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Perdoado pela Igreja Católica, aborto ainda é considerado tabu

Decisão de Papa Francisco de estender aos párocos a absolvição da prática do aborto tem dividido opiniões. Padre fala em "misericórdia à frente da miséria humana".

27/11/2016 07:48

No dia 20 deste mês, o Papa Francisco divulgou a carta apostólica “Misericordia et Misera", onde autoriza permanentemente todos os sacerdotes católicos a absolverem pessoas envolvidas com a prática do abordo, sejam mulheres ou profissionais da saúde, desde que decidam se confessar e tenham se arrependido.

Por ser considerado um pecado de grande gravidade, a absolvição somente era feita por um bispo. Inicialmente, o papa decidiu estender tal faculdade a todos os padres de forma temporária, como parte do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que começou em 8 de dezembro de 2015 e terminou também no último dia 20.

A decisão do Papa Francisco tem dividido opiniões. Contudo, segundo o padre Anderson Lopes, pároco da diaconia Vila Irmã Dulce, na carta apostólica o Papa fala da misericórdia à frente da condição de miséria dos pecados do homem.


Decisão do Papa Francisco tem dividido opiniões acerca do tema

“Essa faculdade que ele deu a todos os padres é por tempo indefinido e alargou mais essa permissão de perdão. No documento ele reafirma a gravidade desse pecado e reafirma que o aborto é um grave pecado porque põe fim a uma vida e uma mente, todavia, não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar”, disse.

O padre ressaltou que essa foi uma escola da Igreja Católica de experimentar a misericórdia, e que cada sacerdote deve oferecer apoio e conforto no acompanhamento dos penitentes. O religioso explicou ainda que a decisão também estendesse às pessoas que estão relacionadas diretamente ao aborto cometido, como médicos. Entretanto, ele destacou que os casos precisam ser avaliados de maneira isolada. Isso porque os médicos, antes de mais nada, são profissionais que se comprometeram em salvar as vidas das pessoas, seja ela quem for.


Antes,o perdão só era dado pelos bispos ou confidentes especiais da Igreja; agora, quem fizer aborto não será mais excomungado (Foto: Moura Alves/O Dia)

“Evidentemente que cada situação pede um esclarecimento e não podemos dar uma resposta universal a todos esses problemas. O médico tentou salvar uma vida, mas não dá para dizer até onde ele pecou, porque vai muito da consciência de cada profissional. Ele vai lutar para salvar as duas vidas, a da mulher e da criança, mas se só conseguir salvar a da mãe, ele ainda sim vai estar salvando uma vida”, relatou.

Segundo o padre Anderson Lopes, “neste momento o Papa nos dá a disposição que nós sacerdotes possamos acolher com muita misericórdia as mulheres que de alguma forma sofrem ao levar um sofrimento por conta de um aborto em algum contexto em sua vida. Atrás de uma situação como essa se esconde muito medo de ser julgada, do preconceito, a fragilidade, e isso expõe a marca na alma, porque fica uma sequela. Algumas carregam esse pecado como um fardo exatamente por falta de liberdade e até de conhecimento, por isso a importância de dar essa faculdade aos padres e sacerdotes para poderem absorver essa mulher que praticou o aborto”, finalizou.

Por: Isabela Lopes - Jornal O Dia
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