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Piauí Cap estuda nova modalidade de resgate do Título de Capitalização

Grupo Promobem é alvo de investigação da Polícia Federal.

07/07/2015 12:44

Após receber autorização da justiça para voltar ao mercado, o grupo Promobem, responsável pelo Piauí Cap, ainda não tem data para começar a atuar no Estado. A empresa avalia uma nova modalidade de resgate do Título de Capitalização para evitar novos questionamentos judiciais.

A Operação Trevo foi deflagrada no dia 12 de novembro. A Polícia Federal investigava um esquema comandando pela empresa Pernambuco dá Sorte, com ramificações em oito estado, um deles o Piauí. O dinheiro arrecadado com a compra dos títulos de capitalização deveria ser destinado a instituições filantrópicas, mas grande parte ia para uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) em Belo Horizonte, o Instituto Ativa Brasil.

Fotos: Maria Clara Estrêla e Assis Fernandes/ODIA


Segundo o advogado do Grupo Promobem, Ademar Rigueira, a empresa está passando por uma reestruturação. “Muitos funcionários foram demitidos e ficamos quase seis meses parados, então precisamos fazer uma reavaliação e saber qual modalidade os títulos vão retornar, se é a mesma anterior ou se vamos adaptar”, disse o advogado.

Antes de ter as atividades suspensas, o PiauíCap firmava convênios de repasse de recursos junto a diversas outras entidades assistenciais. O comprador da cartela não poderia resgatar o Título de Capitalização porque autorizava esse direito, automaticamente, ao Instituto Ativa Brasil, que deveria repassar os valores para ajudar entidades filantrópicas.

No dia 23 de novembro do ano passado, uma matéria exibida pela Rede Globo denunciou o que seria um esquema de lavagem de dinheiro. Ao invés de destinar às instituições filantrópicas 50% do valor do Título de Capitalização, como prometiam, apenas uma pequena parte realmente chegava.


Para Ademar Rigueira, houve uma interpretação equivocada e agora a empresa está agindo junto ao Ministério Público Federal para definir que título de capitalização será colocado no mercado novamente. “O grande entrave de voltar com a proposta de regaste do título para a instituição filantrópica foi a interpretação dada inicialmente. Existe intenção de continuar ajudando as entidades, mas não queremos nenhum risco de interpretação equivocada”, declarou o advogado.

De acordo com informações da assessoria de comunicação do Grupo Promobem, quanto mais cartelas fossem vendidas, maior era o percentual repassado para as entidades. “O Instituto Ativa promovia campanhas publicitárias de divulgação do sorteio, custeando a compra de espaços publicitários nos jornais, rádios e TV´s do Piauí. Por isso os valores dos repasses variavam de um sorteio para o outro. No período de janeiro a outubro de 2014, valor aproximado das doações foi de R$ 143.000,00 e de janeiro a outubro de 2014, valor aproximado de mídia social foi de R$ 172.000,000”, diz a nota enviada ao PortalODIA.

As cartelas do Piauí Cap custavam R$ 5,00 e eram vendidas em todo o Piauí e em algumas cidades do Maranhão. Os sorteios dos prêmios, que aconteciam todos os domingos, variavam entre motos, carros, sítios e valores em dinheiro.

Entidades apoiadas recebiam em média R$ 2 mil por mês

No Piauí, eram beneficiadas a Fundação Ivan de Assunção, a Sociedade de Apoio aos Deficientes Físicos (SOADF), a Associação de Judô Expedito Falcão (AJEF), a Associação Lar da Esperança, a Casa Frederico Ozanan e o Lar de Maria.

O PortalODIA tentou contato com todas as instituições, mas não conseguiu falar com os responsáveis pela Fundação Ivan de Assunção, a Sociedade de Apoio aos Deficientes Físicos (SOADF), a Associação de Judô Expedito Falcão (AJEF). As demais entidades informaram que recebiam, em média, R$ 2 mil por mês.


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Segundo a técnica de enfermagem da Associação Lar da Esperança, Francisco Leonildes, o Piauí Cap pagava a energia e fazia doações constantes de brindes de valores mais altos, como televisão e computador. “Eles também nos davam material de limpeza em grandes quantidades e ajudavam nas festas que realizávamos”, disse a técnica. A instituição cuida de pacientes com o vírus HIV.

Na Casa Frederico Ozanam, a diretora Francisca Sales também confirma o recebimento mensal de R$ 2 mil, além do patrocínio das festas anuais. “Era com esse dinheiro que eu pagava a energia. Eu chorei quando eles saíram”, relata a diretora do abrigo para idosos.

Gracinha Andrade, responsável pelo Lar de Maria, recebia R$ 2.500 por mês, que ajudava no custeio da casa que apoia o tratamento de crianças com câncer. “Sentimos muita falta, porque esse era um dinheiro que tínhamos sempre no final do mês e nos ajudava bastante”, afirma Gracinha.

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