Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Piauí foi o Estado que mais destruiu a Mata Atlântica, releva estudo

Fundação vai solicitar a proibição de desmatamento no Estado por cinco anos.

11/11/2015 10:15

A expansão do cultivo de grãos no Sul do Piauí foi a responsável pelo desmatamento de 5.626 hectares da Mata Atlântica entre 2013 e 2014, colocando o Estado em primeiro no ranking dos que mais destruíram este bioma. Somente no município de Eliseu Martins foram perdidos 4.287 hectares, o que representa 23% do total dos desflorestamentos no período.


Em azul, Estados que reduziram o desmatamento. Em vermelho, indicação de aumento em relação a 2012-2013

O Atlas dos Municípios da Mata Atlântica foi lançado nesta quarta-feira (11) pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O estudo, com patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan, apresenta também um consolidado dos últimos 14 anos.

Entre 2000 e 2014, as cidades do Piauí com números mais expressivos de desflorestamento entre são Eliseu Martins (5.170 ha), Manoel Emídio (3.164 ha) e Alvorada do Gurguéia (2.460 ha). Considerando o período de 2013 a 2014, além de Eliseu Martins, mais dois municípios integram o ranking dos 10 que mais destruíram a Mata: Canto do Buriti e Pavussu.

Este é o segundo ano consecutivo que o Atlas observa padrão de desmatamento nos municípios ao sul do Piauí, onde se concentra a produção de grãos. No período anterior, entre 2012 e 2013, foram desmatados 6.633 ha em municípios da mesma região, com destaque para Manoel Emídio (3.164 ha) e Alvorada do Gurguéia (2.460 ha).

Para Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do Atlas pela organização, esses dados são importantes por se tratar de uma região de fronteira agrícola e uma área de transição entre a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga. “Essas são áreas incluídas no Mapa de Aplicação da Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/06), que protege seus ecossistemas associados e deve ser cumprida”, destaca Hirota.

Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica declarou que a instituição vai solicitar a proibição dodesmatamento de floresta nativa durante cinco anos no Piauí. “Sabemos que a expansão agrícola é um importante ativo econômico para o Brasil, mas não podemos continuar a conviver com um modelo de desenvolvimento às custas da floresta nativa e de um Patrimônio Nacional. Nossa sociedade não aceita mais o desmatamento como o preço a pagar pela geração de riqueza”, disse.

Preservação

Enquanto alguns municípios do Piauí promovem o desmatamento, outros lideram o ranking dos que mais preservaram a Mata Atlântica. São Tamboril do Piauí e Guaribas, com 96% de área preservada. Aparecem na lista ainda João Costa (91%), na 4ª posição, e Caracol (89%), em 5º lugar. A vegetação natural inclui, além das florestas nativas, os refúgios, várzeas, campos de altitude, mangues, restingas e dunas.

Neste ano, os dados atualizados e o histórico das cidades abrangidas pela Lei da Mata Atlântica poderão ser acessados no hotsite ‘Aqui Tem Mata’, que será lançado nesta semana e apresentará de forma simples e interativa as áreas remanescentes de Mata Atlântica no país. Com opções de busca por localidade, mapas interativos e gráficos, a ferramenta está disponível para web, tablets e celulares, permitindo que os dados estejam acessíveis a qualquer usuário e possam ser reutilizados com finalidades de educação e defesa da proteção da floresta.

Por: Nayara Felizardo, com informações da Fundação SOS Mata Atlântica
Mais sobre: