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O forró pé de serra de Maciel Melo em destaque no Artes de Março nesta quarta

Dando sequência ao tema Nordeste, o Artes de Março traz o melhor do ritmo que não deixa ninguém parado.

16/03/2016 07:24

Com o tema “Pelos Sertões”, o Festival Artes de Março abre espaço para a cultura nordestina entrar em cena. As apresentações de shows musicais estão acontecendo no mall do Teresina Shopping, reunindo nomes consagrados desse cenário. Na valorização da produção regional, a programação hoje recebe Maciel Melo, artista do sertão pernambucano e reconhecido no cenário nacional.


Natural da cidade de Iguaraci, Maciel Melo é visto não apenas como um cantor e compositor. Ele, que recriou o forró nos anos 90, tornou-se uma referência da música nordestina, cuja estrutura revolucionou a partir do xote Caboclo sonhador, popularizado por Flávio José e Fagner, e pelo próprio autor. O primeiro disco de Maciel Melo foi lançado em 1989, de nome “Desafio das Léguas”. Na estreia o artista sabia que a caminhada não seria fácil. Um trabalho ousado para um desconhecido. O trabalho contou com a participação de Vital Farias, Xangai, Dominguinhos, e Décio Marques, em um reconhecimento ao talento de Maciel.

Assim como “Baião” foi composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira num prédio comercial no Centro do Rio, “Caboclo sonhador” foi feita por Maciel Melo no Centro de São Paulo, onde passou algum tempo. O sucesso surgiu em um dia que lhe vontade de voltar ao Nordeste, saudades da família, e, sobretudo, a resistência para não se enquadrar num emprego convencional e largar a música.

Com o passar dos anos, Maciel Melo foi aperfeiçoando sua poesia de repente. Se aprimorou não apenas como um melodista e letrista, mas também como um grande cantor, e não só de suas próprias composições. O artista faz releituras de “O Menino e os Carneiros”, de Geraldinho Azevedo e Carlos Fernando, “Fuxico” de Dinho Oliveira, “Flor mulher” de Aracílio Araújo e Pinto do Acordeom e “Serrote Agudo” de José Marcolino (interpretada da forma como foi composta originalmente, antes de Luiz Gonzaga gravá-la, um aboio, a capella), ou “Chororô”, de Gilberto Gil.

O forró pé de serra de Maciel Melo não se limita à sanfona, zabumba e triângulo. Vale-se também de violão com baixaria, sopros, cavaquinho e até banjo. O artista também não dispensa a violão ou guitarra elétrica, nem deixa de reverenciar a música urbana do litoral.

Mas não é só a instrumentação que marca o trabalho de Maciel Melo. A temática de suas letras é fundamental para a continuidade do forró que tem bases em Luiz Gonzaga. Em suas músicas, as alegrias e desventuras do amor, o lúdico e a poesia da cantoria de viola, que é o DNA do forró, estão presentes. Seu forró abriga diversos ritmos, do baião ao xenhenhem, xaxado, torrado, arrasta-pé e rojão. E assim se faz sua música, atemporal.

Além das atrações musicais, que continuam ao longo da semana, o Artes de Março conta com as exposições “Nos Sertões dos Poetas” do artista Marcos Pê e “Santo Sertão” de Sérgio Carvalho. Marcos Pê mostrará o sertão em cores, tintas e versos e Sérgio Carvalho apresentará a religiosidade em torno de Padre Cícero.


Por: Yuri Ribeiro - Jornal O DIA
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