Uma obra muito esperada
pelos moradores que residem
no bairro Pedra Mole, na zona
Leste de Teresina, é o asfaltamento
da Avenida Josué de
Moura Santos, principal via de
ligação do bairro com a zona
Norte da cidade. Porém, há
cerca de um mês, a execução
do serviço foi suspensa, as máquinas
foram retiradas do local
e o que sobrou foi apenas muita
poeira e reclamação de quem
precisa passar por ali.
Como a poeira é muito intensa,
motoristas de ônibus, de
carro, caminhão e motociclistas
precisam utilizar máscaras para
proteger o rosto, assim como
os pedestres que transitam pela
via. O impacto também pode
ser observado na vegetação que
fica ao lado da avenida, que está
avermelhada e coberta pela fina
camada de poeira.
O pedreiro Raimundo Nonato
de Sousa conta que a situação
no bairro está um caos.
Segundo ele, a Prefeitura de
Teresina parou a obra há pouco
mais de um mês e deixou os
moradores da região no prejuízo,
principalmente quem reside
próximo da Avenida Josué de
Moura Santos.
Foto: Andrê Nascimento/O Dia
Antônia Alves tenta minimizar os danos respiratórios
“Aqui perto tem uma escola
e as crianças sofrem muito.
Os moradores já reclamaram,
fizeram manifestação, queimaram
galhos de árvores, mas não
adiantou nada, nunca deram
jeito nem resposta e, enquanto
isso, ficamos à mercê. Outra
coisa é esse buraco enorme
que, vira e mexe, alguém cai
dentro”, disse.
Segundo Raimundo Nonato,
à noite, a situação é ainda mais
complicada, vez que a visibilidade
dos motoristas fica reduzida
e as chances de um acidente
aumentam. Além disso, com a via completamente danificada,
os criminosos aproveitam
para agir. “Quando a gente
reduz a velocidade para passar
nos buracos, eles se aproximam,
encostam na gente e nos
roubam”, acrescenta.
A vendedora aposentada Antônia
Alves de Freitas Nascimento
reside no bairro Pedra
Mole há mais de 30 anos e fala
dos prejuízos que a obra inacabada
tem trazido para os moradores,
principalmente para
as crianças e pessoas com deficiência.
Ela trabalha em frente
à escola do bairro e disse que
todos estão ficando doentes,
gripados e com problemas respiratórios.
“Nós não estamos mais
aguentando. Aqui têm pessoas
deficientes, inclusive uma
criança que se alimenta por
sonda e respira com ajuda de
aparelho e a mãe não aguenta
mais. A criança não dorme
à noite, precisa fazer inalação
além da quantidade recomendada
porque não consegue respirar”,
desabafa.
Para tentar se prevenir de adquirir
alguma doença respiratória
por conta da poeira, Antônia
Alves trabalha usando uma
máscara no rosto que, apesar
de não ajudar muito, ameniza
a inalação de resíduos. A moradora
conta ainda que chegou a
ir, por diversas vezes, à Superintendência
de Desenvolvimento
Urbano, mas não recebeu informações
de quando a obra poderia
ser concluída.
Ela questiona também a pavimentação
de trechos em que
não há moradores e, nos locais
mais urgentes, como em frente
às residências e da escola, as
obras não avançaram. “Eu queria
saber porque fizeram em
locais onde não tinham casas
e em locais onde há pessoas
morando não fizeram e deixaram
a gente nesse sofrimento.
Eles jogaram terra por cima do
asfalto e, quando os carros passam,
sobe a poeira. Se fosse para
começar, não terminar e deixar
essa poeira para nós, era melhor
ter deixado do jeito que estava.
Tudo bem que a gente precisa
melhorar a avenida, mas quem
tem paciência com uma poeira
dessa”, reclama a moradora.
Por: Isabela Lopes - Jornal O Dia