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Prédios abandonados são invadidos, acumulam lixo e causam transtornos

População que mora ou trabalha próximo a estes locais reclama da presença de vândalos e do risco de doenças.

04/05/2016 07:08

Imóveis abandonados causam transtornos em diversos aspectos, tanto à cidade quanto às pessoas que residem ou trabalham nas proximidades. Isto porque, o local fica inutilizado e acaba sendo utilizado para outros fins, como consumo de drogas, esconderijo para assaltantes, entre outros. Além disso, acumulam sujeira, lixo e se tornam possíveis focos do mosquito Aedes aegypti.

Foto: Assis Fernandes/ODIA

Segundo levantamento da Superintendência de Desenvolvimento Urbano da região Leste (SDU/Leste), o número de notificações de prédios e imóveis residenciais, nos anos de 2015 a 2016, somam 40, levando em consideração os imóveis de aluguéis e outros com problemas de inventário (herança familiar). Já o número de notificações de condomínios ou prédios, entre outros empreendimentos abandonados por construtoras somam apenas cinco.

Contudo, circulando pela zona Leste de Teresina, considerada a área nobre da cidade, é possível encontrar diversos prédios que estão com as obras inacabados, sem a presença de operários e cobertos por mato e lixo, além de pichações.

Um desses empreendimentos fica localizado no cruzamento das ruas Elias João Tajra e Tabelião José Basílio. O prédio está com a calçada coberta por mato, lixo e não possui qualquer placa informando a empresa responsável pela obra. Outro detalhe que chama atenção é que, mesmo com portões e grades, o imóvel está completamente pichado, inclusive nos últimos andares.

Francisco Luiz Souza é vigilante de uma loja que fica localizada em frente ao prédio. Ele conta que trabalha no local há seis anos e que, em todo esse período, nunca houve indicativos de que a obra seria retomada. “O prédio já estava parado quando eu comecei a trabalhar aqui e nunca mais apareceram. Vieram apenas na semana passada, para retirar uns andaimes que estavam muito comprometidos e enferrujados, e eu até me perguntei se iam retomar a obra de novo”, disse.

Para ele, o prédio estar abandonado acaba trazendo transtornos a quem reside ou trabalha próximo ao local. Segundo Francisco Luiz Souza, durante os finais de semana e à noite, vândalos invadem o local para fazer pichações “e fazendo outras coisas que ninguém sabe. Sempre entram pessoas aí, até estudantes, e se entra em um prédio assim, é porque não vai fazer coisa boa”, fala.

O vigilante ainda pontua que a empresa responsável pela obra deveria, pelo menos, providenciar a limpeza do local, no intuito de diminuir a quantidade de lixo espalhado pela calçada e evitar possíveis focos de dengue.

Outro caso

O mesmo ocorre em outro prédio abandonado, desta vez entre a Avenida Dom Severino e Rua Rubi, também na zona Leste. O enorme prédio não possui qualquer placa indicando a qual construtora pertence, nem indicativos de que a obra será retomada. O imóvel está murado; contudo, uma parte da madeira que impedia a entrada no local foi derrubada, tornando livre o acesso ao interior do empreendimento.

O local está coberto por mato e muita sujeira. Dentro do imóvel, há resto de alimentos, roupas e indícios de que o prédio é constantemente utilizado, assim como as paredes, que estão repletas de pichações. A calçada também foi invadida por mato, obrigando os pedestres a desviarem e andaram pela rua.

Resposta

De acordo com a SDU/Leste, o controle e fiscalização do órgão atua no sentindo de identificar os proprietários destes imóveis, que serão notificados para tomar as devidas providências, incluindo limpeza, construção de muro e calçada se for o caso, como rege o Código de Postura do Município. A equipe de reportagem do Jornal ODIA tentou contato com as construtoras dos respectivos prédios abandonados citados na matéria, contudo, as ligações não foram atendidas.

Professora compra apartamento na planta e construtora abandona obra

A professora Cyntia Raquel de Sousa Lopes teve que adiar o tão esperado sonho da casa própria. Em 2013, ela começou a pagar por um apartamento que tinha previsão de ser entregue no início deste ano; contudo, a construtora decretou falência e a obra ficou paralisada. Cyntia Raquel conta que uma nova empresa assumiu a construção do edifício, com garantia de entrega para junho do próximo ano.

Enquanto a nova empresa não iniciava as obras, o empreendimento ficou completamente parado e abandonado por meses, sem expectativa de que a construção seria reiniciada. Um transtorno para as mais de 100 pessoas que compraram um apartamento neste empreendimento. Outro detalhe ainda chamou a atenção de Cyntia Raquel: a falta do registro de incorporação imobiliária - autorização indispensável para a comercialização de um condomínio na planta ou em construção.

“Nós fomos procurados pela nova imobiliária que disse que a garantia do registro seria feita se todo mundo mantivesse seus contratos com a construtora. Eu acho que eles não foram honestos, porque tinha que ser o contrário, eles tinham que conseguir o registro e, aí sim, falar conosco, para ver se ainda queríamos manter os contratos. Como eu particularmente não acredito que eles vão cumprir o prazo e não confio mais, entrei na Justiça querendo o dinheiro de volta, e vou receber o valor dividido em parcelas”, disse.

Para ela, além do transtorno de ter as obras paradas por vários meses, o maior prejuízo, além do financeiro, foi o desgaste físico e emocional que ela sofreu. “É um transtorno, porque a gente fica com o psicológico abalado, além do dinheiro que foi investido, o tempo que perdemos, o que planejamos. Hoje eu sou casada, moro com a família do meu esposo, mas era para eu ter a minha casa, o meu lar”, desabafou.

A equipe de reportagem do Jornal ODIA tentou contato com a construtora do empreendimento, mas até o fechando desta matéria as ligações não foram atendidas.

Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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