita ao Hospital São Carlos Borromeu na manhã desta terça-feira (25) para verificar de perto os prejuízos causados ao atendimento na unidade por conta do atraso nos repasses de recursos federais que são feitos por meio da Fundação Municipal de Saúde (FMS).

Mantido pela Fundação Padre Antônio Dante Civieiro (Funaci), o hospital filantrópico recebe recursos oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS), mas, segundo a diretora-administrativa, Gardênia Maria, desde janeiro a FMS estava sem repassar o dinheiro.

Na última quinta-feira (19), o hospital teve a energia cortada pela Eletrobras Distribuição Piauí, em função do atraso de dois meses no pagamento do serviço.

Vereadores Dudu e Deolindo são acompanhados por diretora do Hospital São Carlos Borromeu durante vistoria (Foto: Moura Alves / O DIA)

Segundo Gardênia, no mesmo dia, depois que o problema foi divulgado pela imprensa, a Prefeitura efetuou o repasse de R$ 350 mil, referentes ao mês de janeiro. Ainda na quinta-feira a energia foi restabelecida no hospital.

A diretora do hospital afirma que a inconsistência dos repasses é o principal problema enfrentado pela unidade, que está sendo obrigada a atrasar o pagamento dos funcionários. "A inconstância dos repasses é o problema mais grave. Apesar de pouco, a gente consegue fazer o trabalho. Sem isso fico tudo mais difícil", afirma Gardênia.

Ela afirma, ainda, que o hospital suspendeu a realização de cirurgias de pequena e média complexidade há três anos, por conta da falta de anestesia. O serviço de odontologia, por sua vez, está sem funcionar há dois anos.

Quase 20 pacientes estavam sendo atendidos no Hospital São Carlos Borromeo no momento em que a energia elétrica foi cortada na quinta-feira. "Nós procuramos suprir como pudemos. Temos um pequeno gerador que atendeu as necessidades. De forma precária, mas conseguimos manter os serviços até que a energia foi restabelecida", detalhou a diretora Gardênia Maria.

O hospital filantrópico atende aproximadamente 1.500 pacientes por mês. Em geral, são pessoas com pneumonia, enteroinfecções, diabetes descompensada, dentre outras patologias. Além disso, a unidade atua como retaguarda da rede municipal, ou seja, pacientes do HUT, por exemplo, depois de atendidos na urgência são encaminhados para o Hospital São Carlos Borromeu. 

Vereadores vão pedir regularização imediata dos repasses

Ao final da visita, os vereadores Dudu e Deolindo disseram que vão solicitar à Prefeitura a regularização de 100% dos repasses que estão atrasados. Além disso, eles querem buscar soluções para que o hospital possa voltar a realizar cirurgias de pequena e média complexidade, bem como para que o setor de odontologia seja reativado.

"O hospital tem uma gestão boa, democratizada, a estrutura física é boa, os funcionários têm empenho nos atendimentos, mas tudo isso precisa de recursos financeiros. A prefeitura está com três meses de atraso, e pagou janeiro na quinta-feira só porque houve esse corte de energia. E o corte de energia se dá porque uma das principais fontes de receita é exatamente esse convênio com o SUS. É preciso ressaltar que Hospital São Carlos Borromeu desafoga o HUT e outros hospitais da rede municipal", protestou Dudu.

FMS diz que depende de liberação do Ministério da Saúde para fazer repasses

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Fundação Municipal de Saúde informou que depende da liberação dos recursos por parte do Ministério da Saúde, a qual só ocorre após o hospital prestar contas de suas atividades.

"O hospital manda o relatório de suas atividades para o SUS, que audita em encaminha o resultado para o Ministério da Saúde. Aí é que o ministério repassa o dinheiro [para a prefeitura]. Enquanto o dinheiro do ministério não chegar, não tem como pagar, porque não tem dinheiro para ser pago [...] Se o hospital atrasar essa prestação de contas, automaticamente o SUS manda as informações com atraso para o Ministério da Saúde, que, consequentemente, atrasa os repasses para a Fundação Municipal de Saúde", explicou a assessoria.

A diretoria do Hospital São Carlos Borromeu, por sua vez, informa que não atrasou o envio do relatório de suas atividades.

Por: Cícero Portela e Ithyara Borges
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