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Mais de 100 famílias aguardam definição de doação de terreno na zona Leste

Famílias estão morando há mais de um ano em um terreno invadido no bairro Vale do Gavião e já constroem casas de tijolos.

22/09/2016 08:00

Há mais de um ano e meio, cerca de 100 famílias ocupam um terreno no bairro Vale do Gavião, zona Leste de Teresina. Segundo os moradores da Comunidade Alto do Vale, o local estava desocupado e, como eles não tinham para onde ir, decidiram por invadir. Porém, a população que se instalou na terra tem sofrido, diariamente, com o medo de ser despejada. 

De acordo com a moradora e uma das coordenadoras da invasão, Ana Márcia dos Santos Carvalho, de 32 anos, o terreno pertencia a um empresário que faleceu e, como não havia documento informando que a propriedade lhe pertencia, seu flho decidiu doá-lo aos moradores que invadiram. 
“Quando o flho do dono soube da invasão, ele veio aqui conversar com a gente, mas viu que não tinha mais o que fazer. Então, foi na Prefeitura e viu que o terreno estava para doação. Depois dessa notícia, estamos até mais aliviados e reconhecendo a documentação das pessoas que moram aqui para, quando a Prefeitura vir fazer a regularização, a gente ter como provar que não tem condições de ir para outro lugar”, disse. 
Porém, Ana Márcia destaca que o medo de serem despejados é frequente, sobretudo por não terem uma garantia de que o terreno será doado, de fato, para as famílias. Ela cita também que os moradores já ergueram as casas com barro e pau a pique, já outros estão construindo com tijolos; contudo, temem que possam ser removidos e tenham feito um investimento em vão. 

Maria dos Milagres está grávida e não tem onde morar (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

“Aquela pessoa que tem um trabalho mais fxo vai erguendo aos poucos, colocando um tijolo aqui e outro ali. A gente vai arriscando construir, esperando que não derrubem, porque já não temos dinheiro e, o pouco que tem, ser derrubado é muito triste”, fala. Os próprios moradores estão se organizando e fazendo um cadastro de quantas famílias estão ocupando o terreno, assim como a situação econômica de cada uma delas. 
“Tem muita gente que ganha apartamento, casa e não precisa, e quem mora aqui é porque realmente não tem para onde ir. Eu morava em uma casa também invadida em José Freitas e passei muita necessidade lá; então, vim para cá. Eu sobrevivo vendendo dindin e fazendo faxina e é com isso que sustento meu flho de dois anos e, em breve, mais dois flhos meus vão vir morar comigo. Quando regularizar, vai ser muito bom para todo mundo”, acrescenta a moradora Ana Márcia. 
Maria dos Milagres dos Santos Carvalho, de 36 anos, é irmã de Ana Márcia e também está ocupando um trecho do terreno. Grá- vida, ela conta que não tem onde morar e recorreu à invasão como sendo a única alternativa para conseguir uma moradia para ela e seu flho. “Eu morava na casa da minha outra irmã, mas ela fcava só pedindo de volta; então, eu vim para cá, casei e agora estou grávida”, relata. 
Outro lado 
Por sua vez, a Superintendência Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Semduh) informou que não há nenhum processo aberto na Secretaria sobre o terreno particular. Para a regularização ser efetivada, a Coordenação tem que ser acionada, mas isso não aconteceu ainda
Moradores temem ser despejados novamente 
A situação do sucateiro Luiz Rodrigues, de 58 anos, é um pouco mais complicada. Ele e outras dezenas de famílias invadiram um terreno, também na região do Vale do Gavião, que pertence à Prefeitura de Teresina e, diferente do lote ao lado, não está para doação. Ele conta que os moradores chegaram a ser despejados e tiveram suas casas derrubadas por tratores três vezes. 

Famílias erguem moradias de taipa e pau a pique para morar (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

“Disseram que não podíamos ficar aqui porque o terreno seria usado para construir um hospital, depois uma praça, depois falaram que era área de risco e que não podíamos ficar. Mas como não fizeram nada, acabamos voltando, porque não temos para onde ir”, disse. 
O sucateiro enfatizou que morava de aluguel e não tem para onde ir. A casa de barro, que ele ergueu, serve de moradia e depósito par guardar suas sucatas, que é sua única fonte de renda. “Eu espero que dê tudo certo, que alguém da Prefeitura diga que podemos continuar aqui e que não seremos retirados das nossas casas”, finaliza Luiz Rodrigues. 
Contraponto
 Em nota, a Superintendência de Desenvolvimento Urbano da zona Leste (SDU/ Leste) informou que uma equipe de fiscalização já está ciente da situação no bairro Vale do Gavião. Em abordagem anterior, os invasores foram retirados de forma pacífica e informados que a área ocupada é de domínio da Prefeitura de Teresina. No momento, a SDU/Leste está mobilizando uma equipe para efetuar o monitoramento e controlar a invasão.
Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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